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"É trabalhar para sustentar bandido?", desabafa empresário do ES após assaltos

"É trabalhar para sustentar bandido?", desabafa empresário do ES após assaltos

Desabafo é do dono de uma loja em Viana Sede, assaltado pela 2ª vez em seis meses; último roubo ocorreu na última quarta (6) e foi registrado por câmeras

Maria Fernanda Conti

mfconti@redegazeta.com.br

Publicado em 7 de dezembro de 2023 às 20:24

 Loja de celular foi assaltada pela segunda vez em seis meses. Dono diz que não aguenta mais pedir empréstimos para "dar" a criminosos

"Vou ficar trabalhando, pegando empréstimo no banco, para ladrão ficar me roubando? Pago, volto a trabalhar, e ladrão me rouba. Nunca vou conseguir prosperar neste Brasil? Vou ficar trabalhando para sustentar bandido?". A revolta é do empresário André Cavati, dono de uma loja em Viana Sede, assaltada duas vezes em um intervalo de seis meses. O último roubo ocorreu nessa quarta-feira (6), quando criminosos conseguiram levar mais de R$ 30 mil em produtos e dinheiro. 

Um vídeo mostra o momento em que criminosos entraram no estabelecimento (veja abaixo). Quatro pessoas estavam no local. Pelas imagens, é possível ver que uma funcionária senta no chão, enquanto o outro coloca as mãos na cabeça. O dono da loja é revistado, leva uma coronhada e depois é obrigado a deitar. Toda a ação dura pouco menos de cinco minutos. 

"Já me mandaram ficar quieto e levantar as mãos, porque era um assalto. Foi bem rápido. Na hora, não tive nem como reagir. Fiquei assustadíssimo. Levantei a mão, ele perguntou do celular; eu disse que não estava comigo. Estava em cima da mesa, então não tinha como falar outra coisa. Simplesmente me falou para deitar e me deu a coronhada na cabeça", contou André.

 Dono diz que não aguenta mais pedir empréstimos para "dar" a criminosos.

Testemunhas disseram para a Polícia Militar que, pouco antes do roubo dessa quarta (6), um dos criminosos se fez passar por cliente. Sozinho, chegou a entrar na loja e fingir que procurava um produto. O dono da loja acredita que, na verdade, o homem queria apenas olhar o movimento do estabelecimento. Logo depois ele saiu e voltou com o comparsa. 

"[Estou] Desmotivado. Saí daqui chorando, gritando. No mesmo momento em que o 'cara' saiu, eu saí gritando, pedindo ajuda. A sensação de falta de segurança é enorme"

André Cavati

Empresário

Segundo apuração da repórter Daniela Carla, da TV Gazeta, os suspeitos conseguiram levar notebook, celulares, aparelhos de som e cerca de R$ 2 mil em espécie. Para a reportagem, André Cavati contou que está pagando um empréstimo que fez para custear os prejuízos de outro assalto, ocorrido em junho. Ao todo, somente em 2023, o dono da loja perdeu R$ 60 mil. 

Recorrente...

O primeiro roubo que a loja sofreu foi em junho, por volta das 19 horas. Por orientação das forças de segurança, o empresário até mudou o horário de funcionamento do estabelecimento, para reduzir o risco de se tornar vítima mais uma vez, o que não adiantou. Na época, aproximadamente 22 aparelhos celulares foram levados, totalizando também um prejuízo de R$ 30 mil.

"Eu fechava minha loja às 19 horas. Foi orientado [pela polícia] para que tentássemos reduzir [o horário de funcionamento], porque a gente sabe que não tem efetivo. Mesmo do jeito que está, não tem efetivo para dar conta", criticou.

O que dizem a PM e a PC

Acionada por A Gazeta, a Polícia Militar destacou que atua diariamente na prevenção e repressão de todo tipo de crime, e que o bairro citado conta com o policiamento ostensivo realizado dia e noite, além de ações como cercos táticos e abordagens a pessoas e veículos suspeitos.

"No entanto, a PM ressalta que conta sempre com o apoio da população para que o Ciodes (190) seja acionado imediatamente em casos de suspeita ou ocorrência de crime em andamento, para que a viatura mais próxima chegue o mais rápido possível ao local, dando mais agilidade ao atendimento. Vale ressaltar que o comando da 11ª Companhia Independente está à disposição da comunidade e liderança comunitária para conversar e avaliar as ações de segurança pública no local", pontuou a corporação, em nota.

Já a Polícia Civil informou que, se a vítima tiver registrado um boletim de ocorrência em uma delegacia ou pela internet, o caso está em processo de investigação por uma unidade policial. 

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