Se passando por um policial civil, um homem ganhou a confiança de uma mulher, de 61 anos, e conseguiu levá-la até a casa dele, no bairro Tabajara, em Cariacica, onde a manteve em cárcere privado, sob ameaças e agressões físicas. Na manhã desse domingo (5), Janderson Ribeiro, de 44 anos, acabou preso após o filho da vítima desconfiar que a mãe estava sendo agredida e denunciá-lo no Plantão Especializado da Mulher, em Vitória.
De acordo com o relato da vítima à Polícia Civil, ela trabalhava como embaladora em um supermercado, onde conheceu o homem. Ela contou para ele sobre um relacionamento anterior, em que sofreu agressões físicas e psicológicas. Ao ouvir a história, o suspeito se prontificou a protegê-la, dizendo que era investigador.
Após sair com Janderson algumas vezes como amigos, a mulher foi convencida de ir até a casa dele – e foi a partir de então que os momentos de terror começaram. Ela disse que ele mudou totalmente de comportamento, pegou vários pertences dela (como chaves, cartão de transporte e cartões de banco) e passou a deixá-la presa.
A vítima não soube informar quanto tempo ficou nessa situação, mas avaliou ter sido por cerca de dez dias, já que passou o Natal e o Ano Novo assim. Durante esse período, ela só podia sair para trabalhar e era obrigada a manter relações sexuais com o homem, sendo agredida caso se recusasse.
Ainda segundo a mulher, o falso policial civil chegou a furar o olho dela. Ela também relatou que nos dias em que ficou presa, o suspeito foi até a casa dela, que fica no bairro Bandeirantes, em Cariacica, e vendeu vários objetos que estavam no imóvel, incluindo geladeira, fogão e guarda-roupas.
Quando ia para o trabalho, a vítima era obrigada a inventar falsas histórias sobre os ferimentos que tinha para que ninguém desconfiasse. No entanto, a supervisora da mulher desconfiou que havia algo errado e entrou em contato com o filho da embaladora e com a polícia.
Após a supervisora acionar a polícia, a vítima acabou passando mal e foi socorrida a um hospital. Ela disse que registrou as agressões em uma delegacia da mulher em Cariacica, mas não foi ao Departamento Médico Legal (DML) para realizar exames e dar continuidade à investigação do caso.
Depois desse episódio, Janderson sempre aparecia no supermercado e voltava a ameaçar a vítima. No entanto, os seguranças do estabelecimento a protegiam quando isso acontecia.
Já no último sábado (4), após sair do trabalho, ela foi abordada pelo falso policial e ameaçada com uma faca. Ele a obrigou a ir para a casa dele e a fornecer o número do telefone do proprietário do imóvel onde ela morava. Em seguida, o suspeito entrou em contato com o dono, dizendo que iria morar com a vítima e que seria marido dela.
Ainda no sábado (4), o homem passou a recriminá-la sobre como ela atendia os clientes e agredi-la com socos no rosto. Ele também tentou enforcá-la e ameaçou queimar a mulher. À noite, o filho da embaladora ligou para ela, mas a vítima não conseguiu pedir ajuda pois o agressor a obrigou dizer que estava bem.
Na manhã desse domingo (5), o filho ameaçou ligar para a polícia caso o homem não o deixasse ver a mãe. Com receio, o suspeito permitiu que eles se encontrassem. Ao perceber que a mãe estava bem machucada, o rapaz pediu ajuda ao Plantão Especializado da Mulher, em Vitória, e relatou o paradeiro do suspeito. O homem acabou preso em flagrante naquele mesmo dia, e a mulher pediu uma medida protetiva contra ele.
A Polícia Civil disse que Janderson Ribeiro foi autuado em flagrante por seis crimes: lesão corporal qualificada na forma da Lei Maria da Penha, ameaça, violência psicológica, sequestro e cárcere privado, dano ao patrimônio e estupro. Ele foi encaminhado para o Centro de Triagem de Viana (CTV).
A reportagem de A Gazeta tenta localizar a defesa de Janderson Ribeiro e ressalta que este espaço está aberto para manifestação da parte.
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