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Entenda o trabalho do sniper, o atirador de elite da PM

Entenda o trabalho do sniper, o atirador de elite da PM

Além de precisão, a atividade requer controle emocional e frieza. O profissional não pode errar o disparo

Publicado em 25 de agosto de 2019 às 10:09

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Sniper é usado durante operação da polícia para liberar reféns do sequestro a ônibus na Ponte Rio-Niterói. (Ricardo Cassiano/Agência O Dia)

Ninguém sabe onde ele está. Frio e preciso, o sniper tem uma missão: dar um tiro certeiro. "Ele não pode errar", ressalta o especialista em segurança, Jorge Aragão.

Os snipers, ou atiradores de elite, são policiais altamente capacitados, que desenvolvem um trabalho especial dentro da Polícia Militar. Eles são treinados para ter um tiro perfeito e agir em meio a situações adversas, sob alta pressão.

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Além de todas as habilidades técnicas, é fundamental ter controle emocional. É um trabalho que exige calma, disciplina e frieza

Coronel Nylton Rodrigues, ex comandante geral da PM
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O trabalho do sniper é acionado apenas em casos de alto risco, onde há presença de reféns, como aconteceu na manhã desta terça-feira (20) quando um ônibus com 37 pessoas foi sequestrado na ponte Rio-Niterói, no Rio de Janeiro.

"Se há grave ameaça à vida de terceiros, faz parte da doutrina da polícia posicionar um sniper, prepará-lo. Isso não quer dizer que ele vai ser usado, mas ele precisa estar pronto para atuar", explica o coronel Nylton Rodrigues.

Sequestrador chega a sair e colocar parte do corpo para fora do ônibus na Ponte Rio-Niterói. (Reprodução/ TV Globo)

No caso do Rio de Janeiro, após quase 4 horas de negociações, o comandante geral do Batalhão de Operações Especiais (Bope) decidiu pela tática letal para resolver o conflito. O sequestrador foi morto por disparos feitos por um sniper. Todos os reféns foram liberados do ônibus sem ferimentos.

"Do ponto de vista policial, a atuação foi perfeita. Neste tipo de situação, que você tem uma pessoa ameaçando a vida de várias outras, a polícia tem que trabalhar com o pior cenário possível e fazer de tudo para que ele não aconteça. No caso, era que todos aqueles passageiros morressem", analisa o especialista Jorge Aragão.

O uso do sniper, contudo, é a última opção em uma tentativa de resolução de conflito. "Ele só vai agir depois que uma gama de outras possibilidades já foram usadas, quando não tem mais jeito", declarou o coronel da reserva da Polícia Militar, Gustavo Debortoli.

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O processo que antecede a ação de um atirador de elite é longo. De acordo com Debortoli, inicialmente é feito o isolamento do local. Com a ajuda de um psicólogo e da família, é traçado um perfil do criminoso. Em seguida são iniciadas as negociações, e o posicionamento do sniper.

Após todas as tentativas de negociações falharem, o atirador é acionado. Porém, a decisão de atirar não parte dele, mas do comandante da operação. Cabe ao sniper decidir o melhor momento para o disparo.

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O atirador e o comandante ficam o tempo todo em contato. O sniper é consultado para saber se tem uma boa posição e se é possível efetuar o disparo. Assim que a permissão do tiro é dada, ele tem o tempo que quiser para buscar o melhor posicionamento e atira

Gustavo Debortoli, coronel da reserva da PM
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A Ponte Rio-Niterói foi fechada para o trabalho de negociação da polícia com o sequestrador. (Reprodução/TV Globo)

PRECISÃO

O sniper é um atirador de precisão e treinado para resolver a situação no primeiro tiro. Efetuar vários disparos, como foi visto no desfecho da ação da polícia no Rio de Janeiro, não é comum, de acordo com o coronel da reserva Gustavo Debortoli.

"Em tese o sniper efetua apenas um disparo, que é letal. Ele é rigorosamente treinado para não errar e controlar a situação com um único tiro. Até porque, ele pode causar um dano colateral ao realizar outros disparos", ressaltou.

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Segundo a perícia do Rio de Janeiro, foram encontradas três perfurações no sequestrador morto pelo sniper na Ponte Rio-Niterói.  O número de tiros não foi informado, já que as perfurações podem indicar a entrada e saída de um mesmo tiro. No local, testemunhas informaram que aproximadamente seis disparos foram ouvidos. 

O especialista em segurança, Jorge Aragão, pontua, porém, que condições adversas podem ter feito com que o atirador fizesse mais de um disparo, como o fato de não saber se o sequestrador segurava uma arma.

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Não dava para saber se ele estava armado, então talvez se ele fizesse um disparo e pegasse no braço, por exemplo, o sequestrador conseguisse atirar. Além disso, o sniper tinha um fator ruim, estava no alto de uma ponte que ondula, parado, com vento. Isso tudo age contra o atirador

Jorge Aragão, especialista em segurança
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INTERFERÊNCIA POLÍTICA

A decisão de atirar é tomada pelo comandante da operação. É ele quem sinaliza para colocar o sniper em ação. Contudo, a interferência política, de pessoas do governo, ainda acontece neste tipo de situação. 

"A última palavra é do comandante, que está o tempo todo em contato com todo mundo, negociador, atirador, psicólogo. Mas é claro que existe o governador que, se não autorizar aquele disparo, não vai ser feito", defende Jorge Aragão. 

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O ex comandante da PM, coronel Nylton Rodrigues, confirma que em alguns casos há interferência política, o que, segundo ele, não é ideal. Ele explica que este tipo de influência pode prejudicar na hora da decisão, que deveria ser exclusiva do comandante. 

"É uma decisão técnica, que tem que ser tomada por quem está vivendo aquela situação. O comandante baseia a decisão no risco do refém, no comportamento do sequestrador, em fundamentos técnicos. A partir do momento que o nível político começa a interferir, isso atrapalha", declarou.

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