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'Injustiça', diz homem atingido com spray de pimenta por policial no ES

'Injustiça', diz homem atingido com spray de pimenta por policial no ES

Enquanto a Corregedoria da PM investiga o caso, policiais envolvidos no caso vão trabalhar em funções administrativas

Publicado em 10 de abril de 2023 às 17:07

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diz Homem agredido e atingido no rosto com spray de pimenta por policial
Homem agredido e atingido no rosto com spray de pimenta por policial. (Ronaldo Gomes)

O homem de 25 anos agredido e atingido no rosto com um spray de pimenta por um policial militar, em Jardim Tropical, na Serra, contou nesta segunda-feira (10) que está com o rosto inchado e a perna machucada após as agressões e espera justiça. O caso registrado na madrugada de sábado (8) foi flagrado por câmeras de segurança.

No vídeo é possível ver que o homem aparece diante de um estabelecimento comercial e não esboça reação às agressões. A Polícia Militar investiga o caso por meio da Corregedoria.

Em entrevista à TV Gazeta, o homem, que pediu para não ser identificado, contou que nunca foi preso, tem emprego fixo e está indo trabalhar mesmo sentindo dores.

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Ontem (domingo), estava trabalhando e nem consegui levantar direito. Não é porque a pessoa está ali naquele momento se divertindo que é vagabunda e está fazendo coisa errada. Acho uma injustiça porque em momento nenhum me dirigi a ele de forma alguma

Vítima
X
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O homem também disse que em nenhum momento desacatou o policial que o agrediu.

"Se eu tivesse me dirigido e desacatado a autoridade, ele teria me conduzido e teria me abordado na parede, mas em momento nenhum aconteceu isso. Se eu estou no meu canto quieto e uma pessoa vem me agredir sem eu fazer nada é injusto. Espero que a justiça seja feita para que isso não aconteça com os próximos. Tem muitos relatos e eu peço justiça para que isso não possa ficar impune", disse o homem.

Jonatan Schaider, advogado do homem agredido, criticou a abordagem policial e disse que vai procurar a Corregedoria da corporação e depois, caso haja um processo cível de indenização, verificar a possibilidade de processar o Estado.

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Não é uma medida que se espera em uma abordagem da PM. É uma medida que extrapolou o padrão normal. A gente vê pelas imagens. Não tem o que se dizer. As imagens estão aí pra todos verem. Que a Polícia Militar possa ajustar essas condutas pra que a gente não veja mais imagens desse tipo na rua

Jonatan Schaider
Advogado
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Câmeras flagraram a ação

O vídeo, que tem um minuto de duração (assista abaixo). Nele, o homem, que vestia uma bermuda azul e tênis, e levava uma camisa vinho pendurada no ombro, está de lado, encostado na parede de um comércio. Há outras pessoas nas imediações, mas que se afastam da cena.

Logo depois, um policial se aproxima. Ele sacode o recipiente do spray e dispara contra o rosto do homem, que não reage, apenas passa as mãos no rosto. No mesmo enquadramento do vídeo, outro policial é visto segurando uma arma e sem interferir na ação do colega.

Após receber o spray no rosto, a vítima chega a indicar a existência de uma câmera, que filma tudo. O policial aciona o spray novamente e dá uma rasteira, derrubando o homem, que leva mais jatos no rosto e tapas.

O PM, então, se afasta e o rapaz agredido se levanta e pega a camisa para enxugar a substância lançada contra ele. Os policiais não aparecem mais até o fim do vídeo.

Policiais afastados e investigação

De acordo com o major Alves Christ, corregedor da Polícia Militar, a corporação afastou das ruas os policiais envolvidos no caso e os agentes foram deslocados para funções administrativas enquanto aguardam o andamento do processo de investigação. A informação foi confirmada pelo militar em entrevista ao Bom Dia Espírito Santo, da TV Gazeta na manhã desta segunda-feira (10).

"De forma cautelar, eles serão afastados da atividade operacional e estarão exercendo atividade administrativa nos quartéis. Ainda é muito prematuro fazer qualquer análise agora. No inquérito policial será feita a análise e depois vai ser feito o encaminhamento na Justiça. E se for o caso, ter repercussão administrativa", explicou o Major.

 Major Alves Christ, corregedor da Polícia Militar
Major Alves Christ, corregedor da Polícia Militar. (Ronaldo Gomes)

Na entrevista, o major foi questionado, mais de uma vez, sobre a forma da abordagem feita pelo policial e a forma da utilização do spray de pimenta, mas não explicou qual protocolo deveria ser seguido nem a distância correta.

"Nós temos um protocolo na instituição que regulamenta o uso de spray e qualquer outro equipamento de menor potencial ofensivo, ou menos letal, justamente para não utiliza arma de fogo. Arma de fogo seria o último recurso a ser utilizado. Tem a distância mínima que tem que ser utilizado em relação ao indivíduo abordado. Todos os elementos serão analisados no inquérito policial. Toda a abordagem tem um protocolo para ser verificado", disse o Major.

Sobre o motivo da abordagem policial, o Major apenas disse que a ação policial foi necessária diante de uma suspeita, mas não detalhou qual o motivo da suspeita. As circunstâncias estão sendo investigadas.

"A ação policial se dá diante de uma fundada suspeita, após isso é realizada uma abordagem policial. Então isso é de cada policial militar, fazer essa análise de cada circunstância. Os policias que estavam ali entenderam que havia necessidade de fazer a abordagem e assim fizeram. Nós preconizamos o uso progressivo de força que é o treinamento que é dado aos policiais militares", pontuou o Major.

O Major afirmou que todos os policiais envolvidos e o homem atingido serão ouvidos.

"A conduta dos policiais envolvidos será analisada diante da ação policial que foi realizada. Estamos levantando todas as informações para que possa fazer essa análise para depois emitir o parecer sobre a conduta dos policiais envolvidos. A gente vai ouvir o cidadão que foi abordado, os policiais militares, pessoas que presenciaram a ocorrência e a partir dai sim, fazer uma análise", finalizou o Major.

Com informações de Paulo Ricardo Sobral, g1 ES e TV Gazeta.

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