Após ficar desempregada por quase quatro anos, uma mulher consegue um emprego e conta a boa nova ao companheiro. Motivo para comemoração? Não para essa dona de casa de 31 anos, do bairro Manoel Plaza, na Serra, que nesta quarta-feira (12) quase perdeu a vida depois que foi brutalmente agredida pelo marido ao contar que havia conseguido uma vaga de trabalho. As agressões ocorreram dentro da casa do casal e na frente dos filhos, duas crianças de um e sete anos.
A vítima contou que recebeu uma ligação com uma proposta para trabalhar. Ao relatar para o marido, que é usuário de drogas há bastante tempo, o mesmo se revoltou e passou a dizer que ela estava "procurando homem". Na sequência começaram as agressões, com socos, chutes, pisões e ameaças de morte. Tudo foi presenciado pelas crianças.
"Ele ia me matar ontem se não fossem meus vizinhos. Ele tentou me estrangular, pisou com muita força no meu pescoço, mas eu gritei por socorro e pedi que 'pelo amor de Deus' não me matasse pelos meus filhos. Eu estou há quase quatro anos desempregada e uma oportunidade dessas é única, um salário de R$ 1,7 mil", contou.
A dona de casa ainda disse que a filha também tentou impedir que o pai seguisse com as agressões. "Ela falava para ele ir embora e dizia: 'deixa minha mãe em paz'", complementou a vítima, que há 15 anos mantinha a relação com o agressor.
Após ficar contrariado com o que havia ouvido da esposa, o homem a jogou contra a cama, bateu a cabeça dela contra a cabeceira e a agrediu com socos e de outras formas. O barulho da violência foi tanto que funcionários de um restaurante próximo ouviram, relatou a dona de casa.
Além da própria filha, uma vizinha, que também já viveu um relacionamento abusivo, também escutou os pedidos de socorro, acionou a polícia e deu apoio à mulher agredida.
"Foi horrível ouvir ela gritando, pedindo ajuda e que ele iria matar ela. Chamamos a polícia e ficamos aqui ajudando ela. Infelizmente eu também já passei por isso, foram sete anos assim, mas hoje eu me encontro livre disso. É uma situação que mulher nenhuma deve passar", disse a vizinha.
As agressões sofridas pela dona de casa colocaram um fim na relação de mais de uma década e que teve um encerramento trágico e doloroso.
"Ele já me bateu várias vezes, já arrancou meu cabelo inteiro enquanto eu estava dormindo. Quando eu acordei, encontrei meu cabelo todo na cama. Mas o pior era que ele abusava sexualmente de mim. Se eu não fizesse ele me batia sempre. Não desejo isso para ninguém. Se o homem levantar a mão uma vez, já desiste dessa relação. Eu deixei ele fazer isso e fiquei calada", disse a mulher de 31 anos.
Além das agressões físicas, sexuais e psicológicas, a mulher e os filhos acabaram despejados da kitnet onde morava porque o marido mais uma vez deixou de pagar o aluguel. Segundo a dona de casa, sempre que recebia o pagamento, o homem gastava o dinheiro com cocaína e crack, deixando de pagar as contas e o aluguel.
"O que eu tinha na minha casa de bens era doado. Quando ele recebia o dinheiro do trabalho era para usar droga de todo tipo. Eu falava sempre com ele, o alertava e dei duas opções: a família ou as drogas. Isso para um homem de 32 anos, mas ele optou pela droga", contou.
O agressor da dona de casa acabou detido, autuado pela Polícia Civil e levado para o presídio de Viana.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta