Imagens feitas pela equipe que participou da ação em um canil irregular na zona rural de Viana mostram o local em que os animais ficavam (confira acima). Nas fotos, é possível ver seringas e medicamentos em cima de uma mesa, sem armazenamento adequado, além de cachorros com problemas de pele, nos olhos, e dentro de gaiolas.
No canil havia 145 cães, a maioria de raça. Segundo a Polícia Militar, os animais estavam com lesões na pele, otite e úlceras no olho, além de não possuírem carteira de vacinação, estarem sujos e com pelagem excessiva. O espaço fica na localidade de São Paulo de Cima, na Estrada para Biriricas, e foi alvo de fiscalização na quarta-feira (3), após denúncias.
Segundo o boletim de ocorrência, os cães, das raças yorkshire, buldogue francês, shih-tzu, spitz alemão, biewer terrier, chihuahua e poodle, não foram retirados de lá. Isso porque havia "elevada quantidade de animais, impossibilidade de transporte e de comunicação externa e falta de local adequado para destinação", uma vez que o limite de animais no abrigo de que tem contrato com a prefeitura havia excedido.
Por isso, foi dado um prazo de sete dias para o dono do local fazer os ajustes necessários. Mas vamos aos detalhes de como tudo aconteceu:
Após a denúncia, foram ao local policiais militares, fiscais da Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de Viana, uma médica veterinária e uma estagiária.
No sítio havia dois homens. Os agentes entraram na propriedade e encontraram os mais de 140 animais em condições notórias de maus-tratos: eles estavam com lesões não tratadas e contaminados por parasitas. Também havia armazenamento inadequado de seringa e medicamentos injetáveis no espaço. Um dos responsáveis disse que os cães não recebiam acompanhamento veterinário.
Além disso, ainda havia um papagaio de espécie ameaçada de extinção em cativeiro. Um dos homens, de 38 anos, foi levado para a delegacia.
Questionada sobre o caso, a Prefeitura de Viana respondeu que "a operação foi realizada pela Polícia Militar Ambiental. A Secretaria de Meio Ambiente da prefeitura deu apoio, e não foi acompanhada de profissionais que fizessem imagens. Houve embargo e autuação do canil. Um sócio foi detido e outro sócio ficou responsável por regularizar o local e providenciar cuidados veterinários aos animais. Mais informações podem ser obtidas com a PM Ambiental".
A administração municipal ainda afirmou que o canil era clandestino e não tinha autorização para funcionar: "Um dos sócios se responsabilizou em adequar o local e dar atendimento necessário aos animais. Se não houver este cuidado, providências serão tomadas para recolhimento e destinação dos animais. Uma nova fiscalização no local será realizada pela Secretaria de Meio Ambiente e Polícia Ambiental".
A Polícia Civil informou que "o suspeito de 38 anos conduzido à Delegacia Regional de Cariacica, foi autuado em flagrante por maus-tratos a animais domésticos" e também pelo crime de manter espécies da fauna em cativeiro, sem autorização. Após os procedimentos de praxe, ele foi encaminhado ao sistema prisional.
A Gazeta entrou em contato com a CPI dos Maus-Tratos, da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales). Eles disseram que não haviam sido notificados, mas que iriam ao local apurar a situação. No final da manhã desta quinta-feira (4), eles enviaram uma nota. Veja abaixo:
“A presidente da CPI dos Maus-tratos Contra Animais, deputada Janete de Sá, informa que a equipe da CPI está acompanhando a denúncia em um suposto canil, em Viana, e averigua as condições do local. A CPI foi criada para apurar e investigar a prática de maus-tratos cometidos contra animais em todo o Estado, visando garantir que aqueles indivíduos que praticam crimes de maus-tratos contra os animais sejam devidamente punidos. A CPI possui um canal aberto com a sociedade. Denúncias podem ser feitas pelos telefones 3382-3513, 3382-3551 ou 9-9816-3788. Maus-tratos aos animais é crime. Denuncie.”
Durante a tarde desta quarta-feira (4) a CPI se manifestou em uma nova nota. Nela, eles informam que estão no caso e uma equipe esteve no local junto à Guarda Municipal de Viana. A CPI informou ainda que os 180 animais foram retirados do espaço e agora ficarão em posse e para tratamento de saúde com a Sociedade Protetora dos Animais do Espírito Santo (Sopaes). Apenas 12 foram recolhidos para atendimento intensivo, pela Prefeitura de Viana.
A repórter Daniela Carla, da TV Gazeta, foi até o espaço na manhã desta quarta-feira (4). Ela conversou com Reinaldo dos Santos Ferreira, garçom e um dos donos do local. Ele afirmou que os animais não estavam sendo maltratados, e que alguns teriam desenvolvido alergia por causa do frio.
Reinaldo ainda disse que o espaço é adequado e que nenhum cão estava com feridas no corpo. Ele também afirmou que não vende os cachorros, e que os medicamentos dos animais estão em dia. "Tem 20 dias que estou devendo a casa de ração porque comprei antiparasitário para todos eles, a gente bate veneno na grama para combater pulga", declarou.
O garçom alegou que começou a criar cachorros há 10 anos. Como não conseguia doar nem vender os bichos, segundo ele, o número só foi crescendo. "Sou muito apaixonado por cinco raças, que são as que eu tenho. Alguns deles na época eu comprei, foi surgindo, e alguns eu não tive coragem de vender ou doar."
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