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Dupla suspeita da morte de instrumentador cirúrgico na Serra fez mais vítimas

Dupla suspeita da morte de instrumentador cirúrgico na Serra fez mais vítimas

Afirmação é do delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda; um suspeito do assassinato foi preso na quarta-feira (26) e o outro segue foragido

Publicado em 28 de junho de 2024 às 13:59

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Leonardo Julio Lopes, de 23 anos, e Ruan Christyan Cardoso dos Santos, de 19 anos, são suspeitos de matar instrumentador cirúrgico
Leonardo Julio Lopes, de 23 anos, e Ruan Christyan Cardoso dos Santos, de 19 anos, são suspeitos de matar instrumentador cirúrgico. (Divulgação Sesp)
Felipe Sena
Repórter / [email protected]

Leonardo Julio Lopes, de 23 anos, e Ruan Christyan Cardoso dos Santos, de 19 anos, apontados pela Polícia Civil como envolvidos na morte do instrumentador cirúrgico Luciano Martins, 46 anos, cujo corpo foi encontrado em um lixão no bairro Civit I, na Serra, no domingo (23), são suspeitos de cometer outros crimes semelhantes, com o mesmo modo de operação. Informações sobre as investigações foram divulgadas pela corporação em coletiva de imprensa no final da manhã desta sexta-feira (28).

Principal suspeito de executar o profissional da saúde, Leonardo Julio Lopes foi preso na última quarta-feira (26). Segundo a Polícia Civil, Ruan Christyan Cardoso dos Santos, que teria envolvimento no crime, seguia foragido até a publicação desta matéria. O delegado-geral, José Darcy Arruda, disse que a dupla suspeita de matar Luciano já esteve presa por roubo em maio, por um crime em que atuaram de maneira muito semelhante ao caso do instrumentador cirúrgico.

No entanto, segundo o delegado-geral, o juiz de custódia na ocasião entendeu que não tinha motivos para manter Leonardo Julio e Ruan Christyan presos e não converteu a prisão em flagrante em preventiva.

Aspas de citação

Se esse rapaz tivesse ficado preso, não teríamos esse sangue

José Darcy Arruda
Delegado-geral da Polícia Civil
Aspas de citação

Após a afirmação do delegado-geral José Darcy Arruda durante a coletiva, a reportagem também procurou o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) para comentar sobre as declarações, mas não teve retorno até a publicação desta matéria.

Além da morte de Luciano e do roubo que os levou à prisão em maio, outra possível vítima de Leonardo e Ruan procurou a Polícia Civil. Segundo o delegado-geral, o modus operandi — métodos e procedimentos do crime em que é notada uma repetição — dos criminosos é o seguinte: marcar encontros por aplicativos de relacionamento com homens, depois amarrar, vendar e roubar as vítimas.

Diante das informações passadas pela Polícia Civil sobre a dupla, a reportagem consultou o site do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), mas encontrou somente um pedido de prisão, do dia 26 de junho deste ano, contra os dois.

Leonardo, atém dos crimes de roubo e latrocínio, também já foi preso por estupro de vulnerável em 2022, segundo informações da Polícia Civil. A Gazeta procurou a corporação e o Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) para saber se ele foi denunciado por esse crime ou se ainda há um inquérito aberto, mas não houve retorno até a publicação desta matéria.

O delegado-geral ressaltou que o inquérito está em fase inicial e que a Polícia Civil ainda busca descobrir o que teria motivado o assassinato de Luciano, já que as outras vítimas foram libertadas depois do roubo. Para isso, ainda são aguardados resultados das perícias realizadas no local do crime, no corpo e de um carro encontrado carbonizado que pode ser do instrumentador cirúrgico. 

Sobre o desaparecimento

De acordo com um amigo de Luciano, que preferiu não se identificar, foi uma sobrinha do instrumentador, que morava com ele, que percebeu o sumiço. “A sobrinha acordou no sábado de manhã e viu várias coisas estranhas. O carro não estava na garagem, ele usa óculos, deficiente de uma perna e usa uma órtese, e essas coisas estavam todas jogadas no quarto. Faltavam alguns perfumes, caixa de som dele”, contou o amigo.

Ainda de acordo com ele, Luciano teria sumido após marcar um encontro por um aplicativo de relacionamentos. “Tudo começou por um encontro de aplicativo. O Luciano usava muito esses aplicativos de encontros. Infelizmente, tem acontecido muitos casos de usarem o aplicativo para cometerem crimes. Ele marcou encontro com uma pessoa e levou para casa", disse. 

O corpo do profissional da área da saúde foi encontrado em um lixão, no bairro Civit I, na Serra, no domingo (23). Ele estava com braços e pernas amarrados, sinais de esfaqueamento e uma toalha tampando o rosto, onde havia marcas de tiros. 

Luciano Martins(Facebook)

O carro de Luciano foi visto pela última vez no bairro Maringá, também na Serra, na madrugada de sábado (22). O corpo dele foi encontrado por um homem que passava pelo local. Amigos do instrumentador cirúrgico acreditam que ele foi vítima de uma emboscada. Para a reportagem da TV Gazeta, um amigo dele, que preferiu não se identificar, contou que o colega havia marcado um encontro por um aplicativo de relacionamento na noite de sexta-feira (21).

A sobrinha de Luciano, que morava com ele, chegou a ouvir um diálogo vindo do quarto da vítima, entre ele e um outro homem. O titular da Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV), delegado Luiz Gustavo Ximenes, disse que as investigações apontam que Luciano teria saído de casa por volta das 21h30, do sábado (22), e retornado para casa às 22h45, já acompanhado de um dos suspeitos.

Ao acordar pela manhã, a sobrinha teria notado os objetos do profissional de saúde revirados e o sumiço de alguns deles, como fones de ouvido, ferramentas de trabalho e até uma caixa de ovos.  Ela, então, procurou a polícia para comunicar do desaparecimento do tio.

Polícia aguarda provas técnicas

Uma das possíveis provas relacionadas ao crime seria o carro de Luciano. A Polícia Civil investiga se um carro encontrado carbonizado no bairro Novo Porto Canoa, na Serra, pertencia ao instrumentador cirúrgico. "Estamos esperando essa prova técnica definitiva, ter esse laudo específico para confirmar. A princípio, porém, seria o carro da vítima assim, porque bate o mesmo modelo e as mesmas características", disse o delegado Ximenes.

Ainda segundo o titular da DFRV, a polícia ainda aguarda a conclusão de outros laudos importantes para investigação, como da perícia do local do crime e o laudo cadavérico. Os resultados ajudarão a polícia a estabelecer detalhes relacionados à dinâmica do crime. 

Profissional da área da Saúde

Luciano Martins possuía registro no Coren-ES como técnico de enfermagem desde 2006. A entidade lamentou a morte de Luciano e espera o andamento das investigações para que a justiça seja feita. "Expressamos nossas sinceras condolências aos familiares e amigos neste momento de dor", destacou o presidente, Wilton José Patrício.

Ajude a polícia

►Qualquer informação que auxilie a investigação policial pode ser compartilhada pelo Disque-Denúncia 181. A ligação é gratuita e o anonimato garantido.

►Quem preferir, pode denuncia pela internet, no site do Disque-Denúncia

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