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Fios que podem causar incêndio foram usados em creche de Vila Velha

Fios que podem causar incêndio foram usados em creche de Vila Velha

Unidade Municipal de Educação Infantil (Umei) Pedacinho do Céu, que seria inaugurada no bairro Alecrim, foi construída com fios elétricos de alumínio cobreado, segundo a polícia

Publicado em 16 de novembro de 2021 às 18:32

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Nova creche Pedacinho do Céu fica no bairro Alecrim, em Vila Velha
Nova creche Pedacinho do Céu fica no bairro Alecrim, em Vila Velha. (Divulgação | Prefeitura de Vila Velha)

Uma creche a ser inaugurada em Vila Velha foi construída com fios elétricos de alumínio cobreado — material proibido que poderia colocar a vida de diversas crianças em risco. O problema foi detectado durante a quarta fase da Operação Elétron, deflagrada na semana passada, e divulgado nesta terça-feira (16) em coletiva de imprensa realizada na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), em Vitória.

Segundo o delegado Eduardo Passamani, da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon), o produto foi usado indevidamente em algumas partes da Unidade Municipal de Educação Infantil (Umei) Pedacinho do Céu, que fica no bairro Alecrim, e vendido junto a cabos irregulares.

Fios que podem causar incêndio foram usados em creche de Vila Velha
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Esse novo material não tem identificação de fabricante, não tem espessura do cabo e usa alumínio, um material que apresenta uma série de problemas na condução elétrica. Ele não é permitido em construção residencial ou de grande circulação de pessoas

Eduardo Passamani
Delegado titular da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon)
Aspas de citação

O delegado explicou que, para tentar enganar o consumidor, o fabricante cobria o fio de alumínio com uma camada de cobre. "Mas, ao fazer a raspagem, foi possível identificar o problema", disse. Segundo Passamani, o material também teria sido a causa de um incêndio em uma residência de Aracruz.

Polícia apreendeu cerca de 40 mil metros de fios irregulares na Grande Vitória
Na sede da fábrica, que fica na Serra, foram encontradas dezenas de fios irregulares. (Caroline Freitas)

Além dos fios elétricos proibidos, a creche de Vila Velha usou uma fiação irregular, feita com uma menor quantidade de cobre que a exigida. Ambos seriam fabricados pela empresa Luzzano, cujo proprietário — que não teve o nome divulgado pela polícia — foi preso em agosto deste ano, também no âmbito da Operação Elétron.

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É uma situação mais grave ainda, porque no meio da mercadoria que já era irregular, está sendo comercializado um material proibido

Eduardo Passamani
Delegado titular da Decon
Aspas de citação

Ainda de acordo com o delegado, uma investigação autônoma será instaurada para averiguar este novo problema. "Vamos investigar onde este material está sendo produzido, se existem sócios, se existe uma organização criminosa por trás e averiguar a responsabilidade das empreiteiras", explicou Eduardo Passamani.

À frente da Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, o deputado Vandinho Leite (PSDB) tratou o caso como "gravíssimo". "O alumínio é um condutor menos eficiente e mais barato. Um objetivo claro de inferir lucro em cima de riscos à população", afirmou.

O QUE DIZ A PREFEITURA DE VILA VELHA

Segundo informações passadas na coletiva, a Prefeitura de Vila Velha já está ciente dos problemas encontrados na Umei Pedacinho do Céu desde a última quinta-feira (11) e foi orientada a interditar o local.

Em nota, a administração municipal informou que a obra está em andamento, mas que "toda a fiação da marca investigada vem sendo substituída desde o final de outubro de forma preventiva". "As medidas cabíveis continuam sendo tomadas durante a construção da Umei", garantiu o município.

OPERAÇÃO ELETRON

A Operação Elétron é consequência de uma investigação feita diante de uma "avalanche" de denúncias de superaquecimento de fios e aumento injustificado do consumo de energia elétrica. A primeira fase foi deflagrada no dia 10 de agosto deste ano, em duas cidades da Grande Vitória.

Na ocasião, um empresário de Vitória foi preso. Ele é o dono de uma fábrica de fios e condutores elétricos que apresentavam irregularidades capazes de causar curto-circuitos e incêndios. Em 2019, o suspeito já havia sido preso por produção irregular, mas pagou a fiança de R$ 100 mil e acabou solto.

A Fábrica Luzzano que ele possuía também foi interditada. Ela fica localizada no bairro Boa Vista II, na Serra. O produto irregular chegou a ser vendido para hospitais, escolas e centenas de lojas e revendedoras. Além de ter sido comercializado em dez estados, incluindo o Espírito Santo.

Nove dias depois, cerca de 40 mil metros de fios elétricos irregulares foram apreendidos em lojas de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica, durante a segunda fase da Operação Elétron. A princípio, não havia indícios de que tais estabelecimentos estariam cientes do problema.

Após o recolhimento da mercadoria, ficou constatado que as embalagens possuíam, de forma indevida, o selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) — que deveria assegurar a qualidade, mas que, nesse caso, se referia a outros produtos feitos pela empresa.

Deflagrada no dia 26 de outubro, a etapa cumpriu mandados de busca e apreensão no escritório da fábrica investigada e na residência do proprietário. Documentos e um celular foram apreendidos. Nesta fase, a Justiça também autorizou o bloqueio dos bens do dono, avaliados em R$ 10 milhões.

A terceira fase da Operação Elétron ainda trouxe à tona que os fios irregulares foram usados em duas creches de Vila Velha e em 17 unidades de saúde de Cariacica. Além de cinco escolas e 30 condomínios no Estado. O prejuízo gerado ao mercado foi estimado em R$ 75 milhões.

O QUE DIZ A FÁBRICA

Em setembro deste ano, a Luzzano afirmou, em nota enviada à TV Gazeta, que as acusações são graves, que precisam de comprovação e que não condizem com os padrões da empresa. A fábrica também informou que usa um cobre de excelente qualidade na fabricação de cabos elétricos e que estava tomando as providências para comprovar a eficácia do produto.

A reportagem de A Gazeta demandou a empresa nesta terça-feira com relação às informações passadas durante a coletiva e, assim que houver retorno, este texto será atualizado.

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