Um ex-colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC) de 58 anos foi preso dentro de uma casa em Vitória que funcionava como uma fábrica clandestina de munições. No local havia diversos materiais e até uma máquina industrial — que chega a ser vendida entre R$ 12 mil e R$ 20 mil — utilizada para recarga de cartuchos de diferentes calibres.
A casa onde o suspeito estava era um dos 14 alvos de busca e apreensão da Operação Recall, da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), que cumpriu mandados de prisão, ao longo do mês de junho, em Vitória, Vila Velha, Serra, Colatina e Aracruz.
O objetivo era ir atrás de pessoas que já tiveram o registro de armas, mas o perderam após cometer crimes. Mesmo assim, havia a informação de que essas pessoas continuavam em posse de armamentos e munições.
"Eles tinham que devolver armas, não devolveram, e estavam certamente as colocando no mercado clandestino, servindo a traficantes, homicidas e assaltantes", declarou o delegado-geral da Polícia Civil do Estado, José Darcy Arruda.
Segundo o delegado Daniel Belchior, da Desarme, a fábrica clandestina funcionava em uma casa comum na Capital — apesar de questionada, a polícia preferiu não informar o bairro onde ocorreram as prisões.
Para recarregar as munições, o suspeito usava uma máquina industrial. "A pessoa tem que saber operar essa máquina e ter muito cuidado, porque você está lidando, por exemplo, com pólvora. Você alimenta um estojo vazio com a espoleta, com a quantidade correta de pólvora e o chumbo, assim você consegue recarregar a munição para ser utilizada", explicou Belchior.
Na hora da prisão, o suspeito — que não teve a identidade divulgada — disse que tinha permissão para ter aquele material e que seria para uso próprio, mas o delegado afirmou que o homem não tinha mais a autorização para fazer esse tipo de fabricação.
A Polícia Civil não informou qual crime específico fez com que o ex-CAC perdesse a licença. Além da máquina, na casa havia duas pistolas, uma espingarda de calibre 12 e material para fabricar até 3 mil munições. Tudo foi apreendido.
Outro alvo da polícia foi um homem de 61 anos detido na Serra. Ele estava com duas armas e munições e foi autuado em flagrante por posse irregular de arma de fogo. Após ser levado para a delegacia, o suspeito pagou fiança e vai responder em liberdade.
Já o preso em Vitória, com a máquina, foi direto para o presídio. Isso porque, além do crime de posse de arma e munições, ele foi autuado por recarga de munição. Após passar por audiência de custódia, onde teve uma fiança de R$ 30 mil arbitrada, o homem pagou e foi liberado.
Não é qualquer pessoa que pode ter a máquina de recarga de munição em casa, conforme explicou o delegado Belchior.
"A máquina de recarga é um produto controlado pelo Exército. Em função das alterações dos decretos anteriores ela acabou tendo facilitada a sua compra. Algumas pessoas conseguiram adquirir e agora, em função de alterações também, isso se tornou mais dificultoso das pessoas adquirirem, especialmente CACs, então a gente consegue identificar, em algumas hipóteses, pessoas que estão desviando a finalidade da máquina, que seria por exemplo para um atirador desportivo, um colecionador fazer uma recarga."
A Polícia Civil destacou que as investigações continuam para identificar para onde iam essas armas e munições.
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