O vereador Waldeir de Freitas (PTB), preso na semana passada, é apontado pela polícia como o principal suspeito de mandar matar o ativista Jonas da Silva Soprani, de 48 anos, em Linhares, Norte do Espírito Santo. De acordo com o delegado Tiago Cavalcante, responsável pela investigação, a morte foi encomendada porque Soprani faria denúncias que prejudicariam diretamente o vereador e seus aliados.
Em conversa com a reportagem de A Gazeta na manhã desta segunda-feira (2), Cavalcante deu mais detalhes que apontam para o envolvimento do vereador no assassinato.
Ao ser questionado se as denúncias prejudiciais ao vereador já haviam sido feitas ou ainda seriam, o delegado confirmou que o ativista ainda as faria.
Segundo a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), até a manhã desta segunda, o parlamentar permanecia detido no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Colatina.
Em depoimento, Cosme Damasceno, que conduzia o veículo com os dois atiradores, afirmou que esteve com Waldeir antes e depois do crime, quando teria confirmado ao parlamentar que o “serviço estava feito”.
“Waldeir bebia com Cosme, que daria carona para os executores. Ele sai desse bar no bairro Interlagos, vai para o bairro Shell, pega os executores, leva até o bar onde Jonas estava, no bairro Novo Horizonte e, após o crime, volta com os homens para o Shell. Depois, ele ainda vai para o bar onde estava com o vereador e confirma que o ativista estava morto”, narra o delegado.
As investigações mostraram, segundo o delegado, que a ida do vereador ao hospital onde Soprani foi levado, a publicação de luto nas redes sociais, o apoio à família e a presença no velório foram uma estratégia para não ser considerado suspeito e deslocar os centros das atenções.
Até o momento, a Polícia Civil prendeu quatro suspeitos de envolvimento no crime. Veja abaixo como seria o envolvimento deles, de acordo com as investigações da polícia.
- Cosme Damasceno: procurou traficantes para atirarem em Jonas e conduziu o veículo com eles. Um traficante procurado não realizou a empreitada, mas indicou quem faria;
- Damião Damasceno: dono do carro e, a princípio, não tem envolvimento, mas continua preso até ser confirmado que ele não emprestou o veículo sabendo do crime. Pode ser enquadrado como partícipe, quando não participa do ato, mas auxilia;
- “Baiano”: um dos atiradores;
- Waldeir de Freitas: suspeito de ser o mandante do crime.
O segundo atirador, apelidado de “Dudu”, continua foragido. O delegado afirma que mesmo com as investigações em fase final, mais prisões podem ocorrer.
Durante as investigações, a polícia ouviu quatro vereadores de um total de 17 da legislatura atual. O delegado afirma que alguns foram procurados de forma informal e outros de forma oficial.
Jonas da Silva Soprani foi assassinado a tiros na noite do dia 23 de junho, em um bar do bairro Novo Horizonte. Ele era conhecido no município pela atuação na política. Em um perfil nas redes sociais, postava vídeos onde dizia fiscalizar o trabalho da prefeitura e da Câmara Municipal. Em 2020, foi candidato a vereador pelo PSB, teve 57 votos e não foi eleito.
Procurada na manhã desta segunda, a assessoria de comunicação da Câmara de Linhares afirmou que ainda não foi comunicada oficialmente.
A reportagem também procurou a defesa do vereador e foi informada que uma nota será enviada quando os advogados tiverem um posicionamento. Ao ser preso, o vereador afirmou ser inocente.
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