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Extorsão e ostentação: o que se sabe sobre casal indiciado por agiotagem no ES

Extorsão e ostentação: o que se sabe sobre casal indiciado por agiotagem no ES

De acordo com a polícia, casal é suspeito de fazer do crime um meio de vida em um esquema de movimentação milionária em uma das maiores cidades do Norte do Espírito Santo

Publicado em 12 de novembro de 2024 às 19:29

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Casal é alvo de operação que mira lavagem de dinheiro
Casal foi alvo de inquérito que mira lavagem de dinheiro. (Polícia Civil )

Nas redes sociais, luxo, glamour e ostentação. Na vida real, o charme para "clientes" e o terror para inadimplentes, com ameaças e até "jura de morte". Foi o que a Polícia Civil descobriu ao investigar um casal em São Mateus, no Norte do Espírito Santo, suspeito de liderar um esquema de agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro. O caso foi relevado na segunda-feira (11).  Os nomes dos envolvidos não foram divulgados. 

Casal ostentava vida de luxo nas redes sociais
Segundo a Polícia Civil, casal ostentava vida de luxo nas redes sociais com dinheiro oriundo de agiotagem. (Polícia Civil)

Segundo a Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic) de São Mateus, que coordenou o inquérito, as investigações revelaram que as vítimas dos indiciados eram ameaçadas de morte quando não conseguiam quitar suas dívidas, sendo forçadas, sob grave ameaça, a transferir bens móveis e imóveis como garantia para os suspeitos. 

A Operação "Aggio" foi deflagrada no dia 1º de novembro e resultou na prisão de um homem, além da apreensão de veículos, documentos, dinheiro, armas e dispositivos eletrônicos. Houve também o bloqueio de contas bancárias e o rastreamento de mais de mil transações de criptoativos. Os detalhes foram divulgados na segunda-feira (11), durante entrevista coletiva na Chefatura de Polícia Civil, em Vitória.

Extorsão e ostentação: o que se sabe sobre casal indiciado por agiotagem no ES
Foto da operação(Polícia Civil )

Segundo o delegado-geral da Polícia Civil do Espírito Santo, José Darcy Arruda, a operação foi batizada como "Aggio", em referência à palavra "agiota". Ele descreveu a ação como "muito bem elaborada", envolvendo lavagem de dinheiro e movimentação de criptomoedas. Uma pessoa foi presa, e o delegado-geral avisou: "Teremos desdobramentos dessa investigação".

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Uma empresa cuja movimentação chamou atenção por ser 214 vezes maior do que ela declara. Uma ordem de movimentação de quase R$ 15 milhões

José Darcy Arruda
Delegado-geral da Polícia Civil do ES
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“Nós começamos a fazer uma investigação de extorsão e, a princípio, agiotagem. Mas conseguimos identificar uma empresa conectada aos suspeitos, que fazia uma movimentação atípica, de um valor 214 vezes maior do que o faturamento declarado, e isso nos chamou a atenção", disse o titular da Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic) de São Mateus, delegado José Eustáquio.

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As vítimas davam como garantia propriedades, imóveis e veículos para cobrir as dívidas decorrentes da agiotagem, e quando não havia pagamento, os suspeitos extorquiam (dinheiro) as vítimas, mediante grave ameaça, forçando-as a transferir esses bens móveis e imóveis para a empresa ou para as pessoas físicas que foram indiciadas

José Eustáquio
Delegado 
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"Vimos a necessidade de bloquear cinco veículos, e pedimos o sequestro desses cinco veículos; dois efetivamente foram apreendidos. Também solicitamos o bloqueio de 23 contas bancárias que eram utilizadas pelo grupo e pelos indiciados. Ainda não temos os valores bloqueados, mas certamente é uma quantia muito significativa. Percebemos também uma movimentação de criptoativos; os valores ainda não podemos confirmar, mas houve pelo menos 1000 transações, o que demonstra que esse grupo tinha grande conhecimento na área de movimentação de ativos digitais", emendou o delegado.

Os suspeitos usavam várias empresas especializadas no ramo, conhecidas no mercado financeiro, e ocultavam o endereço da própria organização. “Uma coisa que também chamou a atenção é que a empresa não tinha uma placa ostensiva e nem estava no local indicado nos dados da Receita Federal. As empresas não estavam nos endereços registrados em fontes abertas. Mas encontramos um escritório em um prédio residencial, sem placa ostensiva, o que é realmente uma situação bem atípica, pois uma empresa que movimenta esses valores, não ter uma placa ou uma estrutura adequada, é algo realmente incomum", declarou.

"A partir do momento em que encontramos o escritório, que era muito discreto, cumprimos as buscas e apreendemos vários documentos. Esses documentos de contrato de compra e venda, a maioria de gaveta, ultrapassam R$ 5 milhões. Quando deflagramos a operação, prendemos um suspeito portando uma arma de fogo; ele tinha o registro, mas não o porte. Indiciamos ele pelo crime de lavagem de capitais, com causa de aumento decorrente da movimentação de ativos digitais, usura e extorsão. A esposa dele foi indiciada por lavagem de capitais, com causa de aumento pela utilização de ativos digitais, e usura", informou o delegado José Eustáquio.

De acordo com o delegado, também chamou a atenção o desrespeito que o indiciado tinha com as instituições do Estado. "Ele foi ouvido na delegacia, e, na oportunidade em que foi interrogado, mandou uma foto em visualização única para uma das vítimas, dizendo que um BO nunca iria pará-lo. Isso consta nos autos, o que demonstra a ousadia e o desrespeito dele com as instituições", disse o delegado. 

O delegado também deu detalhes sobre uma das vítimas da organização criminosa. "Uma vítima procurou a polícia muito desesperada. Ela relatou na ocorrência que a perseguição e grave ameaça estavam fazendo com que desenvolvesse problemas psicológicos. A forma como  agem é muito amistosa no início, até o momento em que a vítima não consegue pagar. A partir daí, começam a perseguição e as ameaças graves, e eles não têm limites", enfatizou. 

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