O número de denúncias de violência doméstica aumentou no Espírito Santo. Por dia, são mais de 60 registros nas delegacias. Em alguns casos, as vítimas não percebem que estão em um relacionamento abusivo. Para prevenir casos, o Ministério Público Estadual (MPES) traçou o perfil psicológico de potenciais agressores para que mulheres consigam identificar gatilhos que possam desencadear agressões.
Cristiane Esteves Soares, coordenadora do Núcleo de Enfrentamento às Violências de Gênero em Defesa dos Direitos das Mulheres (Nevid), disse que as vítimas de violência costumam ter entre 20 e 40 anos, entretanto, é fundamental traçar o perfil de personalidade do agressor uma vez que o da vítima não pode ser detalhado. Isso porque todas as mulheres podem se tornar uma vítima.
Entre os pontos de alerta citados pelo MPES sobre o perfil dos possíveis agressores e que merecem atenção das mulheres estão:
Cristiane Esteves também falou sobre a importância de as mulheres não se afastarem de amigos e familiares. "Se ela não tem essa rede primária de proteção e constantemente é agredida na sua autoestima e na maneira de ser e viver, no momento de uma situação mais séria de violência ela começa a se sentir culpada e achando que ela foi a responsável por aquele ato de violência e realmente poderia ter sido punida com a agressão", alertou a coordenadora do Nevid.
De janeiro a março, 5.577 registros de violência contra a mulher foram feitos no Espírito Santo. No mesmo período do ano passado foram 5.638 registros. Os dados são da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).
Na Serra, uma mulher teve os dedos quebrados e o rosto machucado ao ser espancada pelo namorado que conheceu pela internet. O suspeito usou uma vassoura e um pedaço de pau para atacar a vítima. O casal decidiu morar junto com pouco mais de um mês de relacionamento. A mulher contou que as agressões foram motivadas por ciúmes.
Em Cariacica, uma grávida de oito meses foi agredida com uma cadeira pelo marido e precisou procurar atendimento médico no dia seguinte porque passou mal. A vítima contou que disse durante as agressões quase teve a barriga atingida pelo suspeito.
Michelle Meira, gerente de Proteção à Mulher da Sesp, disse que mesmo com o aumento de registros, o número de vítimas de violência doméstica no Estado pode ser ainda maior. "Apesar dos números estarem crescentes, a gente ainda tem uma subnotificação gigantesca desse tipo de delito. Então, o aumento do número, traz pra gente as mulheres estão enxergando as políticas públicas com bons olhos, acreditando que podem confiar no trabalho que está sendo feito e procurando registrar o boletim de ocorrência pra se ver livre do ciclo de violência", disse.
Atualmente, vítimas de violência são atendidas em 13 Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams), das 8 às 18h, nas cidades de Vitória, Aracruz, Cariacica, Cachoeiro de Itapemirim, Colatina, Guarapari, Linhares, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Venda Nova do Imigrante, Viana e Vila Velha.
Durante a noite e aos domingos e feriados, o atendimento é feito as Delegacias Regionais e, no caso da Grande Vitória, no Plantão Especializado da Mulher (PEM), em Vitória, única unidade especializada para mulheres que funciona 24 horas atualmente.
Um projeto do Governo do estado prevê que as vítimas sejam atendidas em espaços especializados chamados "Salas Marias", que ficarão abertos 24 horas por dia nas 18 delegacias regionais da Polícia Civil no Espírito Santo. A previsão é que o projeto piloto das salas especializadas comece pela cidade de Cariacica, na Grande Vitória, ainda sem data prevista.
Com informações de Tarciane Vasconcelos, da TV Gazeta.
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