Uma apreensão rara no Estado chamou a atenção no Aeroporto de Vitória, nesta terça-feira (28): 2,7 quilos da chamada cocaína negra estavam escondidos em uma mala, entre o forro e a armação metálica. O entorpecente foi descoberto pelo cão farejador da Receita Federal.
A mala pertencia a uma estrangeira. A Receita Federal disse que não iria divulgar, inicialmente, a nacionalidade ou qualquer informação sobre ela. O que se sabe é que a jovem foi até o aeroporto e iria embarcar em um voo para São Paulo. O destino dela, segundo as investigações, seria a Índia, na Ásia.
"Havia um monitoramento feito pela inteligência da Receita Federal com base em algumas suspeitas. Nosso pessoal se deslocou até o aeroporto, levou o cão de faro e ele deu a certeza", disse Douglas Koehler, delegado da Alfândega da Receita Federal do Porto de Vitória.
"É uma droga raríssima. Aparentemente ela é bem mais cara, mas não sabemos os detalhes químicos dela. O que podemos dizer é que é muito rara e muito cara. Não tenho conhecimento dessa cocaína negra ter sido apreendida antes pela Receita Federal aqui no Estado", ressaltou o delegado.
A droga passou pelo narcoteste que apontou a coloração azul, típica da cocaína. A mulher foi levada para a Delegacia da Polícia Federal. A reportagem de A Gazeta perguntou à corporação sobre a autuação dela, mas não teve retorno.
Em 2021, 26 quilos de cocaína negra foram apreendidos no Rio Grande do Sul. O Globo, na época, publicou que "este formato de entorpecente está presente no narcotráfico desde a década de 1980 e, neste período, tem passado praticamente despercebido pelas autoridades".
A reportagem de A Gazeta conversou com o João Chequer, médico nefrologista com PHD em dependência química, que explicou mais sobre a droga.
"Eles pegam a base da cocaína e começam a camuflar; vão mudando o aspecto dela usando corantes, pigmentos e principalmente carvão ativado, que absorve o cheiro da cocaína. Com isso, os cães farejadores confundem o cheiro. Na maioria das vezes, o cão farejador fica incapaz de detectar a presença da cocaína. Eles também misturam sais de ferro, cobalto, e algumas substâncias de um vermelho escuro. Então, além de alterar o cheiro, eles alteram a cor."
Após ser contrabandeada de forma "camuflada", a droga passa por outro processo. "Eles então têm que recuperar a cocaína. Para isso, eles usam reações químicas do tipo ácido base para extrair, separar aquilo que foi adicionado à base (corantes, pigmentos e etc). Aí usam solventes orgânicos, acetonas", detalhou o médico.
Em resumo, os criminosos mudam a cor e o cheiro da droga, para facilitar o tráfico. Em seguida, fazem o processo para "separar" a cocaína pura e aí sim vender.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta