O assassinato de Ademir Lúcio Ferreira de Araújo, 55 anos, na noite deste sábado (20) dentro da Penitenciária Estadual de Vila Velha 5, é mais um episódio do sofrimento da dona de casa Clemilda Aparecida de Jesus, 41 anos. Ela é mãe da menina Thayná, vítima de um dos crimes que levou Ademir para prisão em novembro de 2017. Ele é acusado de sequestrar, estuprar e matar a criança, na época com 12 anos, no bairro Universal, em Viana. O caso, contudo, ainda não tinha sido julgado.
Ademir estava preso na PEVV 5, em Xuri, e cumpria pena pelo estupro de uma menina de 11 anos, pelo qual ele foi condenado a 34 anos. O caso teria acontecido três dias antes do sequestro da menina Thayná. Ele também respondia a processos em outros Estados.
Pelo crime praticado contra Thayná, Ademir havia sido pronunciado em maio de 2018 - decisão judicial que o leva ao banco dos réus. A defesa recorreu da decisão, mas os recursos não foram aceitos pelo Tribunal de Justiça. A família aguardava a data do julgamento ser marcada.
Três anos se passaram e nada aconteceu. O júri nunca foi marcado. Ele recorreu de todas as decisões e agora está morto. A impressão que fica é que ele saiu impune disso. O que ele fez não tem perdão e eu queria que ele passasse o resto da vida preso sentindo o peso de uma condenação. Me sinto vivendo o caso da Araceli, que não houve punição, disse.
A menina Araceli, que Clemilda cita, foi assassinada em 1973. Na época, com 10 anos, a criança desapareceu após sair de casa, em Vitória. O corpo dela foi encontrado desfigurado por ácido e com marcas de violência e abuso sexual. Os principais suspeitos, Paulo Constanteen Helal e Dante Michelini, foram condenados pelo crime em 1980. No entanto, em novo julgamento, em 1991, os réus foram absolvidos. O caso deu origem ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Apesar de ver a morte de Ademir como um tipo de punição, a mãe de Thayná diz que esperava outro fim para o caso. De acordo com a dona de casa, agora ela terá que conviver com a ideia de que o homem que matou sua filha, nunca será condenado.
O Tribunal de Justiça do Espírito Santo foi procurado pela reportagem para saber a respeito do andamento do processo da morte de Thayná pelo qual Ademir é réu. Contudo, até a publicação desta matéria não houve retorno.
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