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Feminicídio: preso suspeito de matar mulher achada em valão de Cariacica

Feminicídio: preso suspeito de matar mulher achada em valão de Cariacica

O corpo de Maria Francisca de Souza, de 38 anos, foi encontrado na manhã de sábado (5), entre os bairros Boa Sorte e Maracanã

Publicado em 10 de abril de 2025 às 09:01

Maxssuel Gonçalves foi preso suspeito de matar companheira, Maria Francisca de Souza (em destaque)
Maxssuel Gonçalves foi preso suspeito de matar companheira, Maria Francisca de Souza (em destaque) Crédito: Reprodução Redes Sociais

O companheiro de Maria Francisca de Souza, encontrada morta em um valão entre os bairros Boa Sorte e Maracanã, em Cariacica, foi preso. Maxssuel Gonçalves chegou a se apresentar na delegacia na última terça-feira (8), três dias após o crime, mas foi ouvido e liberado, já que o período do flagrante tinha passado e não havia nenhum mandado de prisão expedido contra ele. Na tarde de quarta-feira (9), após mandado sair, a Polícia Civil conseguiu capturar o homem. 

O criminoso, de 37 anos, foi preso na casa de parentes no bairro Itacibá. Durante coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (10), a delegada Raffaella Aguiar, da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), detalhou que, em depoimento, o suspeito deu uma versão diferente da que aparece nas imagens: ele disse que a queda no valão foi um acidente.

O crime

O corpo de Maria Francisca, de 38 anos, foi encontrado no valão na manhã de sábado (5), em uma área de difícil acesso. No momento do resgate, ela estava com a cabeça submersa e o restante do corpo fora da água. Por conta das dificuldades do terreno, o Corpo de Bombeiros precisou ser acionado para auxiliar.

A certidão de óbito, segundo a família de Maria Francisca, fala que a mulher foi esganada, teve politraumatismo e fratura na coluna cervical. Ela deixou três filhos e havia se curado recentemente de um câncer de mama. 

Vídeo mostra discussão

Imagens de videomonitoramento flagraram uma discussão antes de uma mulher ser encontrada morta em um valão em Cariacica. A gravação mostra a vítima e um homem brigando, depois o agressor puxa a mulher pelo pescoço e a joga no valão

Após o corpo ser encontrado, a família teve acesso a imagens de videomonitoramento que flagraram Maria Francisca e o suspeito discutindo perto do valão. A gravação mostra o agressor puxando a mulher pelo pescoço e depois jogando a moça no valão. Os parentes reconheceram o homem como sendo o companheiro da vítima.

O que disse o suspeito

Em depoimento, Maxssuel disse que tinha usado drogas com a mulher e isso teria motivado uma discussão. Ele alegou que abraçou a vítima por trás e que os dois teriam caído, de forma acidental, no valão. A versão não condiz com o que aparece nas imagens, e, segundo a Polícia Civil, contraria o que foi apurado pela corporação.

Outro ponto que chamou a atenção é que, após deixar a mulher no valão, Maxssuel foi em casa, trocou de roupa, se limpou e voltou ao local da queda. Depois, foi novamente na residência, pegou o enteado dele, de 5 anos, e entregou para familiares, dizendo que Maria estava "desaparecida". Em momento algum ele citou que a vítima estava caída. 

Liberado após ir até a delegacia

Na terça-feira, segundo apuração do repórter Caíque Verli, da TV Gazeta, o companheiro de Maria procurou a Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cariacica e de lá foi encaminhado para a delegacia que investiga crimes contra a mulher. Ele foi liberado porque já tinha passado o período do flagrante e não tinha nenhum mandado de prisão expedido contra ele.

A liberação indignou a família de Maria. "Ficamos decepcionados, nos sentimos impotentes, pois achávamos que a lei nos valeria, mas ela valeu mais para o criminoso. Tem provas contra ele, é ele no vídeo pegando minha irmã na rua, laçou ela com a camisa, puxou ela, jogou no valão e entrou lá para terminar o serviço. Não foi algo acidental, ele quis matar ela. Ver uma pessoa dessa solta é revoltante", disse o irmão da vítima, em entrevista à TV Gazeta.

Vítima já havia sido agredida

Maria Francisca de Souza, de 38 anos, que morreu após ser jogada em valão de Cariacica
Maria Francisca de Souza, de 38 anos, que morreu após ser jogada em valão de Cariacica Crédito: Acervo familiar

Ainda segundo apuração da TV Gazeta, o homem havia sido preso em abril do ano passado por ameaçar Maria de morte. Ele passou por audiência, mas foi liberado. Na decisão, à época, o juiz disse que os elementos colhidos no dia do crime indicavam que a liberdade dele não oferecia risco.

Familiares disseram que Maria e o suspeito tiveram um relacionamento por dois anos. Nesse período, os parentes desconfiam que a mulher era agredida. "Teve um dia que minha mãe viu ela de blusa em um sol quente. Minha mãe percebeu uns hematomas e ela tentando esconder. E depois também fiquei sabendo que ela tinha registrado na delegacia (a ameaça)", detalhou o irmão.

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