Jeorgia Teixeira da Silva e Maycon Milagre da Cruz são suspeitos de estuprar e matar o próprio filho, de apenas dois anos. O pequeno Jorge Teixeira da Silva faleceu após dar entrada em um hospital público em Vila Velha na última segunda-feira (4). Alguns pontos observados após a constatação da morte fizeram com que os pais fossem presos em flagrante e tivessem a prisão preventiva decretada nesta quarta-feira (6) pela Justiça.
Segundo laudo feito por médicos-legistas no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, a criança foi espancada, torturada e estuprada. No corpo dela, foram encontradas lesões e queimaduras. De acordo com a Polícia Civil, o casal teve um comportamento estranho, sem conversa ou demonstração de emoções.
Apesar de os pais da criança serem os suspeitos do crime, eles negaram à polícia qualquer envolvimento na morte do filho. Ainda assim, eles foram autuados por estupro de vulnerável com resultado de morte e tortura, sendo encaminhados ao sistema prisional capixaba.
Na madrugada de segunda (4), Jorge Teixeira da Silva foi levado pela mãe para o Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha. Segundo a Polícia Civil, Jeorgia informou, ao chegar ao local, que a criança estava com pneumonia. Porém, os médicos perceberam que a criança estava com lesões, apontando possíveis torturas e abusos.
O crime começou a ser apurado durante a madrugada dessa terça-feira (5), quando a polícia tomou conhecimento da morte da criança. A corporação tinha informações sobre sinais de abusos sexuais. O corpo foi levado ao DML, com o acompanhamento da equipe policial. O objetivo era entender o que causou a morte do menino.
Desde a chegada ao Himaba até a detenção do casal, a polícia afirmou ter observado que os pais da criança demonstravam indiferença com a morte dela, sem emoções ou tristeza aparente, apesar da gravidade do caso. Na avaliação de Alan Moreno, delegado adjunto da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, o comportamento causou estranhamento.
Segundo a Polícia Civil, Jeorgia e Maycon apresentaram resistência quando souberam do protocolo de transferência do Himaba, que encaminharia o corpo de Jorge para o DML. Segundo apuração da repórter Daniela Carla, da TV Gazeta, os pais tentaram evitar que o corpo fosse levado. A tentativa era que a criança fosse diretamente para uma funerária. O casal teria alegado não ser necessária a autópsia do corpo.
Após a realização de um exame no DML, o médico-legista apontou que o menino havia sido violentado sexualmente e que a causa da morte foi "choque séptico peritonite, decorrente da perfuração do reto e do ânus devido a um trauma contuso anal". A pneumonia, antes relatada pela mãe, foi descartada pela Polícia Civil.
Com os exames feitos na PC, os médicos apontaram que houve introdução de instrumento contundente na vítima, além de lesões na face, no dorso, no braço e em parte da coxa, que podem ter sido provocadas por cigarro.
O descarte da pneumonia e o conhecimento das lesões internas e externas fizeram com que o casal fosse levado a explicar o ocorrido. Jeorgia Teixeira da Silva e Maycon Milagre da Cruz foram conduzidos à Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa de Vila Velha, onde prestaram depoimento por aproximadamente 12 horas. Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (6), o delegado Alan Moreno afirmou que eles não souberam dizer o que aconteceu com a criança de domingo (3) para segunda (4), tendo "apresentado versões lacunosas e imprecisas".
Durante as investigações, uma troca de mensagens entre os pais chamou a atenção da polícia. Após o alerta feito por médicos sobre a suspeita de abuso, a mãe da criança entrou em contato com o companheiro. "Ela diz assim: 'O nosso filho foi vítima de um estupro'. O pai responde: 'Estupro, mas por quê?', e ela diz que a médica estava falando que ela precisava ir até a delegacia fazer um boletim. O pai fala que isso é normal, que todo hospital faz isso, e para a mulher ficar tranquila", detalhou o delegado Alan Moreno. Após confeccionar o boletim, quando a criança ainda estava viva no hospital, Maycon mandou uma mensagem para a mulher. "Ele fala a seguinte frase: 'Depois nós temos que sentar e conversar sobre o boletim, pode ser que tenhamos passado alguma coisa despercebida'. Quero deixar claro que temos que entender o que foi dito antes e após essas mensagens, para fazer uma contextualização, mas elas causam estranheza à polícia", disse o delegado.
Um dia após a prisão dos pais de Jorge Teixeira da Silva, principais suspeitos do crime, a defesa de Jeorgia Teixeira da Silva se pronunciou sobre o caso, afirmando que ela "não tem nenhum envolvimento com a morte do filho".
Em nota enviada nesta quinta-feira (7), a defesa considerou que houve "erro na conclusão das investigações, que foram conduzidas de forma açodada e irresponsável".
Em contato com a reportagem de A Gazeta, os advogados Carlos Bermudes e Lucas Kaiser informaram que estão defendendo apenas a mãe da criança, sem envolvimento com a defesa de Maycon Milagre da Cruz.
Segundo a nota, a mãe está interessada em saber o que aconteceu. "A Jeorgia não pode ser julgada e muito menos condenada, antes que todo o processo seja concluído. Os equívocos encontrados serão esclarecidos e temos plena convicção de que iremos provar a inocência dela quanto à morte da criança."
A reportagem de A Gazeta não localizou o responsável pela defesa de Maycon, mas reforça que este espaço está aberto, caso a parte queira se manifestar.
Após a publicação desta matéria, a defesa de Jeorgia enviou uma nota sobre o caso, afirmando que a mãe da criança é inocente. O texto foi atualizado.
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