Em seu depoimento na 134ª DP (Campos), ao qual O Globo teve acesso, Cintia Fonseca, mãe da grávida Letycia Peixoto Fonseca — morta com cinco tiros há uma semana — relatou aos policiais que enquanto esteve internada, vítima de um tiro na noite do crime, "achou muito estranho" Diogo Viola não ter ido visitá-la ou ter procurado saber de Letycia, ou do bebê, que também morreu.
Ela contou ainda ter ouvido da acompanhante de outro paciente que um homem grande com as características de seu genro teria perguntado sobre Letycia na porta do hospital: “Já morreu? Já morreu?”. Nesta quinta-feira (9) a justiça manteve a prisão do professor.
"Então durante o atendimento do tiro que levou, ouviu de uma acompanhante de outra paciente, que um homem grande (deu as mesmas características do Diogo) chegou na frente do hospital e perguntou: "Já morreu? Já morreu?" (...) Que na sexta, dia 03/03/2023, enquanto a família estava na rua agindo as documentações, o Diogo ficou em casa dormindo, mostrando total indiferença", disse em depoimento que O Globo teve acesso.
A mãe, que também foi vítima dos atiradores na noite do crime, revelou sempre achar que o professor "agia com falsidade nas atitudes relacionas à gravidez" e ele não teria comprado nenhum item para o bebê. Aos policiais, ela narrou ainda que ao saber da morte do bebê Hugo, que nasceu de cesárea pouco antes da morte de Letycia, Diogo reagiu de "forma exagerada".
"Na sexta, dia 03/03/2023, enquanto a família estava na rua agindo as documentações, o Diogo ficou em casa dormindo, mostrando total indiferença; Diogo, quando soube do falecimento do filho Hugo, reagiu de forma exagerada, nitidamente como se fosse um teatro, gritando, berrando, mas a declarante (Cíntia) sentiu que era falsidade; que no enterro a cena se repetiu, sempre usando óculos escuros, para esconder que não havia uma lágrima sequer; perguntada se o Diogo tinha ciúmes da família, respondeu que muita, pois ele via que a Letycia era muito mimada e cuidada pelos pais e pelo irmão", contou a mãe em depoimento.
Ainda segundo publicou O Globo, eram 18h da última quinta-feira quando uma patrulha da Polícia Militar suspeitou de um Volkswagen Voyage branco, sem placa, em alta velocidade na Rodovia RJ-238, em Campos dos Goytacazes. O cabo Gabriel dos Santos da Silva Mendes, do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRV), começou, então, a perseguir o veículo e conseguiu interceptá-lo em uma estrada de terra.
No carro, estavam Dayson dos Santos, de 21 anos, e Fabiano Conceição da Silva, de 20. Depois de revistados, nada ilegal foi encontrado. O policial descobriu que o veículo, que está com o licenciamento atrasado desde 2019, pertence à mãe de Dayson. No fim da abordagem, o cabo ainda fotografou os jovens antes de liberá-los. Três horas depois, os dois mataram a engenheira Letycia Peixoto Fonseca, grávida de oito meses, de acordo com a Polícia Civil. Cada um teria recebido R$ 1.250 pelo crime.
Os suspeitos Dayson e Fabiano foram abordados a apenas 11 quilômetros do local onde Letycia e a mãe dela, Cintia Pessanha Peixoto Fonseca, foram baleadas. Câmeras de segurança gravaram o crime: a engenheira foi morta com cinco tiros na Rua Simeão Schremeth, no bairro Parque Aurora, às 20h58. As duas, acompanhadas de uma outra parente, chegavam em casa de carro, com a vítima ao volante, quando dois homens numa moto se aproximaram.
A investigação mostra que Fabiano Conceição estava na garupa e atirou. Ao ver a filha baleada, Cintia foi em direção ao atirador e acabou atingida na perna esquerda. As duas foram levadas pela família para o Hospital Ferreira Machado, mas Letycia morreu ao chegar à unidade. Hugo, filho da engenheira, nasceu com vida, mas só resistiu algumas horas.
Professor de Química do Instituto Federal Fluminense (IFF), Diogo de Nadai está preso temporariamente desde a última terça-feira, mas nega qualquer envolvimento no crime. No pedido de prisão, a delegada Natália Patrão diz que ele foi o mandante da execução. A decisão foi baseada em depoimentos e no fato de o companheiro ter, no dia do crime, consultado na internet como apagar o histórico do celular.
Diogo Viola teria pedido à companheira, horas antes do crime, fazer um empréstimo de R$ 16 mil para pagar dívidas de sua loja. A informação foi dada por Cintia Pessanha Peixoto Fonseca, mãe de Letycia Peixoto Fonseca, na delegacia e foi uma das informações usadas pelo Tribunal de Justiça para decretar a prisão temporária do professor.
Diogo é apontado pelo inquérito da Polícia Civil como autor intelectual e mandante do homicídio da companheira.
"Desde 2015, Diogo esteve com as duas mulheres. Até que Letycia/vítima engravidou. A gestação foi evoluindo até que ela chegou aos oito meses. Aproximava-se o momento da decisão. O filho estava próximo de nascer. Chegou um momento crucial de Diogo decidir o que fazer da vida dele, até que decidiu matar uma das duas e optou por matar a Letycia, eliminando seu grande problema. Não havendo mais uma das duas mulheres, o relacionamento com a outra estava solucionado. Diogo tentou apagar todo seu Iphone e Icloud, conforme histórico de pesquisa. Se ele não fosse o mandante do crime não haveria nenhum motivo para fazer isso logo após a execução", escreveu a delegada Natália Brito Patrão ao pedir a prisão temporária do professor.
* Com informações do O Globo
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