Um dos presos por incendiar ônibus nos ataques realizados na última terça-feira (11) confessou que receberia crack e R$ 50 pelo serviço. Esse e outros detalhes constam nos termos de audiência de custódia a que A Gazeta teve acesso, relacionados às prisões de seis envolvidos. Ao todo, 16 suspeitos foram detidos, segundo a última atualização da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp).
Em entrevista concedida na manhã desta quinta-feira (13), o titular da Divisão Patrimonial, delegado Gabriel Monteiro, detalhou que das 16 prisões, 11 são de executores e cinco de mandantes. A Polícia Civil continua com diligências em busca de mais envolvidos.
"As investigações estão em andamento, nós sabemos que há outros mandantes, então nós vamos aprofundar para dar um resultado para não acontecer novos ataques e atrapalhar a vida da sociedade. O Estado não vai permitir esse terrorismo contra os ônibus que estão circulando na Grande Vitória", afirmou.
Delcimar Bartolomeu Hortencio foi preso com Guilherme Amaral Dias, Cristian José Santos Nascimento e Breno Richard de Jesus Rodrigues, e com eles dois adolescentes foram apreendidos. Havia ainda um sétimo indivíduo, irmão de Cristian, que conseguiu fugir no momento da abordagem.
Delcimar confessou estar com um galão de gasolina e que havia sido chamado para atear fogo em um coletivo. Segundo ele, integrantes da facção criminosa Primeiro Comando de Vitória (PCV) informaram que os incêndios estavam sendo realizados para ajudar “um amigo da facção”, cuja vida estaria em risco, e ofereceram a ele crack e a quantia de R$ 50 para que incendiasse o coletivo.
O grupo foi localizado após a Polícia Militar receber informações de que sete indivíduos em atitude suspeita estavam caminhando em direção à Avenida Marechal Mascarenhas de Moras, a Beira-Mar, com um galão de cinco litros de gasolina e dizendo “bora porra, bora queimar mais um”.
Além do galão com 5 litros de gasolina, foi encontrado com os seis suspeitos algumas tiras de panos molhados de gasolina, três isqueiros e aparelhos celulares. No Auto de Prisão em Flagrante (APF), os militares narraram que os indivíduos estavam agrupados a uma distância de aproximadamente cinco metros das demais pessoas, já com o galão aberto e na iminência de iniciar o ataque.
Contra Breno não havia registros criminais, enquanto Cristian já foi preso em flagrante por tráfico e roubo majorado. Em relação a Delcimar, foram encontrados processos por roubo e estupro de vulnerável. Já contra Guilherme tinha uma ação arquivada de tráfico de drogas.
Todo o grupo teve a prisão em flagrante convertida em preventiva pela juíza Lucia Nascimento Salcedo da Mata, nesta quarta-feira (12), e responderá por organização criminosa, transporte do combustível para incendiar os ônibus e crime contra a ordem econômica.
A audiência de custódia de um quinto preso, Marcos Vinicius Felipe das Neves Domiciano, mostra que ele foi localizado com um adolescente e outro indivíduo. A Polícia Militar foi informada que um grupo – sendo um de camisa azul, outro de camisa preta e outro de camisa bege – estaria com um galão de gasolina no ponto final com o intuito de atear fogo em algum ônibus. O fato foi confirmado por trabalhadores do local que escutaram a conversa deles.
Ao perceber a presença policial, um deles se evadiu, arremessando um isqueiro no mangue, enquanto os demais foram abordados, sendo verificado que um deles era menor de idade. Os militares narraram que o adolescente confessou ter comprado a gasolina minutos antes após receber ordem explícita de um indivíduo conhecido como “RM” para ater fogo em um ônibus.
O adolescente narrou em sede policial que possui envolvimento no tráfico de drogas da região e recebeu ordens para comprar um galão de gasolina e deixar no ponto final dos ônibus em Maria Ortiz, sendo que os indivíduos “Van Helsing”, Daniel e “Vampirinho” iriam atear fogo no ônibus.
Já Marcos Vinicius tinha ações contra tráfico de drogas. Ele teve a prisão em flagrante convertida em preventiva e responderá por crime contra a ordem econômica, organização criminosa e por estar com o combustível para atear fogo nos coletivos.
A audiência de Wellington de Jesus Ferreira, o sexto preso, detalha que ele foi localizado com queimaduras no Pronto Atendimento da Praia de Suá. Guardas municipais prosseguiram ao local dos fatos após receberem informações de que o veículo coletivo da linha 522 estava sendo incendiado em frente ao Horto Mercado, sendo que após o combate do incêndio, tomaram conhecimento de que o homem procurou atendimento médico com lesões de queimaduras.
Questionado, ele disse que não sabia informar como se lesionou, afirmando que estava no coletivo incendiado vendendo balas. O motorista do coletivo relatou que, no entanto, não haver passageiros lesionados com as chamas, e que, no dia dos fatos, um indivíduo subiu no ônibus com arma de fogo em punho mandando que todos desembarcassem e com outros indivíduos iniciaram o incêndio em seguida. Ainda de acordo com a testemunha, não havia nenhum vendedor de balas no interior do coletivo.
Contra Wellington havia registro criminal de roubo e receptação. Ele teve a prisão em flagrante convertida em preventiva e também responderá por organização criminosa, crime contra ordem econômica e por carregar material incendiário.
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