Após a prisão de um falso médico em São Mateus na manhã desta quarta-feira (18), a Polícia Federal informou que também investiga se funcionários de faculdades sabiam do esquema que envolve fraude em documentos de transferência de alunos entre instituições de ensino de fora do país para o Brasil. Leonardo Luz Moreira, preso no Espírito Santo, atuava como médico havia pelo menos três anos, com salários que somam aproximadamente R$ 850 mil, segundo as investigações.
Neste primeiro momento, o superintendente da PF no Estado, Eugenio Coutinho Ricas, diz que as instituições são consideradas vítimas do golpe, mas que a investigação continua para apurar se houve a participação de funcionários para que documentos adulterados fossem ignorados. Os nomes das faculdades não foram divulgados.
Em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira, Ricas explicou que a investigação é de responsabilidade da Polícia Federal do Estado da Bahia e, por isso, não há muitos detalhes sobre o esquema . O que foi divulgado até o momento é que Leonardo se matriculou em uma faculdade fora do Brasil, onde estudou Medicina por seis meses, pediu a transferência para uma instituição brasileira e adulterou documentos para parecer que ele já havia cursado quatro anos.
Segundo Eugenio Ricas, a investigação feita pela Polícia Federal em Vitória da Conquista chegou à conclusão de que mais pessoas se associaram ao esquema. "Nesse caso da prisão aqui do Espírito Santo, Leonardo estudou Medicina por seis meses na Bolívia, falsificou os documentos como se tivesse estudado por quatro anos, pediu a transferência para uma faculdade no Brasil e conseguiu se formar em um período muito mais curto", disse.
Ainda segundo a Polícia Federal, Leonardo recrutava outras pessoas para fazer o mesmo esquema de falsificação, cobrando uma taxa que podia chegar a R$ 40 mil.
"Ele chegou a atuar com médico aqui no Estado, trabalhando para prefeitura e para o governo do Estado, auferiu R$ 850 mil em salários e, não satisfeito, replicou esse esquema para outras pessoas. Cobrou R$ 20 mil a R$ 40 mil para fazer esse esquema para outras pessoas", acrescentou.
Agora, após a prisão em São Mateus, a PF segue a investigação para identificar se há outras pessoas atuando ilegalmente como médicos em Estados do Brasil. Conforme dito por Ricas, os documentos apreendidos serão analisados e a Polícia Federal baiana vai dar prosseguimento às apurações.
"Importante deixar claro que não eram médicos, eram fraudadores. A partir de agora, com a análise dos documentos que foram apreendidos, outras novidades podem vir à tona. Isso tudo vai ser objeto de investigação que está sendo feita pela delegacia de Vitória da Conquista", finalizou.
Os investigados responderão por uso de documento falso, exercício ilegal da Medicina, peculato e associação criminosa.
A reportagem acionou a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), que informou que o preso não era servidor estadual e sim funcionário de uma empresa contratada para a prestação de serviços médicos. O nome da empresa não foi divulgado. Veja a nota:
"A direção do Hospital Estadual Roberto Arnizaut Silvares (HRAS) informa que o médico preso em operação da Polícia Federal que atuava no pronto-socorro da unidade não é servidor estadual e sim funcionário de uma empresa contratada para a prestação de serviços médicos. A direção destaca que no ato da contratação a empresa apresentou todas as documentações necessárias e obrigatórias para cada vínculo disponibilizado ao hospital, incluindo o registro ativo do funcionário no Conselho Regional de Medicina/ES".
Segundo o Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES), Leonardo Luz Moreira consta com o registro ativo e regular no CRM. "Diante da suspeita de irregularidade, pela Polícia Federal, na documentação do referido médico, o Conselho vai entrar em contato com a Polícia para se inteirar dos fatos e colaborar no que for preciso para que tudo seja esclarecido o mais rápido possível", informou o CRM-ES.
Por meio de nota, a Prefeitura de São Mateus afirmou que, além de atuar no Hospital Roberto Silvares, o médico trabalhava na US3, tendo apresentado a documentação necessária emitida por uma faculdade da Bahia. Confira a nota:
"A Secretaria de Saúde de São Mateus informou que o ele estava atuando no Hospital Roberto Silvares, que é um hospital estadual, referência para o Extremo Norte Capixaba, e também na US3, assim como em vários municípios do Norte. Ele apresentou o Diploma é da Faculdade de Uninga, Bahia, onde fez o Revalida."
A reportagem tenta localizar a defesa do falso médico preso em São Mateus.
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