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Entidades de imprensa repudiam ataque a carro de reportagem em Vitória

Entidades de imprensa repudiam ataque a carro de reportagem em Vitória

Veículo da TV Tribuna foi incendiado por criminosos na manhã desta terça-feira (11). Associações e sindicatos de jornalismo pedem apuração rigorosa dos fatos

Publicado em 11 de outubro de 2022 às 17:35

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Bombeiros e policiais militares atendem ocorrência no bairro Bonfim após criminosso incendiarem um carro de reportagem da TV Tribuna
Bombeiros e policiais militares atendem ocorrência no bairro Bonfim após criminosso incendiarem um carro de reportagem da TV Tribuna. (Vitor Jubini)

Após um ataque a um carro de reportagem em Vitória na manhã desta terça-feira (11), entidades de imprensa repudiaram as ações e cobraram providências das autoridades. O veículo da TV Tribuna foi incendiado por criminosos, que chegaram a ameaçar as equipes de imprensa que estavam no local

O presidente do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Estado do Espírito Santo (Sertes), Helder Luciano de Oliveira, lamentou o ocorrido. “A gente lamenta esse ataque contra a imprensa livre e o trabalho da reportagem. A Sertes também pede apuração dos fatos e ressalta que sempre trabalhamos pela liberdade de trabalho da imprensa”.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Espírito Santo (Sindijornalistas) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) publicaram uma nota no Instagram repudiando a ação de intimidação dos traficantes e milicianos que dominam os morros de Vitória.

"Felizmente, nenhum dos profissionais se feriu fisicamente, mas psicologicamente o estresse e o receio de ataques viraram uma constante na nossa profissão. Esta agressão às equipes da Rede Tribuna não é isolada. Por várias vezes os traficantes ameaçaram e ameaçam jornalistas que estão somente trabalhando nas comunidades, além de permanentemente deixarem os moradores amedrontados", diz a nota das entidades. 

Na nota, são relembrados outros casos em que carros de outras equipes de jornalismo já foram depredados e queimados. "Todos os ataques foram praticados por pessoas ligadas ao tráfico de drogas que domina os morros de Vitória e não é contido pelos órgãos de segurança do Estado".

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Infelizmente, o Brasil se tornou um país extremamente violento para o exercício do jornalismo, que somente cumpre sua obrigação democrática de levar informação à população

Sindijornalistas/Fenaj
Em nota
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O sindicato e a Fenaj se solidarizaram com os profissionais de imprensa e com os moradores destas regiões e cobraram que o governo do Estado tome providências para resguardar a segurança dos profissionais de imprensa e também dos moradores e moradoras das comunidades afetadas pela violência. 

Policial resgata duas criancas de dentro de uma casa. Foto: Fernando Madeira(Fernando Madeira)

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) expressou solidariedade à equipe da TV Tribuna, particularmente ao cinegrafista, que viveu momentos de tensão que poderiam ter lhe custado a vida.

A entidade pede que a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Espírito Santo investigue se o ataque teve como motivação intimidar e calar a imprensa, com objetivo de instalar um clima de insegurança entre os profissionais que estão na rua, reportando casos de interesse público.

"A Abraji entende que é parte preponderante do trabalho da imprensa levar à população os casos de violência urbana. A entidade lembra que cabe ao Estado garantir a segurança de cidadãos e cidadãs e também as condições para o livre exercício do jornalismo e da liberdade de imprensa", destacou.

A Associação Nacional de Jornais (ANJ) também repudiou o episódio, que classificou como um ataque violento.

“A ANJ pede providências imediatas às autoridades para o esclarecimento do caso e uma rigorosa apuração dos fatos para que os culpados sejam identificados e punidos. A impunidade nesse e em outros episódios é inadmissível”, disse a entidade por nota.

O governador do Estado, Renato Casagrande, disse em sua conta no Twitter que os ataques em retaliação às ações da Polícia Militar não intimidarão as Forças de Segurança e ressaltou que qualquer tentativa de intimidação será combatida imediatamente.

Em nota, a Rede Tribuna condenou o ataque sofrido ao profissional e informou ter adotado medidas para resguardar o profissional ameaçado.

"A primeira providência que a Rede Tribuna tomou foi resguardar a vida do nosso profissional. Solicitamos a escolta policial para o cinegrafista e para a outra equipe que estava na região. Apesar da extrema ameaça sofrida, com a agressão, ele está bem e recebe todo o apoio da empresa. A Rede Tribuna se solidariza com os nossos profissionais e repudia qualquer violência contra a imprensa", disse a empresa de comunicação. 

O SBT, emissora da qual a TV Tribuna é afiliada, emitiu uma nota de repúdio onde declara profundo repúdio pela violência sofrida pela equipe de reportagem.

"A emissora irá acompanhar as medidas tomadas pelas autoridades locais para garantir que o caso seja cuidadosamente apurado e oferece apoio à TV Tribuna e a sua equipe de jornalismo", disse em nota.

ENTENDA

Um carro de reportagem da TV Tribuna, afiliada do SBT no Espírito Santo, foi incendiado na divisa entre os bairros Bonfim e Da Penha, no fim da manhã desta terça-feira (11). O clima na região é de tensão depois que o homem apontado como segurança de Fernando Moraes Pereira Pimenta, conhecido como Marujo, morreu em um confronto com a Polícia Militar. Mais cedo, um ônibus foi incendiado no bairro Consolação.

A repórter Daniela Carla, da TV Gazeta, esteve no local e relatou ao vivo, no ES1, que equipes de reportagem estão sendo ameaçadas a deixarem o local.

Também ao vivo, a repórter Suzy Faria, da TV Tribuna, relatou que os criminosos ameaçaram o motorista do carro de reportagem da emissora antes de colocar fogo no veículo. Os bandidos chegaram a apontar uma arma para a cabeça do homem e entregaram um projétil de arma de fogo a ser entregue à jornalista.

MORTE EM CONFRONTO

Na noite de segunda-feira, os policiais se deslocaram até o local após receber uma denúncia de que Marujo, chefe do tráfico de drogas no Bairro da Penha, estaria na região com seguranças armados, entre eles o suspeito que foi morto, planejando efetuar ataques a gangues rivais.

Ao acessarem a escadaria Alexandre Rodrigues, onde Marujo estaria com outros homens, os militares visualizaram cinco suspeitos armados. O boletim de ocorrência narra que os criminosos portavam armas longas, como fuzil e espingarda calibre 12.

Jonathan Candida Cardoso, de 26 anos, morreu em um confronto com a Polícia Militar
Jonathan Candida Cardoso, de 26 anos, morreu em um confronto com a Polícia Militar. (Reprodução)

Ainda conforme o boletim de ocorrência da PM, os homens armados começaram a disparar quando notaram a presença dos policiais e fugiram em seguida.

Durante a correria e a troca de tiros, Jonathan foi encontrado caído no chão portando uma arma e munições. Ele chegou a ser encaminhado ao Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE), em Vitória, mas não resistiu aos ferimentos.

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