A madrugada de sábado (24) para domingo (25) foi marcada por tiros na região que compreende Gurigica, Jaburu e Morro da Floresta, em Vitória. Os disparos vitimaram um paciente de 68 anos, internado em uma clínica na Avenida Leitão da Silva, e causaram pânico nos moradores das comunidades perto dos pontos onde foram registrados os tiroteios.
A reportagem de A Gazeta ouviu relatos de pessoas que moram na região. Sob anonimato, com medo de serem identificados, eles contaram que o tiroteio do último fim de semana foi mais intenso que outros ocorridos nos últimos tempos.
“A gente ouve tudo, é como se tivesse lá, as comunidades são próximas. A comunidade é separada por uma pedra, e as lideranças são diferentes. No período do acontecido a gente ficou muito preocupado. Quem tem filho, neto adolescente, não sabe se eles já chegaram em casa e, para dormir fica difícil”, contou um morador do Morro da Floresta, que fica próximo de Jaburu e Gurigica.
“Isso aconteceu no sábado para domingo, por volta de 8h da noite já subiu uma viatura e começou uma noite de muito transtorno, onde veio a falecer um jovem na comunidade estrangulado”, relembrou um morador de Gurigica.
“Todos falam que esse jovem foi morto pela mão dos policiais, com excesso de pancada, porrada e largou ele abandonado e foi embora. Houve uma grande troca de tiros, com a alegação de que os tiros vieram do pessoal do tráfico, mas também pode ter sido da arma da polícia. Tem que ver se a bala é da polícia, fazer uma análise melhor. Foi uma noite de muito terror”, pontuou.
Sobre a acusação feita pelo morador, o secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, coronel Alexandre Ramalho, afirmou que as investigações iniciais apontam que o adolescente teria sido espancado por traficantes, após falhar em avisar sobre a chegada da polícia no local. “O que não justifica é uma ação como o que vimos na Avenida Leitão da Silva, subjugando a população”, comentou. Ramalho reiterou que a morte do adolescente vai ser investigada.
Além dos desabafos, os moradores também cobraram o Estado, a respeito de ações sociais e serviços públicos na comunidade.
“O Estado está sendo negligente, muitas vezes entra no bairro somente com as forças policiais, e quando chega, vem com truculência, não é de uma forma legal. Já fui abordado de forma grosseira pelos policiais”, alegou o morador.
“Precisamos de oportunidades para os jovens, muitas vezes eles entram no crime porque não tem oportunidade. Não tem nada aqui através do governo do Estado que interaja com a juventude. Temos uma base do CRJ (Centro de Referência das Juventudes) em Itararé, e é preciso trazer esse equipamento aqui para a comunidade”, manifestou.
A bala perdida que perfurou a parede de um hospital em Gurigica, Vitória, neste domingo (25), e atingiu um idoso que estava no leito, levando-o à morte, teria partido do morro em direção à pista, de acordo com a perícia da Polícia Civil. A informação foi confirmada pelo delegado-geral da corporação, José Darcy Arruda.
"A perícia esteve no local na madrugada e eu solicitei que ela retornasse pela manhã, para ter uma melhor visibilidade, e eles então traçaram a trajetória do projétil, que vem numa linha descendente, do morro para a pista, a aproximadamente 33 metros do hospital. A princípio, o projétil é de uma pistola. Mas pistola, a uma distância dessa, não ultrapassaria uma parede de tijolo ou concreto", declarou Arruda.
Diante disso, tudo leva a crer que o disparo tenha partido da arma de algum criminoso, já que, segundo o coronel Douglas Caus, comandante-geral da Polícia Militar, os agentes não subiram o morro durante a madrugada.
"A PM não chegou a subir por questão tática. Subir naquele momento de enfrentamento geraria uma situação de muito mais disparos em todas as direções, e o bandido inconsequente atira a esmo. Fizemos a opção tática de não subir na madrugada para evitar mais confrontos e preservar qualquer tipo, inclusive, de bala perdida", pontuou.
A polícia ainda está investigando, junto ao setor de balística, para confirmar o calibre do projétil que atingiu o paciente Daniel Ribeiro Campos da Silva, de 68 anos. Eles também querem chegar à autoria do disparo.
As forças de segurança do Estado ainda investigam o que motivou a sequência de disparos na Avenida Leitão da Silva, em Gurigica. Antes da ocorrência, duas mortes foram registradas na região, além de um homem baleado em confronto com a Polícia Militar.
Apesar de não confirmar que os disparos tenham sido represália a alguma ação anterior, Alexandre Ramalho divulgou algumas ocorrências que aconteceram em Vitória, durante a noite de sábado (24), que podem ter alguma relação com o terror na Avenida Leitão da Silva durante a madrugada de domingo.
Agora, as investigações continuam, para identificar de onde partiram os disparos e a motivação para os ataques. Além disso, o policiamento segue reforçado na região de Gurigica, Jaburu, Tabuazeiro e entorno.
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