"Eles destruíram uma parte de mim, me mataram junto." A fala carregada de dor e tristeza é da mãe do adolescente de 13 anos que foi encontrado morto no bairro Cobi de Baixo, em Vila Velha, nessa quinta-feira (29). Ainda muito abalada pela perda, e por vezes segurando o choro, ela concedeu uma entrevista exclusiva para A Gazeta horas depois do enterro do garoto, realizado no início da tarde desta sexta-feira (30), no cemitério Parque da Paz, que fica no mesmo município.
Desde que recebeu a notícia da morte do menino, por meio de um telefonema feito por uma pessoa desconhecida, a auxiliar de serviços gerais afirma que não consegue comer e nem dormir direito. "Está doendo em mim. É horrível. É muito triste perder um filho. Eu não desejo isso para ninguém", desabafou.
Sem ter suspeita da motivação do crime, ela espera que a polícia descubra o que aconteceu e garante que o adolescente não tinha relação com o tráfico de drogas. "Eu quero que o meu filho seja lembrado pelo o que ele sempre foi: um menino bom. Ele fazia futebol, estudava... Todo mundo gostava dele", disse.
Entre as atividades que o menino fazia estava o jiu-jitsu. A arte marcial japonesa era praticada no Projeto Zoe, localizado no bairro vizinho de São Torquato. Na noite dessa quinta-feira (29), o treino foi substituído por uma homenagem. Crianças, adolescentes e adultos andaram pela região orando e pedindo por paz.
"Nós sabemos que ele era um menino maravilhoso e não estou falando isso porque ele foi assassinado. Ele sempre teve um potencial muito grande de ter um fim diferente do que teve. Ele foi acometido pela maldade que tem estado nas ruas. São dias tristes", afirmou Maykon Bayer Freitas, que organizou o ato.
Mãe do homenageado, a auxiliar não pode comparecer porque ainda estava resolvendo pendências da liberação do corpo do filho, junto à Polícia Civil. Ainda assim, segundo a organização, cerca de 60 pessoas participaram da pequena caminhada entre a sede do projeto e o local onde o corpo foi encontrado.
"Ninguém foi obrigado, mas todos o conheciam. Juntos, fizemos vários balões com 'paz' escrito. Clamamos em homenagem. Queremos paz na vida desses jovens, para mais nenhuma lágrima cair ou vida ser perdida. Queremos que eles possam ser adultos que combatam a violência com amor", disse Maykon.
Durante a madrugada da quinta-feira (29), o adolescente pediu a uma vizinha para passar a noite na casa dela, porque teria discutido com a mãe. A mulher de 29 anos o acolheu, mas acordou sendo esfaqueada pelo adolescente. Ela levou oito facadas, mas conseguiu se desvencilhar e passa bem.
Porém, horas depois, por volta das 10h30, o garoto foi encontrado morto em uma rua de Cobi de Baixo, em Vila Velha. O corpo dele apresentava hematomas e perfurações causadas por disparos de arma de fogo. A área foi isolada pela polícia, e o cadáver levado ao Departamento Médico Legal de Vitória.
Segundo informações obtidas pela TV Gazeta, antes de ser assassinado, ele teria sido sequestrado por traficantes. Em vídeos, é possível vê-lo sentado no chão, contando que esfaqueou a vizinha a mando de outra mulher. Também dá para ouvir pessoas ao redor dizendo que não iriam mais bater nele.
Investigações iniciais apontaram que ele teria sido morto no alto de um morro da região, a cerca de 300 metros do local para onde o corpo foi arrastado, em Cobi de Baixo. Na parte alta do bairro, os policiais encontraram marcas de sangue e cápsulas de balas de arma de fogo deflagradas, indicando os tiros.
Em nota, a Polícia Civil informou que o caso está sob investigação da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha e que nenhum suspeito foi detido até a tarde desta sexta-feira (30). Outras informações não foram passadas para evitar atrapalhar a apuração dos fatos.
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