Com mais de dez boletins de ocorrência em seu nome, Andreia Cardoso de Jesus Santos, de 35 anos, é investigada por uma série de furtos cometidos em residências onde atuava como diarista. De acordo com o chefe do Departamento de Investigações Criminais (DEIC), o Delegado Gabriel Monteiro, o prejuízo estimado ultrapassa R$ 500 mil.
O que chamou a atenção das autoridades é o modo como ela se infiltrava nos lares das vítimas: usando identidades falsas e se passando por profissionais que haviam sido realmente contratadas por aplicativos ou empresas especializadas em serviços domésticos.
Conforme as investigações, o esquema da criminosa envolvia, além do roubo de joias, fotografar cartões bancários e documentos das vítimas durante os atendimentos. Com esses dados, ela causava prejuízos financeiros e ainda utilizava as informações para se cadastrar, com nomes de terceiros, em plataformas de prestação de serviço. Dessa forma, conseguia aplicar novos golpes em aplicativos e sites diversos.
Ao menos três casos seguiram esse mesmo padrão. Em um deles, Andreia furtou documentos da vítima e usou os dados para abrir cadastros falsos. A mulher chegou a utilizar o nome de uma diarista real, em um golpe recente que levou ao furto de cerca de R$ 20 mil em joias em uma residência no bairro Itapuã, em Vila Velha. Embora as duas se conhecessem, a polícia não encontrou indícios de cumplicidade. O caso segue em investigação para descobrir como o nome dela foi parar nos sistemas de cadastro utilizados por Andreia.
Como a criminosa era identificada pelo aplicativo por outro nome, e no site especializado não constava foto, a dona da casa confiou e não percebeu que seria um golpe. Nesse caso, a falsa diarista chegou à casa da vítima por volta das 8h e deixou o local pouco antes das 11h, alegando que o filho havia passado mal.
Logo depois, a moradora percebeu o sumiço das joias. Ao entrar em contato com a empresa responsável, descobriu que a verdadeira diarista, era outra pessoa — que não esteve na residência naquele dia. Após denúncia da vítima nesse último caso, a investigação da Polícia Civil conseguiu antecipar mais um golpe e a prendeu em flagrante quando se preparava para cometer o mesmo crime em outra residência.
Além do prejuízo financeiro, existiu um prejuízo sentimental, já que uma das joias roubadas era da bisavó da vítima.
As joias furtadas no caso de Itapuã foram encaminhadas a um comerciante irregular, e agora ele foi indiciado por receptação qualificada, crime com pena de dois a oito anos, porém ainda não foi preso. A polícia agora apura se ele faz parte de um esquema mais amplo de revenda de objetos roubados. Pesa contra ele, segundo a polícia, fato de ter entregado uma joia que não fazia parte das que haviam sido roubadas em Itapuã, e sim de outra ação criminosa.
Em dois dos casos já registrados, Andreia teria causado prejuízos significativos: em um deles, foi denunciada por um furto de R$ 100 mil; em outro, o valor somou R$ 120 mil. Somados aos demais episódios sob investigação, os crimes atribuídos à diarista já totalizam, no mínimo, meio milhão de reais em prejuízos às vítimas, segundo estimativas da Polícia Civil.
No momento em que foi presa, Andreia demonstrou frieza e ironia, perguntando aos policiais se iria “ficar famosa” e se apareceria na televisão. Ela responderá por furto qualificado e pelo artigo 307 do código penal (quando se passa por uma pessoa para causar prejuízo ou ganho impróprio) crimes que podem render penas de 2 a 8 anos de prisão — o que pode resultar em até 50 anos de prisão se somadas todas as acusações.
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