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Distribuidora de bebidas era usada para lavar dinheiro do tráfico no ES

Distribuidora de bebidas era usada para lavar dinheiro do tráfico no ES

Chefe da facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP) foi preso nesta quinta-feira (21) em um apartamento em Vila Velha

Publicado em 21 de julho de 2022 às 17:54

Ícone - Tempo de Leitura 3min de leitura
Júlia Afonso
Repórter / [email protected]

Para tirar o dinheiro sujo das mãos, o chefe do tráfico da região da Grande Santa Rita, em Vila Velha, usava uma distribuidora de bebidas e uma loja de roupas femininas registradas em nome de um laranja, de acordo com a Polícia Civil. Wende Oliveira de Almeida, de 26 anos, foi preso em uma operação nesta quinta-feira (21), junto a oito integrantes da organização criminosa que ele comandava, o Terceiro Comando Puro (TCP).

"Eles pegam esse dinheiro sujo, transformam em dinheiro limpo e inserem novamente na organização. Aí já começam a arrecadar armas de fogo melhores, compram mais drogas. Tudo isso vai causando fortalecimento do grupo, e, consequentemente, eles querem assumir mais bocas de fumo, causando mais homicídios. É um efeito em cascata", pontuou o delegado Alan de Andrade, adjunto da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha.

"LARANJA" EM PORTUGAL

De acordo com o chefe do Departamento Especializado de Homicídios e Proteção à Pessoa (DEHPP), o laranja usado no registro das lojas mora em Portugal há dois anos, mas o nome dele não foi revelado pela polícia. "Visitamos os estabelecimentos, mas não tínhamos autorização para fechá-los. Seria outro procedimento para caçar esse CNPJ, mas seguimos investigando", explicou o delegado Romualdo Gianordoli.

A PRISÃO

Líder de organização criminosa foi preso em prédio de alto padrão de Vila Velha
Fachada de prédio em que chefe do tráfico foi preso. (Rodrigo Gomes)

Wende Oliveira de Almeida foi capturado em um prédio numa região de alto padrão em Itaparica. Além dele, a esposa, cunhado e um tio foram presos. Apesar de ordenar diversos ataques realizados pela facção, o chefe era cuidadoso: nenhuma arma foi encontrada na casa dele.

Aspas de citação

É muito difícil prender uma liderança como essa porque não costumam guardar flagrante. Eles não têm que pegar em armas, não fazem ataques diretamente, apesar de comandarem todos. Conseguimos chegar no núcleo específico deles: familiares, quem lava dinheiro. Realmente desarticulamos os principais integrantes da quadrilha

Delegado Romualdo Gianordoli
Chefe do DEHPP
Aspas de citação

OPERAÇÃO "OBITUARY"

Delegados da Polícia Civil em coletiva sobre a Operação Obituary
Da esquerda para direita: titular da DHPP de Vila Velha, delegado Tarik Souki; chefe do DEHPP, delegado Romualdo Gianordoli; delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda; secretário de Estado da Segurança Pública, coronel Márcio Celante; superintendente de Polícia Especializada (SPE), delegado José Lopes; adjunto da DHPP de Vila Velha, delegado Alan Moreno de Andrade. (Júlia Afonso)

A operação "Obituary" cumpriu 20 mandados de busca e apreensão e prendeu nove pessoas, sendo duas delas em flagrante. Além de Wende e familiares, a polícia conseguiu capturar o gerente do tráfico da boca conhecida como "Pingo D'água", em Alecrim, e o chefe do tráfico de Jardim Marilândia, todos eles integrantes da facção TCP.

Na casa de Wende, foram apreendidos dois carros: um Honda Civic e um Toyota Corolla. Em outros endereços da gangue, a polícia encontrou quatro armas, sendo dois revólveres de calibre 32, um de calibre 38 e uma pistola 635. Mais de R$ 15 mil em espécie também foram recolhidos durante as buscas.

Algumas das armas apreendidas com integrantes de facção criminosa de Vila Velha. (Júlia Afonso)

FOTOS DE CORPOS, A PRÁTICA PERVERSA

Os atiradores do TCP eram frios: para comprovar que os homicídios foram realmente consumados, eles costumavam enviar fotos dos corpos de rivais assassinados para o chefe da facção. Daí o nome da operação, batizada de "Obituary", que, em inglês, significa "obituário".

"Esse grupo é muito violento, age geralmente com vários indivíduos dentro do veículo. Vários descem do carro, e eles não utilizam apenas uma arma, costumam usar metralhadoras. Há relatos até de fuzil na região", disse o delegado Andrade.

Além das fotos dos mortos, eles ostentavam armas. "Eles ostentavam muito armamento, mas o específico dessa facção é que eles gostavam de mandar as fotos dos alvos que eles conseguiam abater, e dava para ver que era uma foto tirada por quem tinha matado, porque dava para ver que ainda não tinha perícia no local e nem isolamento", completou Gianordoli.

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