Uma estudante do curso de Direito da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), do Campus de Goiabeiras, em Vitória, foi ameaçada por uma mulher com uma faca no banheiro do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE), na manhã desta segunda-feira (10). Estudantes chegaram a ser dispensados das aulas, mas a instituição afirmou que as atividades acadêmicas estão mantidas.
Em nota, a Ufes informou que agentes da Polícia Militar e seguranças da universidade foram acionados para o local onde a ameaça ocorreu e que o incidente é algo isolado, sem relação com a universidade e a comunidade acadêmica.
A vítima, que pediu para não ser identificada, conversou com a reportagem e disse que a ameça foi feita por uma mulher armada com uma faca no banheiro do CCJE. A jovem disse que não conhece a suspeita, que teria dito que o namorado estava armado a caminho da universidade e daria um tiro na cabeça da estudante, caso houvesse reação, o que levou a aluna a pensar que poderia ser um atentado.
A estudante contou que tudo começou quando ela foi ao banheiro e notou a presença de uma mulher estranha na primeira cabine do banheiro. "Ela estava de máscara, capuz e ninguém usa máscara mais, fiquei estranhando e mandei essa mensagem para os amigos", disse.
Depois de um tempo, ficaram no banheiro apenas a estudante e a mulher suspeita. "Na hora que ela viu que estava só eu e ela, me puxou pela roupa para dentro da cabine, trancou a porta e já tirou uma faca e colocou no meu pescoço, aí ela falou: 'Preciso do seu celular'. Botei o celular atrás de mim", explicou.
"Ela estava muito nervosa e tinha a minha idade mais ou menos, novinha, aí ela falou: 'Não grita, não pede socorro, porque o meu namorado está chegando armado aqui na Ufes e se você fizer alguma coisa ele vai te dar um tiro na cabeça'", relembrou a vítima, aflita.
Uma amiga da estudante chegou ao banheiro e começou a bater na porta da cabine onde a amiga estava rendida pela suspeita. Em meio aos gritos da colega chamando pela polícia, a aluna diz que conseguiu fugir da cabine e do banheiro após a suspeita ficar nervosa com a situação.
O repórter fotográfico Fernando Madeira, de A Gazeta, esteve no local após os primeiros relatos sobre o ocorrido e constatou a presença de agentes da Polícia Militar nas imediações do prédio do CCJE com a Vigilância Federal, responsável pela segurança no campus.
Uma estudante de Processo Penal III relatou em áudio compartilhado nas redes sociais que assistia à aula quando a vítima e uma amiga chegaram desesperadas, relatando que alguém, com uma faca na mão, estava ameaçando as pessoas no banheiro.
"Ela estava no banheiro, se deparou com essa pessoa e saiu correndo, subiu para a sala e avisou a gente. Nesse momento, a gente empurrou a mesa da professora para a porta, botou um monte de cadeira, os meninos seguraram atrás, a gente fechou as janelas, todo mundo abaixou no chão e a gente se preocupou em acalmar quem estava tendo algum tipo de reação e ligar para a polícia e tudo que pudesse ajudar", contou.
O Centro Acadêmico Roberto Lyra Filho, do curso de Direito da Ufes, lamentou o ocorrido e afirmou que a situação demanda uma revisão do sistema de segurança universitário, bem como o treinamento e estratégias individuais e coletivas de autoproteção.
O secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, coronel Alexandre Ramalho, declarou que a denúncia sobre a ocorrência na Ufes já foi formalizada e está com a Polícia Civil. Destacou ainda a necessidade de apurar atentamente o ocorrido e localizar a suspeita.
A fala de Ramalho foi durante uma coletiva de imprensa realizada na manhã desta segunda-feira (10), marcada para explicar as medidas adotadas pelo governo do Estado a respeito de mensagens que circularam nas redes sociais, sobre supostas ameaças de ataques contra escolas do Espírito Santo.
Pelas redes sociais, o governador Renato Casagrande (PSB) afirmou que equipes de inteligência estão apurando informações sobre ameaças e ataques a escolas. Evidenciou ainda que apresentará, no próximo dia 27, um Plano de Segurança Escolar, visando a ampliar a segurança no ambiente educacional.
PRIMEIRA NOTA:
"A Administração Central da Ufes informa que na manhã desta segunda-feira, 10, foi verificada uma suspeita de ameaça a uma estudante, no campus de Goiabeiras. Os seguranças que atuam na Ufes e a Polícia Militar foram acionadas e imediatamente compareceram ao local. As informações disponíveis até o momento é de que se trata de um incidente isolado, não havendo relação com a Universidade ou com sua comunidade. A estudante foi protegida e encaminhada para cuidados imediatos.
O suposto agressor não foi localizado e a Diretoria de Segurança e Logística da Universidade continua apurando a situação. As atividades no campus de Goiabeiras estão mantidas."
SEGUNDA NOTA:
"Sobre o fato ocorrido na manhã desta segunda-feira, 10, no campus de Goiabeiras, em que uma estudante da Ufes foi ameaçada, a Administração Central da Ufes informa que mobilizou os seguranças que atuam na Universidade e a Polícia Militar, que imediatamente compareceram ao local. Também formalizou denúncia à Policia Civil do Espírito Santo e está contribuindo para a elucidação do caso. Todas as imagens captadas pelo sistema de videomonitoramento foram encaminhadas à Polícia Civil, que é órgão responsável pela investigação.
A Administração Central da Ufes expressa sua preocupação com o ocorrido e reforça que está atenta para manter a segurança da comunidade acadêmica por meio do monitoramento dos espaços e da integração da segurança da Universidade com a Polícia Militar. Também manifesta solidariedade aos estudantes, professores diretamente afetados e familiares, e reafirma seu compromisso de mobilizar todos os esforços para que situações como esta não se repitam na Ufes ou em qualquer instituição educacional.
As atividades no campus de Goiabeiras estão mantidas."
"Lamentamos o grave fato ocorrido nesta manhã, 10/4, nas dependências do Direito e do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas, e exigimos uma rápida investigação por parte da Administração Central da Ufes, que envolva o efetivo de segurança interno e as polícias civil e militar.
Nos solidarmos às estudantes e à turma diretamente envolvida que viveram esse momento de violência, que jamais deve ser repetida, e agradecemos aos docentes que agiram rapidamente para a proteção dos estudantes.
Essa situação demanda uma revisão do nosso sistema de segurança, bem como o treinamento e estratégias individuais e coletivas de autoproteção. Necessitamos de um Plano de Segurança que seja construído junto a toda comunidade acadêmica da Ufes.
Pedimos que evitem frequentar a Ufes hoje e compartilhar fotos, vídeos ou prints sobre o caso, pois isso não serve como conhecimento da situação, mas tão somente gera pânico, ansiedade e pode, infelizmente, instigar outras ações e com resultados piores.
Hoje as escolas do ES e do Brasil estão sob alerta diante dos que tentam causar o terror. Acreditamos que além da Operação Escola Segura, do Ministério da Justiça e Segurança Pública e das Polícias Civis, que visa prevenir e reprimir as ações no ambiente escolar, também precisa alcançar os campi da Ufes."
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