Eu estou com a sua filha e só vou liberá-la se me pagar R$ 5 mil. Foi essa fala que deu início ao pesadelo vivido por uma idosa de 77 anos durante a manhã do último dia 15 de julho. Moradora do distrito de Itapina, em Colatina, no Noroeste do Estado, ela acabou entrando em desespero e depositou todo o dinheiro que tinha em casa, que somou o valor de R$ 1 mil.
Suposta sequestrada, Mônica Costa, de 43 anos, explicou como tudo aconteceu. Eles ligaram de um número restrito e disseram que, se ela (mãe) não fizesse o depósito, iriam me matar. A todo tempo, o criminoso ameaçava a minha mãe e ordenava que ela não contasse para ninguém e nem acionasse a polícia. A linha do celular dela também ficou bloqueada, contou.
Dessa forma, algumas pessoas incluindo a filha que tentaram falar com a idosa durante aquela manhã, por causa de uma consulta marcada para mais tarde, acabaram não conseguindo o contato. Incomunicável e desesperada, ela aproveitou a carona que já estava agendada para o centro de Colatina e realizou o depósito na conta dos sequestradores.
Agora rasga o comprovante e joga fora. Nós vamos deixar sua filha perto da casa de vocês, teria dito o falso sequestrador. A mãe dela, então, pegou um táxi de volta para a residência. Cerca de 30 minutos depois, quando o dinheiro já devia estar na conta, eles liberaram a linha dela, disse Mônica, relembrando toda a preocupação vivida.
Apesar do prejuízo financeiro, para a filha, a maior preocupação era outra. Ela disse que se tivesse mais dinheiro teria depositado tudo. O bem material, porém, não foi meu maior medo quando soube da história, mas, sim, a saúde dela. A pressão subiu muito, ela poderia ter enfartado, ressaltou.
De acordo com ela, a mãe tinha conhecimento da existência desse tipo de golpe, mas acabou entrando em desespero na hora e acreditando. Serve de alerta para todo mundo. Assim como aconteceu com ela, pode acontecer com qualquer outra pessoa. Parece que eles têm um jeito de hipnotizar a vítima, concluiu.
ORIENTAÇÕES E INVESTIGAÇÕES
Titular da 15ª Delegacia Regional, o delegado Everton Mauro dá orientações para que outras pessoas não caiam no golpe do sequestro falso. O primeiro passo é desligar o telefone e usar outro aparelho, fixo ou móvel, para tentar falar com o suposto familiar sequestrado. Se não conseguir contato direto, procure o trabalho ou outras pessoas próximas a ele, orientou.
O uso de outro telefone é necessário porque o criminoso pode usar artifícios para segurar a linha. Assim, a pessoa vai ter a impressão de que ligou para o familiar, quando, na verdade, apenas retomou a conversa com o bandido, continuou. Outra orientação é evitar se expor em redes sociais e restringir o acesso a elas apenas a pessoas próximas.
Entretanto, para quem já caiu no golpe, a orientação é procurar o local em que realizou a transação para conseguir o comprovante, que permitirá descobrir de onde é a conta do criminoso, e registrar o crime na delegacia. A Mônica fez isso e sabe que o dinheiro foi parar no Rio de Janeiro. O caso segue sob investigação da Delegacia de Crimes Contra o Patrimônio de Colatina.
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