Dois homens morreram após serem baleados em um confronto que envolveu policiais militares e um grupo de pelo menos 12 homens armados no bairro Palmital, em Jaguaré, Norte do Espírito Santo, na tarde de sábado (28). De acordo com informações da Polícia Militar, Caleb Alves, de 30 anos, e Nelber Rodrigues, de 27 anos, tiveram a morte confirmada no local por enfermeiros do município. Durante a ação, dois jovens de 17 e 22 anos também foram atingidos por tiros e um suspeito, de 37 anos, foi preso.
Segundo a PM, Caleb e Nelber estavam armados e atiraram contra os policiais, que revidaram a agressão, ocasionando os óbitos. Os policiais souberam depois que outros dois jovens foram atingidos por disparos e deram entrada na Unidade de Saúde de Jaguaré.
Na unidade, em relato aos policiais, os jovens feridos disseram que estavam a caminho de um jogo de futebol com alguns amigos quando foram surpreendidos por cerca de 20 indivíduos, que teriam atirado contra eles sem motivo aparente. Após o início dos disparos, a dupla, que tinha sido baleada, se separou dos demais e fugiu por um matagal.
“Cerca de 20 indivíduos armados estavam indo fazer um ataque no bairro Nova Esperança. Os jovens estavam indo jogar futebol viram os suspeitos armados, que começaram a disparar contra essas testemunhas”, afirmou o Capitão Lee, da Polícia Militar de Jaguaré, para o repórter Cristian Miranda da TV Gazeta Norte.
Segundo a PM, os policiais foram acionados porque teriam acontecido disparos de tiros no bairro Palmital. Ao chegarem ao local, as equipes viram dois homens que, ao notarem a aproximação das viaturas, correram em direções opostas. Os militares perseguiram, a pé, um dos suspeitos, que correu por um beco que dá acesso a um matagal.
Por onde o indivíduo havia fugido, os policiais se depararam com um grupo de pelo menos 12 homens armados em um barraco de madeira, que atirou contra os policiais. A PM revidou a agressão e durante o confronto, que se estendeu por uma área de mata, um suspeito foi visto com uma arma efetuando disparos na porta da casa. Os militares atiraram para cessar a ação.
Depois disso, a polícia entrou no imóvel e fez uma vistoria. Lá encontrou um indivíduo que havia se escondido em um dos cômodos. Ele foi detido. Na sequência a PM informou que localizou os dois homens baleados, que vieram a óbito.
Enquanto ocorria o atendimento aos feridos, a PM informou que foi formado um grupo de indivíduos, que passou a hostilizar os policiais arremessando pedaços de madeira e pedras, sendo necessária a utilização de um equipamento não letal para cessar as agressões.
“Os policiais, como de praxe, estavam resguardando o local para a chegada da perícia criminal. No entanto, alguns moradores que eram familiares e amigos, queriam se aproximar dos indivíduos que estavam no chão e começaram a tumultuar. Tinha armamento e cápsulas no local. Os militares não poderiam deixar ninguém passar para não contaminar o espaço da perícia, e posteriormente, dificultar investigações do que de fato aconteceu. Neste momento, os militares precisaram usar armamentos não letais para conseguir afastar a população, que começou a xingar os policiais, jogar pegados de madeira e pedras nos militares. Tanto para preservar o local, quanto para resguardar a guarnição no local da violência”, afirmou o Capitão Lee.
Após a dispersão, suspeitos que estavam escondidos em um matagal atiraram contra os policiais que revidaram. Os policiais souberam, depois, que dois jovens ficaram feridos por balas e foram encaminhados para a Unidade de Saúde de Jaguaré. Depois precisaram ser transferidos para o Hospital Estadual Roberto Silvares, em São Mateus.
Na ocorrência foram apreendidas uma espingarda calibre 12, uma carabina calibre 44, uma espingarda calibre 20 e R$ 45,00. A PM conduziu o homem detido até a Delegacia de São Mateus.
Segundo a família de Nelber Rodrigues, de 27 anos, que morreu no tiroteio, ele não tinha envolvimento com a ocorrência e não estava armado. O homem trabalhava e veio na última quinta-feira (26) para Jaguaré, trazer a mulher dele, que está grávida, para fazer um exame.
“Ele não é bandido, correu porque estava com medo, estava desarmado. Correu para dentro da casa. Bateram nele, quebraram o braço e o nariz dele, deram vários tiros nele”, contou a esposa de Nelber, que preferiu não ser identificada, para a TV Gazeta Norte.
Uma tia do jovem contou também que após o tiroteio, familiares e amigos tentaram chegar perto para prestar socorro e identificar se realmente se tratava de Nelber, no entanto, teriam sido hostilizados pelos policiais.
“A polícia veio correndo, nós gritamos no pé do morro para eles se protegerem. Quando nós chegamos lá para ver quem era (os baleados), não deixaram chegarmos perto. Jogaram spray de pimenta até nas crianças, não respeitam ninguém. O que eles fizeram com o meu sobrinho nem um cachorro merece. Quebrou o braço dele, deram um tiro no peito, ele estava todo perfurado”, afirmou.
“A gente está com medo dos bandidos e da polícia. A polícia era para defender e está matando”, disse outra familiar.
A reportagem procurou a Polícia Civil para obter mais informações sobre o caso. Por nota, a corporação informou que os corpos dos homens que morreram no confronto foram encaminhados ao Serviço Médico Legal (SML) de Linhares para serem necropsiados e depois liberados aos familiares.
As armas apreendidas serão encaminhadas ao setor do Departamento de Criminalística - Balística, juntamente com as munições.
O suspeito conduzido até a delegacia foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma de fogo e encaminhado ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Mateus.
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