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Explosão que matou empresário no ES não foi gerada por Jeep Compass

Explosão que matou empresário no ES não foi gerada por Jeep Compass

A informação foi obtida com exclusividade por A Gazeta, com o delegado-geral da Polícia Civil no ES, José Darcy Arruda; caso agora deverá ser investigado não mais como uma explosão de veículo

Publicado em 26 de outubro de 2022 às 16:06

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Empresário Ricardo Portugal Moura Guedes, na época com 38 anos, morreu em acidente de carro
Empresário Ricardo Portugal Moura Guedes, na época com 38 anos, morreu no acidente de carro ocorrido em 30 de outubro de 2020. (Arquivo pessoal e Carlos Alberto Silva)
Explosão que matou empresário no ES não foi gerada por Jeep Compass

A explosão do Jeep Compass que resultou na morte de Ricardo Portugal Moura Guedes, em 30 de outubro de 2020, ocorreu por um "fator externo" e não pelo veículo em si. A informação foi levantada em primeira mão por A Gazeta junto ao delegado-geral da Polícia Civil no Estado, José Darcy Arruda, nesta quarta-feira (26).

O delegado responsável pelo caso, Maurício Gonçalves, da Delegacia de Delitos de Trânsito (DDT), deixará a atribuição e a investigação será encaminhada à corregedoria da corporação para ser redistribuída, possivelmente para a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O órgão é o responsável por fazer o controle e a distribuição de processos. 

A explosão completa dois anos no próximo domingo (30). Desde então, as circunstâncias que provocaram o incêndio do veículo, na Avenida Adalberto Simão Nader, bem perto do acesso ao aeroporto, são um mistério, uma vez que o inquérito policial foi colocado em sigilo.  O fato confirmado, até agora, é que o incêndio não ocorreu pelo próprio veículo, mas sim por outros fatores.

Os fatores externos tratados pela Polícia Civil dizem respeito a algum objeto que estava dentro do veículo, podendo ter sido um acidente, uma tentativa de suicídio ou um homicídio. Após a redistribuição do caso, a investigação apontará a circunstância correta. 

Informações disponibilizadas pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) dão conta de que o caso era tratado como crime contra a incolumidade pública, que significa evitar o perigo ou risco coletivo, tendo relação direta com a garantia de bem-estar e segurança de pessoas indeterminadas ou de bens diante de situações que possam causar ameaça de danos.

Isso significa que, em relação ao veículo do empresário, é como se a explosão do Jeep Compass também oferecesse algum tipo de risco a pessoas, comércios, outros veículos e imóveis próximos ao local onde a mesma ocorreu, além de vitimar o condutor que dirigia o utilitário. Desta forma, a investigação caminha para identificar a natureza da explosão.

TRAJETÓRIA INVESTIGATIVA

Os trabalhos periciais começaram assim que o combate às chamas ao Jeep Compass foi encerrado. De imediato, a possibilidade de explosão de um eventual cilindro a gás foi descartada, visto que o utilitário não era movido por este combustível.  

Durante esse período, a Justiça indeferiu uma solicitação feita pela Fiat Chrysler Automóveis do Brasil, responsável pela marca Jeep, que queria indicar um assistente técnico para o acompanhamento da perícia no veículo. Contudo, posteriormente a juíza Gisele Souza de Oliveira, da 4ª Vara Criminal de Vitória, permitiu que a empresa acompanhasse os trabalhos sem interferir no andamento da perícia.

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Passados 45 dias do incidente, a Polícia Federal chegou a auxiliar nos trabalhos periciais no intuito de encontrar vestígios de materiais que pudessem ter provocado a explosão seguida do incêndio que destruiu completamente o SUV. Quando o incidente completou um ano, a corporação, procurada pela reportagem, explicou que avaliou a ocorrência baseada nos relatos e fotos feitas pelo perito e orientou como efetuar coleta de possíveis vestígios para busca de materiais químicos no local.

"Após a coleta, encaminhamos o material para o Instituto Nacional de Criminalística para análise e busca por resíduos de substâncias químicas possivelmente relacionados ao fato. As análises realizadas não identificaram a presença de explosivos ou resíduos de pós-explosão", detalhou.

Conforme informado pela própria Polícia Federal, o combate ao incêndio pode ter interferido nos vestígios do acidente, já que estes acabaram "lavados" pelo Corpo de Bombeiros para que o fogo fosse apagado.

A reportagem procurou, nesta quarta-feira (26), a empresa responsável pela fabricação do carro Jeep Compass, a Fiat Chrysler Automobiles (FCA). A companhia respondeu que "continua à disposição das autoridades públicas e no aguardo da conclusão do inquérito". A viúva de Ricardo Portugal foi procurada, mas afirmou que não tem interesse em conceder entrevista neste momento. 

Empresário Ricardo Portugal, de 38 anos, morreu em acidente de carro
Empresário Ricardo Portugal Moura Guedes, na época com 38 anos, morreu em acidente de carro. (Acervo pessoal)

QUEM ERA O MOTORISTA 

O motorista que dirigia o Jeep Compass que explodiu em movimento, era o empresário Ricardo Portugal Moura Guedes, de 38 anos.

Ele não resistiu aos ferimentos e morreu no local. A informação foi confirmada pela esposa dele, a economista Cristiane Marba, de 45 anos. Morador da Praia do Canto, na Capital, Ricardo era dono de uma empresa de tecnologia. Ele deixou um filho de 7 anos.

"Não sei nem o que dizer. Ele era um bom amigo, um homem trabalhador, realmente isso ter acontecido foi um susto", desabafou a esposa de Ricardo na época.

Errata Atualização
26 de outubro de 2022 às 20:30

Após a publicação desta matéria, a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) enviou um posicionamento sobre o caso. A matéria foi atualizada.

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