Um homem que se passava por investigador da Polícia Civil — usando até colete à prova de balas com o nome dele — foi preso após invadir uma casa no bairro Chácara do Conde, em Vila Velha, na noite de quinta-feira (26). Ele estava acompanhado de um policial militar, que disse estar afastado pelo setor psiquiátrico da corporação.
De acordo com o boletim de ocorrência, uma equipe de militares tentou abordar homens que estavam no bairro Chácara do Conde. Dois deles correram para uma casa.
Os agentes foram atrás. Um dos homens, de 29 anos, se identificou e disse que era primo da dona da casa. Com medo, a mulher chegou a confirmar a informação, mas depois o homem confessou que deu nome falso. Ele afirmou que era policial militar e que não tinha parentesco nenhum com os moradores da casa.
Segundo apuração da repórter Daniela Carla, da TV Gazeta, ele ainda revelou que era soldado e que foi com o amigo até o local para tentar recuperar a moto de um conhecido. Esse soldado estava armado com uma pistola, disse que era usuário de drogas e também contou que está afastado da PM pelo setor de psiquiatria da corporação.
O policial militar também disse que tinha acabado de tomar o revólver de um criminoso de Chácara do Conde.
O amigo do soldado foi identificado como Everton Jesus de Oliveira, de 35 anos. Com ele foram encontrados um colete à prova de balas, algemas, rádios comunicadores e outros materiais.
Em nota, a Polícia Civil informou que os dois foram levados à Delegacia Regional de Vila Velha. O falso investigador foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e encaminhado ao Centro de Triagem de Viana (CTV).
Já o policial militar afastado foi "ouvido e liberado após a autoridade policial entender que não havia elementos suficientes para lavrar auto de prisão em flagrante naquele momento".
A Polícia Militar foi questionada mas, até a publicação desta reportagem, não deu retorno.
Após passar por audiência de custódia e deixar o sistema prisional no dia 1º de outubro, segundo a Secretaria de Estado da Justiça, Everton Jesus de Oliveira, entrou em contato com a reportagem de A Gazeta e negou que tenha se passado por investigador da Polícia Civil do ES e deu a própria versão para o ocorrido.
No contato realizado, ele se apresenta como detetive particular e explicou que estava no local com o policial militar para recuperar uma moto. Ele disse ainda que normalmente trabalha para seguradoras de veículos, que contratam o serviço dele para recuperar e localizar veículos roubados ou furtados. Foi o que teria ocorrido no dia 26 de outubro.
“No dia do fato, um cliente entrou em contato comigo para recuperar a moto, que, segundo o rastreador, estava em Chácara do Conde. Nos deslocamos até lá e tinham vários elementos [criminosos] na região. Perguntamos se a moto havia passado por lá, eles perguntaram se éramos policiais e nos pediram para levantar nossas blusas. Nessa hora, viaturas passaram pela região e eles se assustaram", explicou.
Ainda na versão de Everton, o policial militar correu para dentro de uma casa, e ele foi na direção dos outros policiais. Já os suspeitos também correram para diferentes direções. Após a confusão, ele se identificou aos policiais como detetive particular e explicou o que fazia no local.
Sobre a acusação de que estaria utilizando um colete balístico da PCES, Everton salientou que estava como equipamento, mas com a identificação de investigador particular.
Após a publicação da reportagem, Everton Jesus de Oliveira entrou em contato com a Redação de A Gazeta e deu a versão dele para o ocorrido. A reportagem foi atualizada.
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