O ex-policial militar Cezar Narciso de Souza, apontado como um dos executores da jornalista Maria Nilce, caso que chocou o Espírito Santo em 1989, morreu no último dia 21. Ele havia sido capturado em junho de 2022, 33 anos após o crime. De acordo com a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), o condenado pelo homicídio estava cumprindo prisão domiciliar desde 4 de abril deste ano, por determinação judicial.
A pasta informou que a morte se deu por causas naturais (quando o motivo do óbito não é conhecido). A Sejus ainda esclareceu que "monitora a assistência médica ao preso domiciliar, porém, é o detento, ou sua família, o responsável pelo tratamento adequado fora do cárcere".
A força-tarefa da Polícia Federal prendeu, em 28 de junho de 2022, um dos assassinos da jornalista Maria Nilce dos Santos Magalhães, morta com três tiros em 1989, na Praia do Canto, em Vitória.
O ex-policial militar Cezar Narciso de Souza havia sido condenado definitivamente em 2018. Na época, segundo a Polícia Federal, havia indícios de que ele poderia estar escondido na Bahia, em uma propriedade rural do noroeste capixaba ou no sudeste mineiro.
Após meses de investigação, surgiu a informação de que ele estaria morando no bairro São Diogo, na Serra. No dia 28, integrantes da força-tarefa foram até o local e cumpriram o mandado de prisão. Cezar Narciso foi levado para a Superintendência da PF (vídeo acima) e encaminhado ao sistema penitenciário estadual.
À época, em entrevista à reportagem de A Gazeta, o filho de Maria Nilce, Juca Magalhães, comentou sobre a prisão. "Foi uma investigação que deixou uma frustração muito grande para a família porque os verdadeiros mandantes, as pessoas que estavam por trás do crime, nunca foram apontados. Mas, com a prisão do Narciso acredito que parte da justiça está sendo feita, evidentemente. Eu assisti à condenação dele, quando houve o julgamento eu estava lá", desabafou.
Maria Nilce foi morta com três tiros no dia 5 de julho de 1989, quando chegava a uma academia na Praia do Canto, em Vitória. Seis pessoas foram indiciadas pelo crime, e cinco condenadas.
As investigações foram iniciadas pela Polícia Civil, mas em setembro daquele ano foram transferidas pela Polícia Federal. O motivo era alcançar uma apuração isenta, visto que havia pessoas da área de segurança do Estado envolvidas no crime.
De acordo com as informações da Polícia Federal, a motivação do crime seria, conforme divulgado na época, o conteúdo das matérias que Maria Nilce escrevia no antigo Jornal da Cidade, onde denunciava o tráfico de drogas e os envolvidos nessa modalidade de crime.
As investigações apontaram como mandante o empresário José Andreatta, que teria contratado o ex-policial civil Romualdo Eustáquio Luz Faria, o Japonês. Este, por sua vez, teria subcontratado dois pistoleiros para a execução: José Sasso e ex-PM Cezar Narciso de Souza.
A dupla de executores teria fugido com o auxílio do piloto de avião Marcos Egydio Costa e do também policial civil Charles Roberto Lisboa.
José Sasso morreu envenenado na cadeia e Marcos Egydio foi assassinado em Jacaraípe. Andreatta, Japonês, Lisboa e Narciso foram condenados, respectivamente, a 24, 15, 17 e 19 anos de reclusão. De todos eles, o único que nunca havia cumprido pena até o momento era Cezar Narciso de Souza.
Em 2020, A Gazeta relembrou o assassinato de Maria Nilce durante a série de reportagem “Crimes brutais”, com casos de polícia que marcaram a história do Espírito Santo. Reveja produções:
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