Adenilton de Jesus Nascimento dos Santos, de 29 anos, foi condenado a 44 anos de prisão, pelo feminicídio da ex-companheira e pelo assassinato da ex-sogra, em 2021, em Vila Velha. Ele, que foi preso dias após as mortes e se encontra encarcerado desde então, cumprirá a pena inicialmente em regime fechado. O julgamento ocorreu nesta quarta-feira (31), no Fórum de Vila Velha.
Os crimes aconteceram na manhã de 25 de novembro de 2021 – mesma data do Dia Mundial de Combate à Violência contra a Mulher –, quando Adenilton executou a tiros Karina Freitas, de 20 anos, e a mãe dela, Silvanete dos Santos Freitas, de 38, nos bairros Zumbi dos Palmares e Jardim Marilândia.
Conforme a denúncia, ele não aceitava um novo relacionamento de Karina, com quem teve uma filha, além de nutrir sentimentos de ódio e vingança pela ex-sogra.
Diante das circunstâncias, Santos foi condenado pelos crimes de homicídio duplamente qualificado (por motivo torpe e com recurso que dificultou a defesa da vítima) da ex-sogra e triplamente qualificado (feminicídio por motivo fútil e com recurso que dificultou a defesa da vítima) da ex-companheira.
O Promotor de Justiça que representou o Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) no Júri considerou a pena insuficiente diante dos crimes cometidos e já recorreu da decisão, requerendo uma pena maior para o réu.
O advogado do réu, Renato Ricas, explicou que Santos confessou os crimes e que, agora, a defesa analisa se há necessidade ou se cabe recurso contra a condenação.
“Desde o início, a gente trabalhou só com essa tese, de que ele ia júri como réu confesso.”
Testemunhas relataram à reportagem que mãe e filha foram assassinadas porque o suspeito não aceitava o término da relação com a jovem. As vítimas moravam a cerca de três quilômetros de distância uma da outra. Primeiro, o executor tirou a vida de Silvanete, em Zumbi dos Palmares e, na sequência, em questão de minutos, foi até Jardim Marilândia e também executou Karina a tiros.
Karina, com quem o suspeito tem uma filha – que tinha apenas um ano na data do crime –, foi morta em seu local de trabalho, uma empresa de reciclagem — onde sua mãe também trabalhava. O dono do local, que preferiu não ser identificado, afirmou à reportagem, no dia do crime, que o homem chegou de motocicleta ao estabelecimento.
"Elas eram selecionadoras de plástico, a 'Net' foi quem trouxe a Karina para trabalhar aqui. O rapaz entrou, porque ele já teve um filho com ela e já veio aqui outras vezes, nunca havia causado problema, briga ou tumulto. Desta vez também não teve. Ele entrou, foi educado, tirou o capacete e pediu para falar com ela", disse, na ocasião.
O assassinato de Silvanete — ocorrido minutos antes da morte de sua filha — foi presenciado pela irmã dela, Elizangela dos Santos Freitas. Ela contou que o suspeito chegou à casa delas acusando a mulher de ter passado seu número de celular para o novo namorado de Karina, pois ele havia recebido uma ligação dele o ameaçando. Silvanete teria dito que iria à delegacia, mas o homem afirmou que não daria tempo e matou a mãe de sua ex com um tiro na cabeça.
Elizangela disse ainda que, logo após o crime, tentou ir à empresa onde as vítimas trabalhavam para alertar a sobrinha, pois o suspeito lhe disse que iria até lá matar a ex-companheira. Entretanto, ela não chegou a tempo de impedir o assassinato da jovem.
"Entrei em estado de choque. Ele olhou para a minha cara e saiu correndo, só falou: 'Agora eu vou terminar'. Deu tempo de ir avisar a minha mãe, mas não deu tempo de avisar a Karina. Quando eu cheguei, já havia acontecido essa tragédia", disse.
Segundo a tia da jovem, Karina e o suspeito tiveram uma briga no dia 24, em que o homem teria dito para a vítima terminar o atual relacionamento ou ele a mataria. Ela disse que sua sobrinha respondeu ao suspeito que não terminaria, e que, mesmo que terminasse, não reataria o relacionamento com ele.
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