Acusado de aplicar um golpe de R$ 29 milhões em pelo menos três vítimas, o empresário capixaba Felipe Médici Toscano, de 35 anos, foi extraditado da Itália e deu entrada em um presídio no Espírito Santo nesta terça-feira (18). Segundo a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), Felipe está no Centro de Detenção Provisória de Viana 2.
Ainda nesta terça-feira (18), a juíza Gisele Souza de Oliveira, da 4ª Vara Criminal de Vitória, que fez o pedido de extradição do empresário em 2019, determinou uma audiência de custódia para às 10h30 desta quarta-feira (19).
Felipe foi investigado pela Polícia Civil do Espírito Santo por estelionato, lavagem de dinheiro, organização criminosa e falsificação de documento. No dia 19 de dezembro de 2018, o homem foi preso na Itália pela Internacional Criminal Police Organization (Interpol).
A reportagem de A Gazeta tentou contato com a defesa de Felipe Médici nesta terça-feira (18), o advogado Rodrigo Horta, a fim de saber mais detalhes da audiência e para checar se a defesa gostaria de se posicionar sobre o caso. Até a publicação desta matéria, não houve resposta.
Felipe Medici Toscano é agente financeiro que se oferecia para agenciar empresários a fazer aplicações financeiras em bancos estrangeiros. Ele movimentava o dinheiro das vítimas e repassava extratos e saldos falsos, chegando até a fazer um aplicativo de telefone e site para que as vítimas acompanhassem as supostas movimentações financeiras.
A polícia afirmou que tudo foi criado por ele para enganar as vítimas, que não conseguiam reaver os valores. Felipe foi preso na Itália em dezembro de 2018, pela Interpol, e o sócio dele, o ex-gerente de banco Alexandre Silva Mello, de 43 anos, também foi detido na manhã de14 de janeiro de 2019, na Praia do Suá, em Vitória.
Segundo a delegada Rhaiana Bremenkamp à época, titular da Delegacia de Falsificações e Defraudações (Defa), a esposa foi para a Itália com Felipe quando um dos golpes no valor de R$ 10 milhões foi descoberto. Ao retornar em dezembro para buscar documentos para retirar a cidadania italiana, Isis passou a ser alvo da polícia.
“Quando pedimos a prisão preventiva de Felipe, também solicitamos a apreensão do passaporte da esposa, pois, a princípio, ela era apenas uma suspeita. Porém, ao retornar ao Brasil e ser ouvida na delegacia duas vezes, a Isis omite a verdade e fatos para atrapalhar as investigações, proteger o marido e os valores que eles desviaram”, afirmou a delegada.
Bremenkamp também descreveu na ocasião a participação efetiva do empresário Alexandre Mello no esquema de golpes milionários. “Ele é um ex-gerente de banco que tinha a função de captar aquelas vítimas, quem tinha perfil e capital para que fosse alvo dos golpes. Ele era uma espécie de sócio do Felipe, que finalizava o golpe contra a vítima”, pontuou a delegada da Defa.
No dia 29 de agosto de 2019, oito meses após a prisão de Felipe, foi realizada a primeira audiência de instrução, onde uma vítima e quatro testemunhas foram ouvidas no Fórum de Vila Velha.
Na época, o advogado de uma das vítimas Renan Sales, o acusado Felipe Medici esteve preso em prisão domiciliar na Itália onde foi localizado pela Interpol, em dezembro de 2018. O advogado relatou ainda que, naquela ocasião, a Justiça já havia solicitado o retorno dele para o Brasil.
O advogado de acusação Renan Sales contou na época que a vítima, que não está sendo identificada, conheceu Felipe com a intenção de fazer um empréstimo bancário para empresa que possui, mas em seguida desistiu da ação. Foi abordado em seguida com a proposta de Felipe para investir na bolsa de valores em bancos internacionais.
“Ele desistiu de fazer esse empréstimo, mas o Felipe já tinha os dados dele e ofereceu essa proposta. Meu cliente chegou a acompanhar o serviço de Felipe Medici por um ano, na tentativa de conhecer melhor as ações. O Felipe trabalhava muito bem, ele conseguia maquiar as fraudes dele fazendo com que parecesse real o investimento, e meu cliente caiu no golpe em 2014”, relatou.
Sales contou ainda que o investimento da vítima não foi feito todo de uma só vez. “Ele fez o primeiro investimento e acompanhava por um site que o acusado falsificou, se passando por um banco. Além do site falso, o acusado apresentava à vítima relatórios físicos e eletrônicos que continham conteúdo falso, maquiado, que apresentavam, portanto, resultado divorciado da realidade. Os relatórios falsos indicavam que as aplicações financeiras da vítima estavam positivas, enquanto, na verdade, apresentavam resultado negativo”, contou.
A vítima teria percebido que caiu em um golpe quando precisou retirar o dinheiro e não conseguiu. “Ele entrou em contato com o acusado querendo parte do dinheiro para um investimento na empresa, primeiro o acusado enrolou, depois ele chegou a dizer que era um golpe, temos uma gravação com isso que já está com a Justiça”, afirmou Renan Sales na ocasião.
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