> >
'Foi operação de guerra', diz secretário sobre ataque de facções em Vitória

'Foi operação de guerra', diz secretário sobre ataque de facções em Vitória

Eugênio Ricas afirmou que atuação da PM evitou que mais mortes; quatro pessoas morreram durante confrontos, três em conflito com policiais

Publicado em 1 de julho de 2024 às 09:37

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
Secretário de Segurança, Eugênio Ricas, no Bom Dia ES de segunda-feira (1°)
Secretário de Segurança, Eugênio Ricas, no Bom Dia ES de segunda-feira (1°). (TV Gazeta)
Felipe Sena
Repórter / [email protected]

Após conflitos entre facções rivais, que começaram no Morro do Jaburu e se estenderam até as avenidas Vitória e Leitão da Silva, terem assustado moradores de Vitória no último fim de semana, o secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, Eugênio Ricas, disse em entrevista ao Bom Dia ES, da TV Gazeta, nesta segunda-feira (1°), que os criminosos foram preparados, como se fossem para uma operação de guerra. 

Aspas de citação

Aquilo ali foi uma operação de guerra montada pelo PCV (Primeiro Comando de Vitória), que queria tomar o território que, hoje, é dominado pelo TCP (Terceiro Comando Puro). Eles se vestem para a guerra, vão armados para a guerra, e com disposição para matar. Se não fosse a intervenção da Polícia Militar, mais gente teria morrido

Eugênio Ricas
Secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social
Aspas de citação

Segundo o secretário, as quatro pessoas que morreram durante os conflitos — sendo três desses em confronto com policiais e um antes da chegada das forças de segurança — têm passagem pela polícia e foram encontradas com armas. 

"Criminosos muito bem armados que não têm medo de desafiar a polícia. Desafiam as organizações rivais e tentam tomar o poder. Mas nós estamos conseguindo dar uma resposta a altura. O que eu gostaria de dizer para a população é que os nossos policiais estão mais bem preparados, mais bem equipados. Nessa operação, nenhum policial foi ferido", disse Ricas.

Aspas de citação

A estratégia tem sido fazer prisões qualificadas e nós temos conseguido. Como a prisão do líder da organização criminosa, desestrutura a lógica do poder do tráfico de drogas, e muitas vezes acaba acontecendo isso aí

Eugênio Ricas
Secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social
Aspas de citação

Estruturas de poder desestabilizadas

O secretário foi questionado sobre qual estratégia estaria sendo adotava para evitar que cenas como a da madrugada de sábado (29) se repitam. Ele destacou a prisão das lideranças do crime e o trabalho de inteligência realizado pela Polícia Civil, que, nas palavras dele, "consegue realizar prisões de líderes de organizações criminosas sem disparar um tiro sequer".

"A estratégia tem sido fazer prisões qualificadas e nós temos conseguido. Como a prisão do líder da organização criminosa, desestrutura a lógica do poder do tráfico de drogas, muitas vezes, acaba acontecendo isso aí", se referindo aos confrontos do fim de semana.

Segundo Eugênio Ricas, já era previsto que as organizações ficassem desestabilizadas e houvesse confrontos desde a prisão de Fernando Moraes Pereira Pimenta, o Marujo, apontado como liderança criminosa nos bairros da Penha e Bonfim, ligado à cúpula da liderança do Primeiro Comando de Vitória (PCV).

De acordo com o secretário, a polícia tem conseguido realizar prisões de lideranças do crime, mas os confrontos acontecem, porque não há vácuo de poder nessas organizações criminosas. "Sempre que uma liderança de organização criminosa é presa, ou é morta por algum motivo, outras pessoas tentam tomar o território", disse.

Facções do ES com influência de fora

O secretário explicou que o confronto foi entre facções daqui, instaladas no Espírito Santo, mas que sofrem influência de facções de outros Estados. "O PCV sobre influência do Comando Vermelho, do Rio de Janeiro, o TCP tem influência do PCC (Primeiro Comando da Capital), que é majoritariamente do São Paulo, mas são facções daqui. Pessoas daqui", disse. 

Ele reforçou ainda que o objetivo dos criminosos é obter mais território e, com isso, ter mais pontos de venda de drogas. Além disso, Ricas destacou a atuação policial. "Efetivamente o que aconteceu ali foi uma briga entre duas facções, o Primeiro Comando de Vitória que atacou uma região dominada pela TCP, o Terceiro Comando Puro. O que temos para falar de positivo é que a Polícia Militar estava ali e interveio a tempo. Se não fosse a PM, o banho de sangue teria sido muito maior. A polícia conseguiu chegar a tempo", afirmou. 

De acordo com o secretário, já havia um planto de contingência com patrulhamento realizado pelo Batalhão de Missões Especiais (BME) e da Força Tática da Polícia Militar e, por isso, foi possível intervir a tempo, na visão dele. 

Crítica à flexibilização da legislação armamentista

A quantidade de armas apreendidas do confronto entre as facções, no sábado, é outro ponto que chama a atenção. Foram 3 fuzis, uma espingarda calibre 12, uma submetralhadora, 8 pistolas e munições, de acordo com o secretário. Ele foi questionado sobre a origem dessas armas. Ele explicou como o tráfico de armas no Brasil era mapeado. 

"Não haviam armas de fabricação caseira. Foram encontradas pistolas importadas e fuzis também. Originalmente, há um mapeamento feito pela Polícia Federal de que armas longas vinham dos Estados Unidos e que armas curtas vinham do Paraguai. Essa sempre foi a característica do tráfico de armas para o Brasil", disse. 

Depois, o secretário fez críticas à flexibilização da legislação armamentista. "O que acontece é que nos últimos quatro anos, houve uma flexibilização grande nas legislações armamentistas. Isso fez com que muitas pessoas tivessem acesso a armas. Pessoas que adiquiriram legalmente, passaram armas para os criminosos. Houve uma infestação de armas, não só no mercado do Espírito Santo,  mas de todo Brasil. Vamos pagar o preço disso por um bom tempo", afirmou Ricas. 

Redução no número de homicídios

"Não há o que se comemorar. Nessa operação foram quatro mortos. Mas junho teve o melhor resultado da série histórica no que tange ao número de homicídios. Desde 1996, junho teve o melhor resultado. Nós também temos um primeiro semestre de redução histórica", apontou.

Os números também foram compartilhados pelo governador Renato Casagrande, na manhã desta segunda-feira (1°), em uma rede social. 

Gráficos foram compartilhados pelo governador Renato Casagrande
Gráficos foram compartilhados pelo governador Renato Casagrande. (Divulgação Governo do Espírito Santo)

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

Tags:

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais