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Entenda por que pais foram presos suspeitos da morte do filho no ES

Entenda por que pais foram presos suspeitos da morte do filho no ES

Mãe levou o filho ao hospital alegando pneumonia, mas acabou presa assim como o pai da criança; PC investiga comportamento do casal, troca de mensagens e causa da morte

Publicado em 6 de julho de 2022 às 22:04- Atualizado há 2 anos

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Jeorgia Teixeira da Silva e Maycon Milagre da Cruz são suspeitos de estuprar e matar o próprio filho, de apenas dois anos. O pequeno Jorge Teixeira da Silva faleceu após dar entrada em um hospital público em Vila Velha na última segunda-feira (4). Alguns pontos observados após a constatação da morte fizeram com que os pais fossem presos em flagrante e tivessem a prisão preventiva decretada nesta quarta-feira (6) pela Justiça.

Segundo laudo feito por médicos-legistas no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, a criança foi espancada, torturada e estuprada. No corpo dela, foram encontradas lesões e queimaduras. De acordo com a Polícia Civil, o casal teve um comportamento estranho, sem conversa ou demonstração de emoções.

Jorge Teixeira da Silva, de 2 anos
Jorge Teixeira da Silva, de 2 anos. (Reprodução )

Apesar de os pais da criança serem os suspeitos do crime, eles negaram à polícia qualquer envolvimento na morte do filho. Ainda assim, eles foram autuados por estupro de vulnerável com resultado de morte e tortura, sendo encaminhados ao sistema prisional capixaba.

ENTENDA POR QUE OS PAIS FORAM PRESOS

  • 01

    Mãe apontou pneumonia em filho

    Na madrugada de segunda (4), Jorge Teixeira da Silva foi levado pela mãe para o Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha. Segundo a Polícia Civil, Jeorgia informou, ao chegar ao local, que a criança estava com pneumonia. Porém, os médicos perceberam que a criança estava com lesões, apontando possíveis torturas e abusos.

  • 02

    Sinais de abusos sexuais

    O crime começou a ser apurado durante a madrugada dessa terça-feira (5), quando a polícia tomou conhecimento da morte da criança. A corporação tinha informações sobre sinais de abusos sexuais. O corpo foi levado ao DML, com o acompanhamento da equipe policial. O objetivo era entender o que causou a morte do menino.

  • 03

    Pais indiferentes à morte

    Desde a chegada ao Himaba até a detenção do casal, a polícia afirmou ter observado que os pais da criança demonstravam indiferença com a morte dela, sem emoções ou tristeza aparente, apesar da gravidade do caso. Na avaliação de Alan Moreno, delegado adjunto da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, o comportamento causou estranhamento.

  • 04

    Casal não queria filho no DML

    Segundo a Polícia Civil, Jeorgia e Maycon apresentaram resistência quando souberam do protocolo de transferência do Himaba, que encaminharia o corpo de Jorge para o DML. Segundo apuração da repórter Daniela Carla, da TV Gazeta, os pais tentaram evitar que o corpo fosse levado. A tentativa era que a criança fosse diretamente para uma funerária. O casal teria alegado não ser necessária a autópsia do corpo.

  • 05

    Exame aponta causa da morte

    Após a realização de um exame no DML, o médico-legista apontou que o menino havia sido violentado sexualmente e que a causa da morte foi "choque séptico peritonite, decorrente da perfuração do reto e do ânus devido a um trauma contuso anal". A pneumonia, antes relatada pela mãe, foi descartada pela Polícia Civil.

  • 06

    Possíveis queimaduras por cigarro

    Com os exames feitos na PC, os médicos apontaram que houve introdução de instrumento contundente na vítima, além de lesões na face, no dorso, no braço e em parte da coxa, que podem ter sido provocadas por cigarro.

  • 07

    Sem explicações à polícia

    O descarte da pneumonia e o conhecimento das lesões internas e externas fizeram com que o casal fosse levado a explicar o ocorrido. Jeorgia Teixeira da Silva e Maycon Milagre da Cruz foram conduzidos à Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa de Vila Velha, onde prestaram depoimento por aproximadamente 12 horas. Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (6), o delegado Alan Moreno afirmou que eles não souberam dizer o que aconteceu com a criança de domingo (3) para segunda (4), tendo "apresentado versões lacunosas e imprecisas".

  • 08

    Troca de mensagens chama atenção

    Durante as investigações, uma troca de mensagens entre os pais chamou a atenção da polícia. Após o alerta feito por médicos sobre a suspeita de abuso, a mãe da criança entrou em contato com o companheiro. "Ela diz assim: 'O nosso filho foi vítima de um estupro'. O pai responde: 'Estupro, mas por quê?', e ela diz que a médica estava falando que ela precisava ir até a delegacia fazer um boletim. O pai fala que isso é normal, que todo hospital faz isso, e para a mulher ficar tranquila", detalhou o delegado Alan Moreno. Após confeccionar o boletim, quando a criança ainda estava viva no hospital, Maycon mandou uma mensagem para a mulher. "Ele fala a seguinte frase: 'Depois nós temos que sentar e conversar sobre o boletim, pode ser que tenhamos passado alguma coisa despercebida'. Quero deixar claro que temos que entender o que foi dito antes e após essas mensagens, para fazer uma contextualização, mas elas causam estranheza à polícia", disse o delegado.

O QUE DIZ A DEFESA

Um dia após a prisão dos pais de Jorge Teixeira da Silva, principais suspeitos do crime, a defesa de Jeorgia Teixeira da Silva se pronunciou sobre o caso, afirmando que ela "não tem nenhum envolvimento com a morte do filho".

Em nota enviada nesta quinta-feira (7), a defesa considerou que houve "erro na conclusão das investigações, que foram conduzidas de forma açodada e irresponsável".

Em contato com a reportagem de A Gazeta, os advogados Carlos Bermudes e Lucas Kaiser informaram que estão defendendo apenas a mãe da criança, sem envolvimento com a defesa de Maycon Milagre da Cruz.

Segundo a nota, a mãe está interessada em saber o que aconteceu. "A Jeorgia não pode ser julgada e muito menos condenada, antes que todo o processo seja concluído. Os equívocos encontrados serão esclarecidos e temos plena convicção de que iremos provar a inocência dela quanto à morte da criança."

A reportagem de A Gazeta não localizou o responsável pela defesa de Maycon, mas reforça que este espaço está aberto, caso a parte queira se manifestar.

Errata Atualização
7 de julho de 2022 às 17:07

Após a publicação desta matéria, a defesa de Jeorgia enviou uma nota sobre o caso, afirmando que a mãe da criança é inocente. O texto foi atualizado.

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