A morte do empresário Ricardo Portugal Moura Guedes, em 30 de outubro de 2020 – após o carro dirigido por ele explodir quando trafegava na Avenida Adalberto Simão Nader, no Bairro República, na Capital – passou a ser investigada pela Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória. Como antecipado por A Gazeta, o caso deixou de ser investigado como acidente e foi retirado da competência da Delegacia de Delitos de Trânsito (DDT).
Em nota, a Polícia Civil informou que o caso foi encaminhado à DHPP de Vitória. "O inquérito policial foi recebido na segunda-feira (7) e, após ciência do andamento da investigação, serão determinadas diligências visando a conclusão da investigação", informou a corporação.
A mudança nos rumos da investigação, dois anos após a morte do empresário, se dá porque a Delegacia de Delitos de Trânsito (DDT) concluiu que explosão do Jeep Compass ocorreu por um "fator externo" e não pelo veículo em si. A informação foi levantada em primeira mão por A Gazeta junto ao delegado-geral da Polícia Civil no Estado, José Darcy Arruda, no mês passado.
Titular da Delegacia de Delitos de Trânsito (DDT), o delegado Maurício Gonçalves – que era responsável pelo caso – deixou a atribuição e a investigação foi encaminhada à corregedoria da corporação para ser redistribuída. O órgão, responsável por fazer o controle e a distribuição de processos, encaminhou o inquérito para a DHPP de Vitória.
A explosão completou dois anos no dia 30 de outubro. Desde então, as circunstâncias que provocaram o incêndio do veículo, na Avenida Adalberto Simão Nader, bem perto do acesso ao aeroporto, são um mistério, uma vez que o inquérito policial foi colocado em sigilo. O fato confirmado, até agora, é que o incêndio não ocorreu pelo próprio veículo, mas sim por outros fatores.
Os fatores externos tratados pela Polícia Civil dizem respeito a algum objeto que estava dentro do veículo, podendo ter sido uma tentativa de suicídio ou um homicídio. A DHPP será a responsável por apontar a circunstância correta.
Informações disponibilizadas pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) dão conta de que o caso era tratado como crime contra a incolumidade pública, que significa evitar o perigo ou risco coletivo, tendo relação direta com a garantia de bem-estar e segurança de pessoas indeterminadas ou de bens diante de situações que possam causar ameaça de danos.
Isso significa que, em relação ao veículo do empresário, é como se a explosão do Jeep Compass também oferecesse algum tipo de risco a pessoas, comércios, outros veículos e imóveis próximos ao local onde a mesma ocorreu, além de vitimar o condutor que dirigia o utilitário. Desta forma, a investigação caminha para identificar a natureza da explosão.
Os trabalhos periciais começaram assim que o combate às chamas ao Jeep Compass foi encerrado. De imediato, a possibilidade de explosão de um eventual cilindro a gás foi descartada, visto que o utilitário não era movido por este combustível.
Durante esse período, a Justiça indeferiu uma solicitação feita pela Fiat Chrysler Automóveis do Brasil, responsável pela marca Jeep, que queria indicar um assistente técnico para o acompanhamento da perícia no veículo. Contudo, posteriormente a juíza Gisele Souza de Oliveira, da 4ª Vara Criminal de Vitória, permitiu que a empresa acompanhasse os trabalhos sem interferir no andamento da perícia.
Passados 45 dias do incidente, a Polícia Federal chegou a auxiliar nos trabalhos periciais no intuito de encontrar vestígios de materiais que pudessem ter provocado a explosão seguida do incêndio que destruiu completamente o SUV. Quando o incidente completou um ano, a corporação, procurada pela reportagem, explicou que avaliou a ocorrência baseada nos relatos e fotos feitas pelo perito e orientou como efetuar coleta de possíveis vestígios para busca de materiais químicos no local.
"Após a coleta, encaminhamos o material para o Instituto Nacional de Criminalística para análise e busca por resíduos de substâncias químicas possivelmente relacionados ao fato. As análises realizadas não identificaram a presença de explosivos ou resíduos de pós-explosão", detalhou.
Conforme informado pela própria Polícia Federal, o combate ao incêndio pode ter interferido nos vestígios do acidente, já que estes acabaram "lavados" pelo Corpo de Bombeiros para que o fogo fosse apagado.
A reportagem chegou a procurar a empresa responsável pela fabricação do carro Jeep Compass, a Fiat Chrysler Automobiles (FCA). A companhia respondeu na ocasião que "continua à disposição das autoridades públicas e no aguardo da conclusão do inquérito". A viúva de Ricardo Portugal foi procurada, mas afirmou que não tem interesse em conceder entrevista no momento.
O motorista que dirigia o Jeep Compass que explodiu em movimento, era o empresário Ricardo Portugal Moura Guedes, de 38 anos.
Ele não resistiu aos ferimentos e morreu no local. A informação foi confirmada pela esposa dele, a economista Cristiane Marba, de 45 anos. Morador da Praia do Canto, na Capital, Ricardo era dono de uma empresa de tecnologia. Ele deixou um filho de 7 anos.
"Não sei nem o que dizer. Ele era um bom amigo, um homem trabalhador, realmente isso ter acontecido foi um susto", desabafou a esposa de Ricardo na época.
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