A Polícia Civil concluiu que o perito aposentado, Celso Marvila Lima, de 64 anos, foi assassinado porque havia começado a suspender e cancelar títulos do Jockey de Clube do Espírito Santo, localizado em Itaparica, Vila Velha, o que gerou insatisfação em pessoas próximas a ele. O ex-integrante da PC capixaba foi executado no dia 3 de agosto. O carro dele, uma caminhonete L200, foi encontrado queimado horas depois na estrada para Xuri, no mesmo município.
A reportagem de A Gazeta teve acesso aos nomes e às idades dos envolvidos no crime, e a corporação explicou a relação entre os detidos e qual teria sido a participação de cada um no homicídio, cuja execução teria tido o envolvimento direto de três pessoas, incluindo um bombeiro e um policial.
O policial militar reformado Lucas dos Santos Lage, de 35 anos, e um dos gerentes do Jockey Clube, identificado como Milton Candido da Silva Filho, de 40 anos, já haviam sido presos anteriormente.
Até o momento, a polícia ainda não encontrou o corpo do perito aposentado e as investigações seguem para mais informações.
Marvila, que era presidente do Jockey Clube há cerca de um ano, passou a suspender títulos de inadimplentes e de outros sócios, pois o local estava em processo de venda de algumas áreas por valores milionários.
De acordo com o titular da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, delegado Tarik Souki, o Jockey Clube já havia vendido a parte dos fundos por R$ 40 milhões e estava em processo para venda da parte da frente, pelo valor de aproximadamente R$ 140 milhões.
"Quem estava encabeçando a venda era o Celso Marvila. Ele deu início a uma cassação de títulos, onde vários foram cancelados, inclusive de uma determinada pessoa, que era muito amigo do Marvila. Ali surgiu a desavença. Era notória a desavença, ocorreram ameaças e diversas situações que fizeram com que as pessoas soubessem dessa desavença”, explicou o delegado.
Essa pessoa, conforme conseguiu apurar a reportagem de A Gazeta, seria o sargento do Corpo de Bombeiros, Wenos Francisco dos Anjos. Ele estava no Jockey Clube no dia que o perito foi morto, junto aos outros quatro suspeitos.
Somente a namorada do sargento, Andressa Rodrigues Corrêa, que não estava no local no momento do crime, detalhou a PC.
De acordo com o delegado Tarik, o perito aposentado Celso Marvila, foi morto no dia 3 de agosto de 2022, entre 17h e 18h30. Isso porque às 17 horas, três funcionários viram a vítima pela última vez e às 18h46 o carro de Marvila sai do Jockey Clube e é levado até o local onde foi encontrado incendiado.
A Polícia Civil acredita que nesse meio tempo, a vítima foi capturada e morta em um dos pavilhões que fica na parte mais baixa do Jockey Clube.
Por imagens de videomonitoramento de um shopping que fica próximo do local, a polícia descobre que às 18h39 o carro da vítima é levado até esse pavilhão. Nesse tempo, o carro de outro comparsa estaciona e fica por cerca de cinco minutos. Em seguida, sai, acompanhada do carro de Marvila.
Conforme apontado pelas investigações que analisaram mais de 300 horas de imagens de videomonitoramento, o corpo do perito deve ter sido levado por outro veículo até um local – ainda não identificado – diferente de onde a caminhonete da vítima foi achada incendiada, no dia 4 de agosto.
De acordo com o delegado Tarik Souki, dos seis presos, cinco estavam no local e no mesmo horário do crime no Jockey Clube.
Apesar de ser difícil determinar o que cada um fez, por falta de confissões, de acordo com investigações, a polícia conseguiu determinar que dos cinco que estavam no local, três deles participaram diretamente na execução e eliminação dos vestígios.
A Polícia Civil não informa quais nomes dos suspeitos que participaram da execução, mas a reportagem de A Gazeta obteve a informação que foram o sargento do Corpo de Bombeiros, Wenos Francisco dos Anjos, o PM Lucas dos Santos Lage e um dos gerentes do Jockey Clube, Milton Candido da Silva Filho, que também era muito amigo do Wenos.
O irmão do sargento, Wesley Francisco dos Anjos e Anderson Sirilo, de 40 anos, funcionário do Jockey Clube, apenas presenciaram o crime.
A namorada do sargento, Andressa Rodrigues Corrêa, foi presa porque sabia do crime e colaborou com o álibi do companheiro.
O sargento do Corpo de Bombeiros, Wenos Francisco dos Anjos, era quem tinha a maior desavença por conta da suspensão de títulos do Jockey Clube. O irmão dele, Wesley Francisco dos Anjos, também era sócio do local e não estava satisfeito com a administração do Marvila.
O soldado Lucas dos Santos Lage apenas participou por ser muito amigo dos irmãos. O gerente do Jockey Clube, Milton Candido da Silva Filho, também era muito próximo do sargento. Já o funcionário do clube, Anderson Sirilo, a polícia não conseguiu descobrir a motivação para a participação, mas acredita que ele estivesse insatisfeito com administração de Marvila.
A namorada do sargento, Andressa Rodrigues Corrêa, não esteve envolvida diretamente no assassinato, apenas colaborou com o álibi do companheiro.
Sem as confissões dos envolvidos, a Polícia Civil não conseguiu informações que apontem a premeditação do crime. O que se sabe é que já havia uma desavença anterior
“O edital para a venda do Jockey já havia sido lançado para aquela semana. Curiosamente, no dia depois da morte do perito, o edital da venda foi cancelado. Possivelmente, pode ter sido premeditado ou eles podem ter tido uma oportunidade”, disse.
A partir do momento que o carro foi incendiado, os cinco suspeitos se separam para construir seus álibis. Um deles, o soldado reformado da PM Lucas, vai até uma boate em Vila Velha, onde fica por 30 minutos e sai correndo do local. Segundo a polícia, ele saiu para eliminar os vestígios ou acabou de eliminar a vítima. O que se sabe é que ele enviou uma mensagem dizendo que resolveria um problema que estava na mão dele.
Cerca de 1h30 ele retorna a boate mais calmo para comemorar.
“Conseguimos por imagens o momento que esse suspeito entra na boate para comemorar a morte do policial. Ele sai para acabar de eliminar vestígios conforme nossas apurações. Depois ele retorna e continua a comemoração. Ele sai da boate às 4h50, no mesmo momento que dois indivíduos retornam ao pavilhão e fazem uma busca, inclusive com lanternas, mostrando que estavam fazendo uma limpeza da região. Está comprovado que eles saíram do local, colocaram roupas de corrida para parecer que estavam correndo, e voltaram para um local próximo para acabar de eliminar vestígios onde possivelmente enterraram o perito”, destacou o titular da DHPP Vila Velha, delegado Tarik Souki.
De acordo com o titular da DHPP Vila Velha, delegado Tarik Souki, não restam dúvidas que o perito aposentado Celso Marvila foi assassinado. Ele explica que os suspeitos usaram métodos antigos para cometer o crime.
“Alguns dos suspeitos são profissionais nessas situações, conseguimos traçar perfis de alguns deles como sendo indivíduos que participam de grupos de extermínio e narcotráfico. Então eles fazem isso, desaparecem com o corpo e incendeiam o veículo para eliminar provas, mas buscamos outros meios de provas e conseguimos determinar que Marvila foi assassinado”, ressaltou o delegado, que pede ajuda da população para informações sobre o paradeiro do corpo do perito, através do Disque-Denúncia (181).
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