Para tirar o dinheiro sujo das mãos, o chefe do tráfico da região da Grande Santa Rita, em Vila Velha, usava uma distribuidora de bebidas e uma loja de roupas femininas registradas em nome de um laranja, de acordo com a Polícia Civil. Wende Oliveira de Almeida, de 26 anos, foi preso em uma operação nesta quinta-feira (21), junto a oito integrantes da organização criminosa que ele comandava, o Terceiro Comando Puro (TCP).
"Eles pegam esse dinheiro sujo, transformam em dinheiro limpo e inserem novamente na organização. Aí já começam a arrecadar armas de fogo melhores, compram mais drogas. Tudo isso vai causando fortalecimento do grupo, e, consequentemente, eles querem assumir mais bocas de fumo, causando mais homicídios. É um efeito em cascata", pontuou o delegado Alan de Andrade, adjunto da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha.
De acordo com o chefe do Departamento Especializado de Homicídios e Proteção à Pessoa (DEHPP), o laranja usado no registro das lojas mora em Portugal há dois anos, mas o nome dele não foi revelado pela polícia. "Visitamos os estabelecimentos, mas não tínhamos autorização para fechá-los. Seria outro procedimento para caçar esse CNPJ, mas seguimos investigando", explicou o delegado Romualdo Gianordoli.
Wende Oliveira de Almeida foi capturado em um prédio numa região de alto padrão em Itaparica. Além dele, a esposa, cunhado e um tio foram presos. Apesar de ordenar diversos ataques realizados pela facção, o chefe era cuidadoso: nenhuma arma foi encontrada na casa dele.
A operação "Obituary" cumpriu 20 mandados de busca e apreensão e prendeu nove pessoas, sendo duas delas em flagrante. Além de Wende e familiares, a polícia conseguiu capturar o gerente do tráfico da boca conhecida como "Pingo D'água", em Alecrim, e o chefe do tráfico de Jardim Marilândia, todos eles integrantes da facção TCP.
Na casa de Wende, foram apreendidos dois carros: um Honda Civic e um Toyota Corolla. Em outros endereços da gangue, a polícia encontrou quatro armas, sendo dois revólveres de calibre 32, um de calibre 38 e uma pistola 635. Mais de R$ 15 mil em espécie também foram recolhidos durante as buscas.
Os atiradores do TCP eram frios: para comprovar que os homicídios foram realmente consumados, eles costumavam enviar fotos dos corpos de rivais assassinados para o chefe da facção. Daí o nome da operação, batizada de "Obituary", que, em inglês, significa "obituário".
"Esse grupo é muito violento, age geralmente com vários indivíduos dentro do veículo. Vários descem do carro, e eles não utilizam apenas uma arma, costumam usar metralhadoras. Há relatos até de fuzil na região", disse o delegado Andrade.
Além das fotos dos mortos, eles ostentavam armas. "Eles ostentavam muito armamento, mas o específico dessa facção é que eles gostavam de mandar as fotos dos alvos que eles conseguiam abater, e dava para ver que era uma foto tirada por quem tinha matado, porque dava para ver que ainda não tinha perícia no local e nem isolamento", completou Gianordoli.
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