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Empresário do ES é preso por se unir ao tráfico para fornecer internet em bairro

Empresário do ES é preso por se unir ao tráfico para fornecer internet em bairro

Além do empresário, um familiar dos 'Irmãos Vera' foi preso no Espírito Santo, segundo a Polícia Civil; são realizadas operações em território capixaba e no Rio de Janeiro

Publicado em 29 de janeiro de 2025 às 09:32

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Operação realizada pela Polícia Civil na manhã desta quarta (29)
Operação realizada pela Polícia Civil na manhã desta quarta (29). (Divulgação Sesp)
Felipe Sena
Repórter / fsena@redegazeta.com.br

Um empresário da área de internet foi preso no Espírito Santo, nesta quarta-feira (29), por suspeita de envolvimento com um esquema de extorsão ligado ao tráfico de drogas para extinguir a concorrência e se tornar o único fornecedor de serviço nas áreas de atuação do grupo criminoso. As investigações apontaram que ele providenciava o rompimento de cabos dos concorrentes, impedindo que os moradores de Itararé, em Vitória, tivessem acesso ao serviço de outras empresas.

A prisão ocorreu durante a Operação Conexão Perdida, conduzida pela Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social do Espírito Santo (Sesp), em parceria com forças de segurança do Rio de Janeiro. A ação mirou criminosos envolvidos em um esquema de extorsão de empresários, comerciantes e prestadores de serviços, como internet, distribuição de gás e água.

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O empresário se passava como vítima dessas extorsões. Quando a investigação caminhou, percebemos que ele não era vítima, mas também um autor. Ele realizada o rompimento dos cabos dos concorrentes no ramo de internet. Com isso, ele garantia que só a internet dele que dominaria aquela região

Delegado Alan Moreno de Andrade
Coordenador do Centro de Inteligência e Análise Telemática (Ciat)
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Extorsão de traficantes vira alvo de operações da polícia no ES e RJ
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O empresário teria relações com Luan Gomes Faria, o Kamu, um dos "Irmãos Vera". Kamu foi preso no final de 2023 com outro irmão, Gabriel Gomes faria, o Buti. Além do empresário, outra pessoa foi presa no Espírito Santo, segundo o delegado, um familiar de Kamu. O terceiro 'Irmão Vera' foragido, Bruno Gomes Faria, conhecido como "Nono", é um dos alvos da polícia, mas no Rio de Janeiro.

Braço da operação no Rio de Janeiro

Um braço da operação acontece, simultaneamente, no Rio de Janeiro. A polícia identificou que os líderes da organização davam as ordens de lá, determinando valores de "pedágio" a serem cobrados. Segundo o delegado Alan Moreno, a polícia detectou a atuação do grupo no Estado do Rio analisando movimentações financeiras. De acordo com ele, um banco paralelo chegou a ser criado e movimentou mais de R$ 40 milhões em 2024.

Outros alvos são procurados no Rio de Janeiro. Lá, a polícia cumpre mandados de prisão contra lideranças do grupo criminoso, incluindo Bruno Gomes Faria, conhecido como "Nono", e Marcos Luiz Pereira Junior, o "MK". Segundo as investigações, eles comandavam as extorsões à distância, articulando os esquemas por meio de aplicativos de mensagem e videochamadas.

A Operação Conexão Perdida também resultou no bloqueio e na indisponibilidade de bens dos envolvidos, incluindo empresários e membros da facção.

Ameaças e interrupção dos serviços

Ainda no ano passado, a colunista de A Gazeta Vilmara Fernandes entrevistou empresários que relataram estar em uma situação de desespero devido às extorsões. Em coluna publicada em março de 2024, quando houve uma suspensão do serviço de internet, após cabos serem cortados em pelo menos três bairros da Grande Vitória. Técnicos foram impedidos de ter acesso aos locais, o que deixou os moradores sem o sinal.

Ainda segundo a apuração da colunista, as recusas no pagamento são seguidas de ameaças a funcionários, que já chegaram a ser detidos pelos traficantes, a familiares, e ao corte dos fios que levam o sinal às casas dos moradores. Também são impedidos de promoverem consertos e atender chamadas na região.

Os valores cobrados dos empresários variavam, chegando a R$ 15 mil ao final de 2024. A intimidação fez com que algumas empresas deixassem de atuar nas comunidades afetadas.

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