A Polícia Civil de Minas Gerais conseguiu identificar um dos integrantes de um grupo neonazista que fez ataques racistas à ativista e influencer Carol Inácio, de 26 anos, de Colatina. O homem foi identificado como Edmar Alteff Xavier, de 25 anos, morador de Uberlândia, segundo informações do G1 de Minas Gerais.
O caso aconteceu em 8 de agosto de 2021, no dia do aniversário da ativista. Carol foi adicionada a um grupo de WhatsApp e passou a receber ataques, como “negras fedem a bicho” e “mesma coisa que transar com animal”. Um membro disse: "Dou uma paulada na cabeça dela”. Outro comentário dizia: "Imagina a afro Carol em uma senzala de vidro?”.
Edmar confessou que já fez parte do grupo, e tinha falas homofóbicas, racistas e com viés neonazista, segundo informou ao G1MG o delegado Fábio Ruz, responsável pela investigação em Minas Gerais.
A Polícia Civil de Minas Gerais informou ao G1 de Minas Gerais, por nota, que após ser ouvido na Delegacia de Polícia Civil, em Uberlândia, o homem foi liberado. Ainda segundo a corporação, “o inquérito policial foi devidamente relatado e remetido à justiça para as medidas legais cabíveis”.
Procurada por A Gazeta, a Polícia Civil do Espírito Santo informou que o Inquérito Policial (IP) sobre o caso está em andamento na Delegacia de Infrações Penais e Outras (Dipo) de Colatina. "Por ser tratar de uma investigação em andamento, não há outras informações que possam ser repassadas", destacou a corporação, em nota.
Nesta quarta-feira (25), o G1 de Minas Gerais não conseguiu contato com a defesa de Alteff. A reportagem do portal encontrou o perfil do jovem em uma rede social e questionou se ele gostaria de comentar o caso, mas não obteve retorno.
Carol Inácio faz parte do Movimento de Mulheres Negras de Colatina e se considera “afroencer”, o termo une o afro com sua atuação de influencer nas redes sociais.
O grupo em que ela foi inserida continha 129 membros e o título “Realities - Red Pill Opressor”. No texto de descrição, uma pessoa se apresenta como o responsável e à disposição para tirar dúvidas dos participantes. A descrição ainda define os membros como homens, brancos e héteros e afirma que o grupo só permite a entrada de pessoas “normais”.
“Começaram os ataques mandando prints das minhas fotos no Instagram, falando que não teriam coragem de comer uma preta gorda. Muitas mensagens pesadas para mim, pesadas para eu ter recebido no dia do meu aniversário, o que mais me arrasou”, relatou Carol na ocasião, em entrevista à reportagem de A Gazeta.
Quase dez meses após o caso, os ataques racistas e de teor sexual ainda têm um impacto na vida da ativista. Ela conta que precisou procurar um apoio psicológico.
“Eu tento levar a minha vida normalmente. Mas tem esses momentos de recaída. Eu faço acompanhamento com uma psicóloga, para isso não atrapalhar minha vida pessoal e profissional. Porque eu acabei desenvolvendo uma ansiedade em relação a pessoas desconhecidas”, disse Carol.
Quando o crime ocorreu, Carol registrou o boletim de ocorrência on-line, e o caso passou a ser investigado pela Polícia Civil. Segundo ela, esse foi o primeiro avanço que a investigação teve. Para ela, com os autores do ataque ainda impunes, o medo continua.
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