Andar pelas ruas das cidades da Região Metropolitana é ter grandes chances de ser alvo de um assalto. É que, por dia, 42 pessoas são alvo de criminosos. São roubos de celulares, bolsas, bicicletas e tudo que os bandidos julgarem interessante levar.
Os dados da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) apontam que nos três primeiros meses de 2021 um total de 3.829 pessoas foram vítimas de assaltos. No ano passado, o mesmo período registrou números mais elevados com 5.163 casos, ou seja, 25% maior.
No topo do ranking de 2021 está Vila Velha, com 1.096 registros. Depois vem a Serra, com 982, Cariacica, 912, e Vitória, 839.
O titular da Delegacia Regional de Vila Velha, o delegado Marcelo Nolasco, disse que os números da cidade realmente são expressivos, mas que o município vem apresentando ações que visam gerar redução desses registros.
"Aqui em Vila Velha houve um incremento da integração das instituições e vemos que estamos tendo resultado. Fazemos um planejamento mensal, comunicando as inteligências das corporações, para que a polícia civil, polícia militar e a guarda municipal realizem operações conjuntas que tem apresentado bons resultados. A pandemia pode ter colaborado com a redução do número de roubos já que temos menos gente circulando nas ruas. Foram muitos assaltos, realmente, mas nesse mesmo período do início de 2020 para cá tivemos uma redução significativa de 31%", pontua o delegado.
Nolasco também contou que a maior parte dos alvos dos criminosos é o objeto que ninguém larga: o celular. "Os roubos visam, em sua maioria, telefones celulares. Por isso até orientamos a população que evite expor os aparelhos. Lógico que no mundo ideal você poderia expor, mas na nossa realidade seria melhor ocultar esse aparelho para não despertar atenção", observou o delegado.
O professor e pesquisador de Segurança Pública, Pablo Lira, também ponta os celulares como principal atrativo para os ladrões. "Mesmo pegando dinheiro, joias ou relógio, o celular ainda é o principal objeto, pois ele tem uma maior liquidez no mercado criminal e ilegal. Eles são revendidos para terceiros, o que também configura crime de receptação. Não comprar produtos de origem duvidosa colabora para não alimentar o mercado criminoso", observou o Lira.
Para cometer os roubos, a arma de fogo ainda é a mais utilizada, como conta o delegado Marcelo Nolasco. "A maioria dos assaltos são com mão armada. Porém, há muitos casos em que prendemos os suspeitos e com eles são encontrados simulacros de armas de fogo, as armas falsas, que hoje não é criminalizado. A gente precisaria até de uma mudança da legislação para criminalizar essa conduta", destacou.
Pablo Lira afirma que isso reúne vários fatores. "A flexibilização de acesso a armas e também um código penal que foi feito na década de 40 favorece essas condutas. É necessário que uma atualização legislativa", observou.
Para o professor e pesquisador, alguns aspectos colaboram para que a Grande Vitória tenha um grande registro de roubos, como o fato de ter 47% da população do Estado e também a maior concentração de renda. Os roubos acabam dando vazão a um ciclo de crimes.
"Os objetos são repassados para a compra de drogas, quando se trata de um usuário, ou até para alimentar o tráfico de drogas. Vale lembrar da importância da vítima em registrar os delitos para colaborar com as estratégias de policiamento ostensivo. Também é necessário a revitalização de espaços para que possam gerar a vigilância natural, quando os espaços públicos passam a ser ocupados pelas pessoas", completou Pablo Lira.
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