Após um ataque a um carro de reportagem em Vitória na manhã desta terça-feira (11), entidades de imprensa repudiaram as ações e cobraram providências das autoridades. O veículo da TV Tribuna foi incendiado por criminosos, que chegaram a ameaçar as equipes de imprensa que estavam no local.
O presidente do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Estado do Espírito Santo (Sertes), Helder Luciano de Oliveira, lamentou o ocorrido. “A gente lamenta esse ataque contra a imprensa livre e o trabalho da reportagem. A Sertes também pede apuração dos fatos e ressalta que sempre trabalhamos pela liberdade de trabalho da imprensa”.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Espírito Santo (Sindijornalistas) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) publicaram uma nota no Instagram repudiando a ação de intimidação dos traficantes e milicianos que dominam os morros de Vitória.
"Felizmente, nenhum dos profissionais se feriu fisicamente, mas psicologicamente o estresse e o receio de ataques viraram uma constante na nossa profissão. Esta agressão às equipes da Rede Tribuna não é isolada. Por várias vezes os traficantes ameaçaram e ameaçam jornalistas que estão somente trabalhando nas comunidades, além de permanentemente deixarem os moradores amedrontados", diz a nota das entidades.
Na nota, são relembrados outros casos em que carros de outras equipes de jornalismo já foram depredados e queimados. "Todos os ataques foram praticados por pessoas ligadas ao tráfico de drogas que domina os morros de Vitória e não é contido pelos órgãos de segurança do Estado".
O sindicato e a Fenaj se solidarizaram com os profissionais de imprensa e com os moradores destas regiões e cobraram que o governo do Estado tome providências para resguardar a segurança dos profissionais de imprensa e também dos moradores e moradoras das comunidades afetadas pela violência.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) expressou solidariedade à equipe da TV Tribuna, particularmente ao cinegrafista, que viveu momentos de tensão que poderiam ter lhe custado a vida.
A entidade pede que a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Espírito Santo investigue se o ataque teve como motivação intimidar e calar a imprensa, com objetivo de instalar um clima de insegurança entre os profissionais que estão na rua, reportando casos de interesse público.
"A Abraji entende que é parte preponderante do trabalho da imprensa levar à população os casos de violência urbana. A entidade lembra que cabe ao Estado garantir a segurança de cidadãos e cidadãs e também as condições para o livre exercício do jornalismo e da liberdade de imprensa", destacou.
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) também repudiou o episódio, que classificou como um ataque violento.
“A ANJ pede providências imediatas às autoridades para o esclarecimento do caso e uma rigorosa apuração dos fatos para que os culpados sejam identificados e punidos. A impunidade nesse e em outros episódios é inadmissível”, disse a entidade por nota.
O governador do Estado, Renato Casagrande, disse em sua conta no Twitter que os ataques em retaliação às ações da Polícia Militar não intimidarão as Forças de Segurança e ressaltou que qualquer tentativa de intimidação será combatida imediatamente.
Em nota, a Rede Tribuna condenou o ataque sofrido ao profissional e informou ter adotado medidas para resguardar o profissional ameaçado.
"A primeira providência que a Rede Tribuna tomou foi resguardar a vida do nosso profissional. Solicitamos a escolta policial para o cinegrafista e para a outra equipe que estava na região. Apesar da extrema ameaça sofrida, com a agressão, ele está bem e recebe todo o apoio da empresa. A Rede Tribuna se solidariza com os nossos profissionais e repudia qualquer violência contra a imprensa", disse a empresa de comunicação.
O SBT, emissora da qual a TV Tribuna é afiliada, emitiu uma nota de repúdio onde declara profundo repúdio pela violência sofrida pela equipe de reportagem.
"A emissora irá acompanhar as medidas tomadas pelas autoridades locais para garantir que o caso seja cuidadosamente apurado e oferece apoio à TV Tribuna e a sua equipe de jornalismo", disse em nota.
Um carro de reportagem da TV Tribuna, afiliada do SBT no Espírito Santo, foi incendiado na divisa entre os bairros Bonfim e Da Penha, no fim da manhã desta terça-feira (11). O clima na região é de tensão depois que o homem apontado como segurança de Fernando Moraes Pereira Pimenta, conhecido como Marujo, morreu em um confronto com a Polícia Militar. Mais cedo, um ônibus foi incendiado no bairro Consolação.
A repórter Daniela Carla, da TV Gazeta, esteve no local e relatou ao vivo, no ES1, que equipes de reportagem estão sendo ameaçadas a deixarem o local.
Também ao vivo, a repórter Suzy Faria, da TV Tribuna, relatou que os criminosos ameaçaram o motorista do carro de reportagem da emissora antes de colocar fogo no veículo. Os bandidos chegaram a apontar uma arma para a cabeça do homem e entregaram um projétil de arma de fogo a ser entregue à jornalista.
Na noite de segunda-feira, os policiais se deslocaram até o local após receber uma denúncia de que Marujo, chefe do tráfico de drogas no Bairro da Penha, estaria na região com seguranças armados, entre eles o suspeito que foi morto, planejando efetuar ataques a gangues rivais.
Ao acessarem a escadaria Alexandre Rodrigues, onde Marujo estaria com outros homens, os militares visualizaram cinco suspeitos armados. O boletim de ocorrência narra que os criminosos portavam armas longas, como fuzil e espingarda calibre 12.
Ainda conforme o boletim de ocorrência da PM, os homens armados começaram a disparar quando notaram a presença dos policiais e fugiram em seguida.
Durante a correria e a troca de tiros, Jonathan foi encontrado caído no chão portando uma arma e munições. Ele chegou a ser encaminhado ao Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE), em Vitória, mas não resistiu aos ferimentos.
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