Um engenheiro civil aposentado e psicólogo, que mora na Mata da Praia, em Vitória, é investigado pela Polícia Civil por ameaçar fazer um atentado em um shopping.
Policiais cumpriram um mandado de busca e apreensão na casa do investigado, de 61 anos, e apreenderam uma arma de calibre 38 que não estava registrada no nome do suspeito. Foram apreendidos também um CPU de computador, três notebooks e 28 HD's externos.
Em uma mensagem divulgada em um grupo de WhatsApp, que reúne pessoas do Brasil inteiro para discutir assuntos ligados à cultura, o suspeito diz que está convocando cinco pessoas para "invadir um shopping" na hora do rush e "fuzilar o máximo possível". No texto, ele diz que o grupo vai entrar armado com metralhadoras, granadas e bombas potentes e que, se o plano der certo, outros shoppings e estádios de futebol também se tornariam o alvo. O suspeito, que também tem o hobby de escrever e é caracterizado pela polícia como uma pessoa culta, não cita a localização dos espaços que seriam atingidos. As ameaças foram feitas em março. Segundo o delegado Brenno Andrade, da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), o suspeito também chegou a postar mensagens chamando os atiradores do atentado em uma escola de Suzano, no interior de São Paulo, de heróis.
"Em uma das postagens, ele fala que já tinha um atentado planejado no shopping, disse que as armas estavam no carro e ele falou que pensou e desistiu. Como a Polícia não sabe se isso se trata de um texto fictício ou de uma verdade, precisamos apurar para saber se de fato tem alguma possibilidade disso acontecer ou não e por isso foi cumprido um mandado de busca e apreensão na casa dele", explica o delegado.
Após o envio das mensagens, o investigado foi banido do grupo e um dos membros o denunciou na Polícia Federal, que encaminhou o caso à Polícia Civil por entender que não se tratava de terrorismo
O morador da Mata da Praia está na Alemanha com a esposa e só deve retornar no início do próximo mês, segundo o filho do casal que atendeu os policiais. O filho foi ouvido pela Polícia e justificou as mensagens dizendo que o pai, por trabalhar com psicologia, gostava de postar "essas coisas" para ver a reação das pessoas, como se fosse um estudo. O delegado disse que o suspeito vai ser ouvido assim que voltar da Alemanha. "Caso ocorra dele não comparecer à delegacia, aí a polícia pode tomar outras providências que serão possivelmente adotadas", afirma.
O suspeito pode responder pelos crimes de posse ilegal de arma, por apologia ao crime e apologia ao criminoso e também por causar pânico ou tumulto. A Polícia não identificou parceiros que poderiam ter sido recrutados pelo morador da Mata da Praia e trata, de início, como um caso isolado.
Por meio de nota, o Conselho Regional de Psicologia da 16ª Região (CRP-16/ES ) informou que o profissional em possui registro ativo no Conselho, estando sujeito a responder a processo ético disciplinar após apuração pela Comissão de Orientação e Fiscalização que analisa os procedimentos adequados referentes ao caso noticiado.
"Nesse sentido, é importante ressaltar que o trabalho desta autarquia se destina a toda sociedade, à medida que tem como prerrogativa zelar por um exercício profissional ético que contribua para o desenvolvimento e fortalecimento da Psicologia enquanto ciência e profissão. A sociedade deve acionar o Conselho diante de qualquer suspeita de conduta inadequada no exercício profissional. As denúncias são acolhidas e encaminhadas pela Comissão de Orientação e Fiscalização. Por fim, ressaltamos que este Conselho repudia toda e qualquer atitude que fira os valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos, sustentáculo do Código de Ética Profissional da Psicóloga/o".
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