A quadrilha desarticulada na manhã desta sexta-feira (4), no Aeroporto de Vitória, está envolvida também em um furto de mala de passageiro ocorrido no último dia 27 de setembro. A afirmação é do delegado Maurício Rocha, titular da Delegacia de Delitos de Trânsito.
O grupo, que foi preso em flagrante no Aeroporto de Vitória, é composto por seis motoristas de aplicativo que atuavam de forma irregular nas dependências da Infraero, abordando passageiros no terminal aéreo.
Segundo o delegado, a bagagem furtada estava repleta de objetos de alto valor. A situação foi identificada a partir de análise das câmeras de videomonitoramento do aeroporto. A mala era de uma passageira que havia desembarcado na sexta-feira, uma semana atrás. Dentro dela havia vários objetos de valores altos, como notebook, aparelhos de telefone celular, relógio que custava em torno de 10 mil dólares, conjunto de cartas colecionáveis avaliadas em R$ 5 mil e outros objetos, dentre os quais uma caixa de som da marca JBL que foi encontrada dentro de um dos carros de motoristas clandestinos na data de hoje (04), iniciou.
Conforme relatou a Polícia Civil, foi a partir do registro de ocorrência realizado pela Infraero sobre a bagagem furtada que a corporação policial então apurou a conduta do grupo, o qual também fez ameaças e intimidações a taxistas, funcionários do aeroporto e passageiros. A bagagem foi recuperada, mas já estava sem um notebook, outros equipamentos e a coleção de cartas.
Deflagrada a operação Força pela Vida, uma ação conjunta entre a Polícia Civil, o Detran/ES e o Batalhão de Trânsito da Polícia Militar, foi realizada uma fiscalização para verificar denúncia de transporte clandestino que ocorre em frente ao aeroporto de Vitória, a qual resultou nas seis prisões em flagrante, na manhã desta sexta-feira (4). De acordo com o delegado Maurício Rocha, as equipes se deslocaram ao local, onde foi possível perceber a abordagem dos condutores aos passageiros.
No momento que chegamos, um passageiro estava embarcando em um veículo. Um desses motoristas, ao avistar a primeira viatura, correu a pé pela via do aeroporto, entrou no veículo e fugiu em alta velocidade. A viatura foi atrás e, ao final da Avenida Adalberto Simão Nader, conseguimos realizar abordagem e prisão do suspeito. Foi verificado que há uma associação de motoristas que vem agindo no local, todos utilizando o serviço de forma clandestina, sem pagar imposto, abordando passageiros de forma paralela aos taxistas e de modo truculento, ressaltou.
Ainda segundo a autoridade, os envolvidos abordam aos passageiros muitas vezes de forma desrespeitosa. Isso tudo está sendo investigado através das ouvidorias encaminhadas pela Infraero à delegacia, mencionou.
Segundo Givaldo Vieira, Diretor-geral do Detran/ES, esta foi a 9ª operação do Força pela Vida. A vantagem é que a ação integrada tem as agências de fiscalização de trânsito e todas as forças de segurança atuando juntas. Tudo que tivemos leva a crer que a atuação do grupo se dá de forma hostil, empreendendo ameaça e até violência, causando prejuízos a quem passa pelo aeroporto. Nós faremos mais operações regulares e de surpresa para garantir que seja debelado o grupo que trabalha de forma ilegal, prejudicando principalmente os que trabalham de forma legítima e gerando receio e medo nos cidadãos, confirmou.
Para o delegado, os motoristas atuam dominando a área que fica em frente ao embarque de passageiros, que é a área destinada pela Prefeitura aos taxistas. Assim, abordam quem passa e que percebem que vão atravessar a faixa de pedestres e vão ao encontro delas com placas com identificação de aplicativo de transporte legalizado.
Eles tentam convencer o passageiro a embarcar no veículo dele, em detrimento aos taxistas ou motoristas de aplicativos devidamente cadastrados e em operação. Se a pessoa é convencida e entra no veículo, ele informa ao passageiro que não tem como ligar o aplicativo e já inicia o trajeto. Percebemos até que eles cobram geralmente um valor um pouco acima do que o dispositivo regular cobraria e explica que não liga o aplicativo para não pagar o percentual à Prefeitura ou à própria plataforma, narrou.
Em relação aos crimes a que os suspeitos devem responder, conforme explicou Rocha, tratam-se de associação criminosa e de usurpação de função pública. Associação criminosa é aquela de três pessoas ou mais que se reúnem a fim de cometer crimes, enquanto a usurpação é o exercício, de forma ilegal, de uma função que é privativa do Estado, como é o caso do transporte público, iniciou.
O delegado explicou que identificou que os grupos clandestinos atuam em paralelo aos taxistas, usando uma dinâmica similar. Mas eles não apresentam nenhum tipo de vantagem ao passageiro. Tentam convencê-lo dizendo que, desta forma, será cobrado um valor menor do que o cobrado pelo taxista, que não é verdade, além de dizer também que supostamente o cliente ganhará tempo, já que não aguardará a chamada do aplicativo legalizado, que costuma formar uma fila, podendo então embarcar imediatamente, informou.
Além dos crimes principais, a autoridade policial também citou a investigação de furto qualificado, lesão corporal, ameaça, intimidações, dentre outras situações, praticados pelos envolvidos na quadrilha. Além disso, há ainda a possibilidade de haver outros participantes na associação.
Em relação às infrações, o Capitão Sandro, do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar no Espírito Santo (PMES), informou que são, de modo geral, estacionamento irregular, parada irregular e estacionamento fora do horário permitido.
O Batalhão tem feito periódicas fiscalizações nas imediações do aeroporto, sobretudo na Avenida Adalberto Simão Nader. Especificamente hoje (04), junto com o Força pela Vida, nossa equipe atuou efetuando as notificações inerentes às irregularidades cometidas pelos motoristas, explicou.
Para evitar entrar em um carro que opera de forma ilegal, as autoridades trouxeram dicas de cuidados que devem ser postas em prática. Segundo Givaldo Vieira, uma pessoa nunca deve aceitar abordagem para um veículo de aplicativo de forma direta pelo condutor, somente via celular. No caso do taxista, verificar se ele está regularmente identificado, se a permissão está dentro do veículo, são medidas necessárias para ter um transporte seguro e não ser vítima de furtos e violência, já que nada fica registrado neste tipo de transporte, alarmou.
E para o Capitão Sandro, o indivíduo que embarca nesse tipo de veículo corre riscos, pois não costumam receber inspeções periódicas. O órgão fiscalizador não tem condição de fiscalizar, e aí os aparelhos podem estar com problemas e o cidadão pode sofrer as consequências. Um exemplo disso, que pode ser grave, é o kit gás ilegal, que apresenta riscos variados, como de explosão. Não tendo inspeção regular, as peças podem estar deterioradas, alertou por fim.
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