Um casal foi preso em flagrante nesta terça-feira (5), em Vila Velha, na Região Metropolitana da Grande Vitória, suspeito de estupro de vulnerável com resultado de morte e tortura, cometido contra o filho deles, Jorge Teixeira da Silva, de 2 anos. Maycon Milagre da Cruz, de 35 anos, e Jeorgia Karolina Teixeira da Silva, de 31, estão no sistema penitenciário.
A corporação vai passar mais informações sobre o caso em entrevista coletiva nesta quarta-feira (6), às 16h30, na Chefatura de Polícia, em Vitória.
O fato começou a ser apurado pela Polícia Civil durante a madrugada de terça-feira (5), quando a autoridade policial tomou conhecimento da morte de um menino de 2 anos e 8 meses no Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernadino Alves (Himaba), em Vila Velha.
Em um primeiro momento, a causa da morte era uma suposta pneumonia, mas, segundo a corporação, havia informações sobre sinais de abuso sexual. O corpo foi levado para o Departamento Médico Legal (DML) e as equipes policiais se dirigiram ao órgão e ao Himaba, para averiguar o motivo da morte do menino.
Segundo relato da investigação a que A Gazeta teve acesso, para os policiais, em contato com colaboradores do Himaba, ficou evidente a desconfiança dos profissionais com o comportamento dos genitores da criança, que mostraram perceptível indiferença com a morte do menino.
Paralelamente a essa apuração, outra equipe policial que aguardava o exame cadavérico do menino recebeu a informação repassada pelo médico legista de que o menino havia sido violentado sexualmente e que a causa da morte foi choque séptico por peritonite, decorrente de perfuração do reto e do ânus devido trauma contuso anal.
Nesse sentido, a perícia teria detectado que a morte da criança não teria acontecido em decorrência de uma pneumonia, como preliminarmente afirmado, ou de qualquer outra doença respiratória, mas sim por um instrumento contundente que foi inserido no ânus e que causou lesões que romperam seu intestino.
Na análise do médico legista, as graves lesões contusas e lacerações encontradas na criança permitem concluir ter havido introdução de instrumento contundente na vítima.
A criança também estava com lesões circulares na face, no dorso, no braço esquerdo e em parte da coxa esquerda, que podem ter sido provocadas por cigarro.
O homem, de 35 anos, e a mulher, de 31, foram conduzidos à Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa de Vila Velha (DHPP), para explicar o ocorrido com a criança.
Após os depoimentos do condutor da ocorrência e das demais testemunhas, foram tomados os interrogatórios dos genitores da vítima, que não souberam informar o que teria acontecido com o pequeno entre a noite de domingo (3) e segunda-feira (4), tendo, na avaliação da polícia, apresentado versões lacunosas e imprecisas.
À polícia, os genitores não conseguiram explicar como não perceberam o ânus dilacerado, além das diversas queimaduras pelo corpo da criança. O fato causou estranheza aos policiais, visto que, ao chegar ao Himaba, o menino estava com sua fralda descartável seca. A hipótese é de que teria sido trocada recentemente, sendo visível para os genitores a lesão.
Após os procedimentos de praxe, os autuados foram encaminhados ao Centro de Triagem de Viana (CTV). Procurada pela reportagem de A Gazeta, a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) informou que Maycon Milagre da Cruz, de 35 anos, permanece no CTV, enquanto Jeorgia Karolina Teixeira da Silva, de 31 anos, foi transferida para o Centro Prisional Feminino de Cariacica.
Um dia após a prisão dos pais de Jorge Teixeira da Silva, principais suspeitos do crime, a defesa de Jeorgia Teixeira da Silva se pronunciou sobre o caso, afirmando que ela "não tem nenhum envolvimento com a morte do filho".
Em nota enviada nesta quinta-feira (7), a defesa considerou que houve "erro na conclusão das investigações, que foram conduzidas de forma açodada e irresponsável".
Em contato com a reportagem de A Gazeta, os advogados Carlos Bermudes e Lucas Kaiser informaram que estão defendendo apenas a mãe da criança, sem envolvimento com a defesa de Maycon Milagre da Cruz.
Segundo a nota, a mãe está interessada em saber o que aconteceu com a criança. "A Jeorgia não pode ser julgada e muito menos condenada, antes que todo o processo seja concluído. Os equívocos encontrados serão esclarecidos e temos plena convicção de que iremos provar a inocência dela quanto a morte da criança."
A reportagem de A Gazeta não localizou o responsável pela defesa de Maycon, mas reforça que este espaço está aberto, caso a parte queira se manifestar sobre o assunto.
Após a publicação desta matéria, a defesa de Jeorgia enviou uma nota sobre o caso, afirmando que a mãe da criança é inocente. O texto foi atualizado.
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