A Polícia Federal apreendeu R$ 150.645,00 em notas falsas durante todo o ano de 2021 no Espírito Santo. As apreensões acabaram em 21 prisões de pessoas ligadas ao crime de moeda falsa, delito que tem crescido e utiliza os meios digitais para expansão e contato com novos compradores.
Segundo números da Polícia Federal cedidos à reportagem de A Gazeta, em 2022 foram apreendidos R$ 16.920,00 em cédulas falsas. Foram cinco prisões neste ano por conta do crime.
QUANTIA APREENDIDA
2022 - R$ 16.920,00
2021 - R$ 150.645,00
Em 2021, foram 244 cédulas apreendidas, sendo 41 de R$ 20, 84 de R$ 50 e 119 de R$ 100 reais
PRISÕES POR NOTAS FALSAS
2022 - 05
2021 - 21
FONTE: Polícia Federal do Espírito Santo
A última prisão, na quarta-feira (4), foi de um homem de 34 anos que recebeu a encomenda em uma agência dos Correios do bairro Santa Inês, em Vila Velha. O pacote tinha R$ 1 mil em notas falsas.
Os policias foram ao local e acompanharam o momento em que o homem retirava o pacote. No momento da prisão em flagrante, o detido confessou que adquiriu as notas por meio de um aplicativo de mensagens. Ele, porém, não informou quem seria o vendedor.
A ocorrência da última quarta (4) mostra duas características do crime: venda pela internet e envio pelos Correios.
A forma como o homem comprou e recebeu é comum e bastante utilizada, segundo o delegado da Polícia Federal Lorenzo Espósito. Em conversa com a reportagem de A Gazeta, o delegado chamou atenção para grupos em redes sociais e afirmou que muitos compradores não temem a punição, acreditando ser um crime de menor potencial. Ou até mesmo pensando que não serão identificados pelas polícias.
"Na maioria das vezes o envio é pelos Correios, que é um parceiro da Polícia Federal e costuma colaborar com a investigação. Por vezes, identificamos a entrega do dinheiro em uma agência. Na abordagem, a pessoa confessa que fez a compra. Temos visto que as pessoas pagam entre 25% e 35% do valor e recebem o dinheiro", afirma.
Procurado pela reportagem de A Gazeta, os Correios informaram que mantém estreita parceria com órgãos de segurança pública para prevenir a ocorrência de delitos nos serviços postais. Foi informado que há um Acordo de Cooperação Técnica com a Polícia Federal, firmado em 2019.
Sobre a ação desta quarta-feira, os Correios classificaram como uma ação conjunta para fornecimento de informações. "A operação é resultado do desdobramento das investigações que estão sendo conduzidas pela PF/ES", diz, em nota.
Perguntado sobre o crescimento do crime no Espírito Santo, o delegado afirma que as apreensões e prisões aumentam como consequência da maior fiscalização feita pelas polícias.
O terreno fértil para a venda de notas falsas é o mesmo utilizado para outros crimes: a internet. Em grupos de aplicativos de mensagens instantâneas, os vendedores abordam ou são abordados por pessoas interessadas na compra de cédulas.
Segundo Lorenzo Espósito, a primeira compra costuma ser de um valor entre R$ 1 mil e R$ 2 mil. Isso porque, como explica, o comprador tem interesse em observar o produto antes de comprar uma quantidade superior. Ela verifica a qualidade da nota, se a cédula se aproxima de uma nota verdadeira.
O contato acontece por meio da internet, a entrega, pelos Correios. As agências são os locais onde os compradores tocam na mercadoria pela primeira vez. Apesar de o pacote estar fechado, as agências também servem para abordagem e prisão.
Após a compra das notas falsas, os indivíduos não usam, de acordo com o delegado, as cédulas em qualquer lugar. Lorenzo Espósito comenta que, normalmente, são escolhidos locais que envolvem alguma pressa no pagamento.
Bares, restaurantes ou carros de aplicativos proporcionam menor tempo para verificar se aquela nota é realmente verdadeira. O pagamento acaba acontecendo sem qualquer desconfiança. Em um supermercado, por exemplo, o caixa costuma ter iluminação e tempo para tocar e analisar a cédula.
O delegado da Polícia Federal avalia que compradores de notas falsas podem ser revendedores, podem servir como intermediários. No entanto, é percebida a presença de pessoas sem antecedentes criminais. Aqueles, que segundo Lorenzo Espósito, não acreditam ou julgam como pequena a punição pelo crime de moeda falsa.
"Notamos que a grande maioria faz a primeira compra, é como se fosse um teste. Como ele só vê a foto na internet, compra normalmente entre R$ 1 mil e R$ 2 mil", comenta.
De acordo com o delegado, há várias formas de começar uma investigação de produção ou venda de notas falsas. Uma delas é após uma denúncia anônima recebida. Outra forma é o contato entre as polícias. Há ainda ocasiões em que os Correios podem acionar a polícia.
"Todas as polícias usam todas as técnicas possíveis e que estão dentro da lei. Os meios lícitos são usados. Por exemplo, acompanhar rede social, levantamento de campo, tratar com informante, conversar com forças policias e transportadoras", detalha.
Quem falsifica, fabrica ou altera a moeda responde pelo crime de moeda falsa. A pena é de multa e reclusão de 3 a 12 anos.
O delegado da Polícia Federal destaca que a corporação tem como um dos objetivos identificar as fábricas de notas falsas ao redor do Brasil. Assim, é possível conhecer quem fabrica e venda a moeda. Lorenzo Espósito chama atenção para aqueles que recebem a cédula falsa e, sabendo da não veracidade, não comunicam à polícia.
"Quem compra sabendo da nota falsa responde pelo crime. É indiciado por comprar algo e introduzir no meio. Quem recebe de boa-fé também responde por um crime, mas de menor potencial", afirma,
Caso você receba uma moeda falsa, deve, segundo o delegado:
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