Dois funcionários do Hospital Estadual Silvio Avidos, em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, são suspeitos de fornecerem drogas para presos do regime semiaberto que trabalham na unidade. Eles foram levados para a Delegacia do município para serem ouvidos. No sótão do hospital foram apreendidas embalagens de drogas e material para o uso dos entorpecentes.
Um detento deixou o local algemado, pois com ele foi encontrado um aparelho celular – cujo uso por pessoas nesta condição é proibido por lei. A operação foi realizada pela Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) e pelo Departamento de Investigação de Narcóticos (Denarc) da Polícia Civil após o recebimento de denúncias.
“A partir de denúncias de que presos do regime semiaberto que trabalham na obra do hospital estariam adquirindo drogas de pessoas no hospital e fazendo uso, nós pedimos mandados de buscas e apreensão para o hospital e nas residências desses funcionários. [...] São dois funcionários, encarregados da vigilância e coordenação desses presos, que são os suspeitos de estarem comercializando essas drogas", afirma o delegado Deverly Pereira Júnior, responsável pela investigação.
As investigações, iniciadas a partir de levantamentos da Polícia Penal e da Polícia Militar, apontam que o responsável pelo núcleo de trabalho do hospital, responsável por coordenar a atividade de presos do regime semiaberto, exigia vantagem deles e dos respectivos familiares sob a ameaça de desligá-los do programa de ressocialização.
Os servidores públicos ainda utilizam parte do dinheiro extorquido para o tráfico de drogas nas dependências do local, obrigando os internos a comprarem os entorpecentes com traficantes de Colatina e Baixo Guandu e, na sequência, revendê-los. Os valores da venda do entorpecente deveriam ser repassados aos funcionários investigados.
Segundo apuração da repórter Carolina Silveira, da TV Gazeta Noroeste, que esteve no local, durante a ação policial também foram encontradas pequenas sacolas rasgadas, que seria de embalagens das drogas recebidas e usadas pelos detentos no sótão do hospital.
“Nas residências não foram encontrados nenhum material ilícito, mas no hospital foi encontrado material de uso próprio. Muito papelote de cocaína, lata e cachimbo para uso de crack estavam no sótão do centro cirúrgico. Um local de difícil acesso onde só o pessoal que trabalha na manutenção chega. E foi lá que encontramos o material que evidencia que o uso de droga estava ocorrendo”, disse o delegado.
Por nota, a Secretaria da Justiça (Sejus) e a PC informaram que o objetivo da ação, além do cumprimento das medidas judiciais, é colher elementos de prova que possam apoiar nas investigações em curso, bem como identificar outros suspeitos envolvidos ou, ainda, outros crimes eventualmente praticados.
Os investigados foram conduzidos à Delegacia Regional do município, onde foram ouvidos e liberados. Já o interno que exercia atividade laboral no hospital retornou ao sistema prisional após ser ouvido pela autoridade policial.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), responsável pelo do Hospital Estadual Silvio Avidos, informou que os servidores envolvidos na operação serão afastados de suas atividades e terão suas condutas laborais apuradas por meio de processos de sindicância.
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