Um empresário do ramo de carros de luxo foi preso em Jardim Bela Vista, na Serra, na última sexta-feira (19), suspeito de financiar o tráfico de drogas de Tabuazeiro e adjacências, em Vitória. Daud Martins Nasser dos Santos, vulgo "Abel", de 29 anos, também era procurado por tráfico de drogas, falsificação de documentos públicos, adulteração de veículos automotores, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
De acordo com a Polícia Civil, o suspeito é o principal alvo da Operação Kreator, deflagrada em novembro de 2022 com objetivo de desarticular um grupo criminosos que atua no tráfico de drogas no Morro do Macaco.
A prisão foi realizada por meio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), com apoio do Centro de Inteligência e Análise Telemática (Ciat).
Ainda de acordo com a polícia, o empresário havia conseguido fugir dos policiais em novembro de 2022, na primeira tentativa de prendê-lo. Na ocasião, as equipes apreenderam uma BMW que pertencia ao investigado, além de outro veículo, drogas e arma.
O superintendente de Polícia Especializada, delegado Romualdo Gianordolli Neto, explicou que durante a operação, em novembro de 2022, o suspeito fugiu por uma região de mata. Na sexta-feira (19), ele voltou a tentar fugir do mesmo modo, mas os policiais conseguiram detê-lo.
“Em novembro ele fugiu pelo mato e ficou muito tempo fora do Estado. A equipe do delegado Júlio descobriu que ele tinha voltado e estava em Jardim Bela Vista. Ele tentou fugir também por um matagal atrás, mas a equipe se preparou e conseguiu capturá-lo”, explicou Romualdo.
Ainda segundo o delegado, o suspeito falsificava identidades para que indivíduos pudessem abrir contas em bancos. Após a abertura, eles pediam empréstimos e cartões de crédito. Ele também trazia carros roubados, principalmente de Minas Gerais, aqui conseguia “placa quente” e clonava.
A Polícia Civil encontrou ligações entre Daud Martins Nasser dos Santos e os irmãos Vera, que comanda o tráfico de drogas em Tabuazeiro (Vitória), e figuram na lista dos 10 mais procurados do Espírito Santo.
No dia 8 de novembro, a Polícia Civil deu início a Operação Kreator, nas cidades de Vitória, Vila Velha e Serra, contra o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Ao todo, foram 10 mandados de prisão e quatro pessoas presas na ocasião. A ação foi coordenada pelo titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Romualdo Gianordoli Neto.
Além das quatro prisões, foram apreendidos dois veículos, sendo uma BMW e um Ford Fusion, além de 420 pinos de cocaína e uma pistola calibre 380.
Um homem de 26 anos, uma mulher de 25 e um terceiro jovem de 22 anos foram capturados pelo crime de tráfico de drogas, nos bairros Comdusa, em Vitória, e Alvorada, em Vila Velha. O quarto investigado foi preso no bairro Praia de Itaparica, também no município canela-verde.
A ação é um desdobramento da Operação Sicário II, que visa o combate a uma organização criminosa que age em diversos bairros, inclusive no Morro do Macaco, com forte ligação com uma organização do Rio de Janeiro.
Em dezembro do ano passado, um homem de 22 anos apontado pela Polícia Civil como gerente do tráfico do Morro do Cruzamento, em Vitória, foi preso no Morro do Macaco, em Tabuazeiro. Ele também era um dos alvos da Operação Kreator.
A defesa de Daud Martins Nasser dos Santos entrou em contato com o jornal A Gazeta e afirmou que "o acusado nunca sequer fora investigado e tampouco denunciado por tráfico de drogas, nunca integrou organizações criminosas (e também nunca foi acusado por isso), além de nunca ter sido acusado de promover adulteração em veículos".
"Cabe também a seguinte complementação: a tese acusatória acerca do famigerado 'financiamento do tráfico' cinge-se à um único 'print' obtido ao longo da investigação, em que o Daud teria "dado" R$ 150 para um traficante local. E aqui cabe a seguinte retórica: juridicamente, é sustentável a acusação de financiar o tráfico de todo aquele que já comprou algum material ilícito na vida? Por fim, enfatizo que todo o patrimônio de Daud é lastreado e constituído de forma lícita e está em seu nome, o que denota perplexidade na acusação de lavagem de dinheiro", destacou.
Diante das declarações, a reportagem procurou a assessoria da Polícia Civil para mais esclarecimentos. A PC informou que todo o processo de investigação da Operação Kreator, realizada pelo Departamento Especializado de Homicídios e Proteção à Pessoa, correu dentro da legalidade, com a anuência do Ministério Público Estadual.
Destacou ainda que o detido foi indiciado pela Polícia Civil, denunciado pelo Ministério Público e a denúncia foi recebida e aceita pelo Poder Judiciário. E por esta razão foi expedido o mandado de prisão preventiva por tráfico de drogas, falsificação de documento público, adulteração de veículos automotores, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
O mandado de prisão foi cumprido na última quinta-feira (19) e o homem permanece detido no sistema prisional capixaba.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta