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Documento mostra relação entre Marujo, RJ, presídio e facção de ataques

Documento mostra relação entre Marujo, RJ, presídio e facção de ataques

Dados colhidos em dois anos de investigação mostram o passo a passo de Fernando Moraes Pimenta, o Marujo, líder do Primeiro Comando de Vitória, que promoveu ataques em Vitória e na Serra

Publicado em 13 de outubro de 2022 às 19:54

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Relatório exclusivo
Fernando Moraes Pimenta, o Marujo, é chefe da facção que promoveu ataques. (Carlos Alberto Silva / Montagem A Gazeta)

Os ataques que aconteceram em Vitória e na Serra, nesta terça-feira (11), mostraram o nível de organização do Primeiro Comando de Vitória (PCV), facção que nasceu no Bairro da Penha. Ao todo, seis ônibus foram incendiados, um metralhado e carro da imprensa destruído, em um dia de terror principalmente na Capital.

O PCV é investigado há mais de dois anos pela polícia. Um relatório de mais de 500 páginas, ao qual o repórter Eduardo Dias, da TV Gazeta, teve acesso, mostra uma verdadeira rede de colaboração e troca de informações entre traficantes capixabas e bandidos do Rio de Janeiro, além de reforçar o poder da cúpula da facção, que, mesmo da cadeia, dita todas as decisões de Fernando Moraes Pimenta, o Marujo, líder imediato da organização criminosa e que segue foragido.

Documento mostra relação entre Marujo, RJ, presídio e facção de ataques

REAÇÃO COM ATAQUES

Foi após uma denúncia de que ele estaria no Bonfim, em Vitória, nesta segunda-feira (10), que uma ação da polícia acabou com um dos seguranças do traficante morto, o que desencadeou a série de ataques na terça.

Até agora, 16 envolvidos nos ataques a ônibus estão presos. Dentre eles, de acordo com as investigações, 11 são executores, muitos menores de idade, contratados no momento dos crimes. Um deles chegou a confessar que ganharia crack e R$ 50 para colocar fogo nos coletivos. Outros cinco são mandantes: esses sim, membros da quadrilha investigada pela polícia, que aparecem no relatório.

A investigação aponta que é de dentro do presídio que o chefe da organização do Bairro da Penha controla tudo que acontece: desde compra das drogas até a distribuição aos pontos de venda. Carlos Alberto Furtado, o Nego Beto, é o principal fundador do PCV e a quem Marujo responde diretamente.

Mesmo da cadeia, Beto sabe quantas armas o grupo tem, quanto elas valem e até com quem está cada armamento. De acordo com a polícia, são os advogados que levam as informações até o chefe e as ordens dele ao grupo criminoso.

LIGAÇÃO COM O RIO DE JANEIRO

Foi para Beto que Marujo enviou uma mensagem pedindo para se esconder no Rio de Janeiro, como mostra o relatório. Na carta, Marujo diz que a polícia está sufocando, chegando cada vez mais perto. Por isso, ele queria passar um tempo no Rio para a "poeira baixar". Quem daria abrigo a ele no Estado seria o chefe do tráfico do Complexo da Penha e da favela de Manguinhos, na Zona Norte carioca.

"Inicialmente, eles usavam o Rio de Janeiro para comprar armas e drogas. Posteriormente, revelou-se que eles usam hoje o estado do Rio de Janeiro para se esconder também, e isso dificulta a ação da polícia na função principal que é prendê-los", disse o delegado Marcelo Cavalcanti, da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória, em entrevista à TV Gazeta.

Mesmo do RJ, ele mantinha o controle sobre as ações dos traficantes, que enviavam fotos dos pontos de venda de drogas e da movimentação da polícia, inclusive com a utilização de drones. Fotos de rádios mostram que os criminosos conseguem monitorar até a frequência de comunicação de batalhões da Polícia Militar.

Exclusivo
Relatório mostra que Marujo pedia autorização para Beto até para se esconder no RJ. (TV Gazeta)

"Eles tinham naquele momento o rádio da Polícia Militar que eles tentavam se antecipar às ações da PM exatamente monitorando a atuação deles", disse o delegado.

AGENTES PÚBLICOS INVESTIGADOS

Há ainda a suspeita de que agente públicos teriam avisado para criminosos com antecedência sobre operações policiais que estavam para acontecer.

Aspas de citação

Nós vimos que eles tinham as informações de algumas operações antes mesmo delas serem deflagradas, o que sugere que tenha a participação de agentes públicos. Até o momento não foi identificado quem é esse agente público, estamos na busca de tentar comprovar se esse fato é verdade e identificar quem seria esse indivíduo

Delegado Marcelo Cavalcanti
Titular da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória
Aspas de citação

Sobre a informação de que advogados estariam fazendo o leva e traz para Marujo, a Secretaria Estadual da Justiça (Sejus) informou que "o atendimento de advogados no sistema prisional ocorre em consonância com a legislação em vigor e ressalta que não há número específico de visitas para esses profissionais. Advogados têm a prerrogativa de estabelecer diálogo com seus clientes, de maneira privada, independente do horário, respeitando os protocolos de segurança vigentes e regulamentados nas unidades prisionais".

Com informações de Eduardo Dias, da TV Gazeta

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