Um jovem identificado como Jhon Mayque da Silva Mariano, de 25 anos, morreu durante uma ação da Polícia Civil ocorrida em Boa Vista II, em Jaguaré, no Norte do Estado, na tarde dessa quarta-feira (1). A família contestou a versão dada pelos policiais, e a Corregedoria da PC informou, nesta quinta-feira (2), que vai investigar o caso.
Um vídeo gravado pelos familiares mostra o rapaz caído, já sem vida. Além de um policial ferido no chão, e outro em pé – apontado pelos parentes de ter efetuado os disparos contra a vítima. No entanto, não há uma confirmação oficial de qual agente atirou.
A corporação disse que uma equipe da Delegacia de Jaguaré foi até a comunidade para realizar levantamentos para investigações. Quando chegou ao local, se deparou com Jhon Mayque que, segundo os policiais, começou a fugir com uma pistola na mão, em direção a uma plantação de pimenta.
Segundo a Polícia Civil, o rapaz atirou contra os agentes durante a perseguição e chegou a se envolver em luta corporal com um deles. Nesse momento, o policial disparou contra o suspeito, que foi a óbito.
O policial civil que se envolveu na luta corporal foi atendido com lesões no ombro e na cabeça, sendo levado a uma unidade hospitalar. Segundo o secretário Alexandre Ramalho, da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), ele está internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), em estado grave.
A PC ainda afirmou que, com o suspeito, foram localizadas uma arma e drogas. A perícia foi realizada no local, e os profissionais envolvidos foram levados à Delegacia Regional de São Mateus, onde foram ouvidos e liberados.
As armas foram apreendidas, e o caso vai seguir sob investigação da Corregedoria da Polícia Civil. O corpo de Jhon Mayque da Silva Mariano foi encaminhado ao Serviço Médico Legal (SML) de Linhares para ser necropsiado e, posteriormente, liberado para os familiares.
Em entrevista ao repórter Christian Miranda, da TV Gazeta Norte, na manhã desta quinta-feira (2), a mãe do jovem, Maria Helena da Silva, disse que o filho não estava armado, contestando a versão dada pela corporação.
“Meu filho não estava armado, ele (policial) não deu chance nem de o meu filho se defender. Meu filho se entregou e ele (policial) continuou, a opção do meu filho foi correr e eles aproveitaram que ele correu para poder matar meu filho longe do povo, mas eu quero Justiça, porque não é o primeiro nem o segundo que ele mata no bairro”, declarou.
A mulher criticou a ação dos policiais envolvidos na ocorrência e relatou ter sido ameaçada por um policial. “Tinha um policial armado e ele mandou a gente voltar, senão ele iria atirar na gente. Aí a gente viu por onde o outro policial que matou o meu filho tinha descido, a gente rodeou e saiu em cima”, contou.
“Eles não deixaram a gente chegar perto (do meu filho). Eles estavam abusando muito da nossa cara, eles mudaram ele de lugar, falaram em atirar na gente, deu muito tiro de bala de borracha em todo mundo e falou que meu filho era bandido”, finalizou.
A esposa da vítima, Natalia Spindola, contou que o esposo tinha acabado de sair de casa e, minutos depois, ela escutou os tiros e saiu correndo para saber o que havia ocorrido.
“Quem viu o começo sabe que ele tinha acabado de virar na rua da casa da minha avó e já veio o 'carro da Civil' disfarçado e começaram a ‘picar’ para cima dele. Ele desceu o morro e curvou para a rua da nossa casa. Ali, eles cercaram. Ele entrou no meio do mato e, quando correu, eles falaram ‘para, para, para’. Ele começou a tremer, levantou as mãos para cima, e o policial continuou atirando. Ele correu para não morrer”, disse.
Ela também criticou a atuação da Polícia Civil durante a ocorrência. “Como vamos ter confiança no policial desse jeito que está, matando gente assim do nada? Por que não é mais fácil prender? Eles não estão aí para fazer a lei? Eles têm direito de punir e tirar uma vida? Eles não têm direito de tirar a vida de ninguém”, pontuou.
A Polícia Civil afirmou que Jhon Mayque da Silva Mariano têm passagens por tráfico de drogas e associação para o tráfico de entorpecentes, sendo integrante de uma organização criminosa que atua em Jaguaré. A PC declarou que ele também é investigado como possível de um duplo homicídio no início deste ano.
Em consulta ao Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), a reportagem de A Gazeta constatou dois processos contra o jovem, ambos por envolvimento com tráfico de drogas. O iniciado em 2020 foi definitivamente arquivado em 2021, enquanto o de 2019 transitou em julgado no ano seguinte.
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