Uma advogada foi autuada em flagrante por injúria racial em uma audiência de conciliação que aconteceu na tarde dessa terça-feira (12), no juizado especial do Fórum de Castelo, no Sul do Espírito Santo. Segundo a Polícia Militar, Stela Barbosa chamou uma dona de casa de "favelada, pobre, preta e mau pagadora", durante o encontro.
A mediadora responsável pela audiência imediatamente acionou a PM, que levou a mulher para a delegacia. Conforme consta no boletim, a vítima "estava extremamente debilitada emocionalmente e relatou os mesmos fatos”. As três foram encaminhadas à Delegacia Regional de Cachoeiro de Itapemirim.
Em nota, a Polícia Civil informou que “a suspeita, de 34 anos, foi autuada em flagrante por injúria e injúria racial, sendo liberada para responder em liberdade, após o recolhimento da fiança arbitrada pelo delegado de plantão”. O valor da fiança paga não foi divulgado.
A equipe da TV Gazeta Sul apurou, no site da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que a advogada está com o registro suspenso.
Em entrevista ao repórter Thomaz Albano, da TV Gazeta Sul, a dona de casa Maria Aparecida disse que A audiência de conciliação ocorreu por causa de um aparelho massageador que foi comprado por ela e que chegou com defeito.
Segundo ela, a compra foi em dezembro do ano passado, no valor de R$ 1.800. Maria contou que o kit chegou rasgado, e, a partir de então, passou a cobrar a troca dele, que não aconteceu. “Na audiência ela (a advogada), já chegou me agredindo, não esperou eu falar”, comentou.
Muito triste e extremamente emocionada, Maria Aparecida falou que não entende como algo assim pode acontecer. Para ela, o que fica, é o sentimento de revolta e indignação. “É como se fosse um filme ruim na cabeça”, comparou.
Para a reportagem de A Gazeta, a advogada Stela Barbosa afirmou que as acusações contra ela são mentirosas. “Em momento algum foi dito injúria racial, jamais falaria aquele tipo de coisa. Sou uma pessoa que tem cinco pós-graduações, jamais cometeria um crime tão bárbaro, não temos que nos sentir melhores que os outros”, pronunciou.
Além disso, disse que registrou um boletim de ocorrência contra Maria Aparecida pelos crimes de calúnia e denunciação caluniosa. “Pedi uma cautelar de afastamento contra a mulher, sobre o crime de injúria, ameaça, calúnia”, afirmou.
Ela também explicou que foi realizar uma audiência como preposta – representando uma empresa – para que a dona de casa pagasse uma dívida no valor de R$ 1.865,17. “A gente não aceita devolução”, informou. Segundo a advogada, a mulher queria extorquir dinheiro.
“O tempo todo ela se colocava como posição de vítima para não pagar, me afrontava, gritava, ela dizia que era pobre, preta e favelada e era sempre agressiva. Eu falei que o fato dela ser pobre, preta e favelada, não a colocava na posição de dever. Chamei ela de mau pagadora em relação ao débito que ela não queria pagar, falei que também sou de periferia”, falou.
Já sobre a situação da suspensão do registro na OAB, Stela disse que se trata de um pedido de licença médica, feito na última sexta-feira (8), para tratamento de uma doença. “Estou licenciada”, disse.
A OAB-ES disse, em nota, “que tomou conhecimento do caso e as providências cabíveis já estão sendo adotadas, observando-se o Código de Ética e Disciplina, bem como as prerrogativas da advocacia, que lhe impõem o dever de sigilo”. A entidade não deu detalhes sobre a licença suspensa da advogada.
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