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Greve da PM no ES: 29% dos assassinatos não tiveram investigação concluída

Greve da PM no ES: 29% dos assassinatos não tiveram investigação concluída

Dos 208 inquéritos abertos para investigar a morte de 225 pessoas durante a greve da Polícia Militar no Estado – iniciada em 4 de fevereiro de 2017 com duração de 22 dias –, 60 ainda não foram solucionados

Publicado em 4 de fevereiro de 2020 às 19:25

Manifestantes protestam em frente a quartel da PolÌcia Militar na Avenida MaruÌpe na Greve da PM Crédito: Guilherme Ferrari

Três anos após o início da greve da Polícia Militar (PM) no Espírito Santo, iniciada em 4 de fevereiro de 2017, a Polícia Civil ainda não conseguiu elucidar todos os crimes. Dos 208 inquéritos abertos para investigar a morte de 225 pessoas em 22 dias de greve, 29% ainda não foram concluídos, de acordo com informações da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp). Isso quer dizer que 60 inquéritos abertos para investigar assassinatos nesse período ainda não foram solucionados.

Segundo o secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, Roberto Sá, 71% dos inquéritos foram concluídos, ou seja, 148 deles abertos para investigar homicídios no período da greve em 2017 foram elucidados e encaminhados ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES). O secretário destacou que ainda falta a conclusão de 60 inquéritos devido à dificuldade de conseguir provas. No entanto, ele esclarece que a porcentagem já concluída é alta, uma vez que na Grande Vitória a média de conclusão está entre 60 a 70%.

“O homicídio, de uma forma geral, é um crime sempre muito complexo para se investigar. Naquele período (da greve da PM), como as ruas ficaram com menos pessoas, as provas testemunhais foram mais raras e isso contribui para que ainda tenhamos inquéritos sem autoria. Mas não vamos descansar enquanto não buscarmos os autores de todos eles”, garante Sá.

Quem ainda aguarda a conclusão da investigação da morte de seu filho é a doméstica Sirleide Dias da Silva. Durante a paralisação dos policiais militares, Fábio Dias, na época com 14 anos, e mais três amigos tentaram assaltar passageiros de um ônibus do Transcol utilizando uma arma de brinquedo. No entanto, a tentativa de roubo não deu certo e os quatro foram espancados pela população. Fábio teve traumatismo craniano e morreu.

Sirleide perdeu o filho de 14 anos na Greve da PM Crédito: Ricardo Medeiros

“Não fui chamada para prestar depoimento, nem para nada. Eu queria muito que prendessem as pessoas que fizeram isso com meu filho, ele era um menino de apenas 14 anos. A morte é uma ferida que nunca cura. A dor de perder o filho é muito grande, a saudade é grande”, conclui.

DIÁLOGO 

Roberto Sá acrescenta que a relação do governo com os policiais militares é de reconstrução. “Estamos num caminho de reconstrução que nos gera otimismo, através do diálogo, da postura. O episódio deixou cicatrizes tão profundas, além de ensinamentos. Um deles é de que as reivindicações e manifestações, mesmo que justas, devem ser pacíficas. Aquele episódio tem que ficar no passado como um ensinamento”, diz o secretário da Sesp.

E acrescenta: “Temos plena convicção de que os policiais precisam ser mais valorizados. Eles estão sendo, na medida do possível, e serão reconhecidos de acordo com a capacidade que o Estado tiver de reconhecê-los e tratá-los, inclusive, com a distinção que merecem pela profissão e pelos riscos. Isso vem ocorrendo, mas entendemos que precisamos fazer mais”, finaliza.

POSICIONAMENTO DO MINISTÉRIO PÚBLICO 

Questionado sobre quantas denúncias o MPES ofereceu à Justiça após receber os inquéritos concluídos da Polícia Civil, o órgão respondeu apenas que “O Ministério Público do Espírito Santo, por meio da Promotoria de Justiça da Auditoria Militar, informa que ajuizou diversas ações penais referente ao caso. A informação em relação ao andamento deve ser obtida junto à Vara da Auditoria Militar”, conclui.

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