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Investigação aponta quem são 10 advogados presos e o papel deles em facção no ES

Investigação aponta quem são 10 advogados presos e o papel deles em facção no ES

Segundo denúncia do MPES, profissionais usavam de prerrogativas da advogacia para transmitir recados entre integrantes do Primeiro Comando de Vitória (PCV) dentro e fora da cadeia

Publicado em 4 de novembro de 2022 às 11:20- Atualizado há 2 anos

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Operação do GAECO mira advogados suspeitos de envolvimento com o PCV
Operação do GAECO mira advogados suspeitos de envolvimento com o PCV. (Divulgação | MPES)

Obtida por A Gazeta, a decisão judicial que culminou na prisão de dez advogados presos suspeitos de serem "pombos-correios" de traficantes mostra quem são esses profissionais e qual seria a função de cada um deles no esquema. Investigações do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) concluíram que eles usavam de prerrogativas da advogacia para passar recados entre integrantes da facção criminosa Primeiro Comando de Vitória (PCV) que estão dentro e fora dos presídios.

Veja a identificação dos advogados presos e suas funções, conforme decisão do juiz Carlos Henrique Rios do Amaral Filho, baseada na denúncia feita pelo Ministério Público do Espírito Santo:

  1. DIEGO DO AMARAL LEAL: repassava informações privilegiadas sobre atividades criminais do grupo criminoso, entretanto, o principal motivo que levou a sua contratação por parte dos líderes do PCV é sua disposição de introduzir recados no interesse da facção, chegando a promover atendimento na Penitenciária Federal de Porto Velho, onde se encontram reclusos as lideranças do PCV que estão no sistema penitenciário federal;

  2.  DANIEL FERREIRA DE SOUZA: sua função era transmitir os recados no interesse da organização criminosa PCV, com base na análise de dados extraídos do aparelho celular que indicam sua função de transmissão de recados entre criminosos;

  3.  MATEUS CANIZIO MARINHO DE OLIVEIRA: participava de comunicações entre os integrantes soltos e presos, auxiliando e beneficiando as atividades ilícitas do PCV;

  4.  DAVI DICKSON MEROTO LAMAS PEREIRA: transmitia mensagens com ordens ilícitas, com conteúdo criminoso, entre integrantes da facção;

  5.  MAILA HERING: também foi recrutada pela facção para a transmissão de recados no interesse da organização criminosa entre membros que se encontram presos e faccionados que permanecem em liberdade, consoante análise do material apreendido e interceptado;

  6.  THATIANE DOS SANTOS SILVA: é outra advogada que, segundo as investigações, participava de forma ativa das comunicações entre os integrantes soltos e presos, auxiliando e beneficiando as atividades criminosas da organização criminosa, registrando que no desempenho de funções dessa natureza, viabiliza a gestão das atividades criminosas da facção, com especial destaque para o tráfico de drogas;

  7.  MAYCON NEVES REBONATO: aderiu ao setor jurídico da facção PCV valendo-se da sua posição de advogado, para atuar como mensageiro entre os membros da organização criminosa e os faccionados que permanecem em liberdade ou que estão foragidos;

  8.  BARBARA MARCARINI VON RANDOW: também teria aderido ao projeto de viabilizar a transmissão de conteúdo criminoso para alguns faccionados da facção que estão presos nos presídios capixabas, gozando de grande prestígio junto a um faccionado;

  9.  GUILHERME NUNES MORAES: sua atuação como integrante da organização criminosa já estava evidenciada a partir das conversas de WhatsApp verificadas com outros advogados envolvidos;

  10.  ESTER MORAIS DIAS: é relatada a atuação da denunciada na transmissão de recados no interesse do PCV por meio de “catuques” (bilhetes/cartas) encaminhados durante a troca de mensagens entre os advogados.

Há ainda um mandado de prisão contra outro advogado, Marco Aurelio de Souza Rodrigues, alvo da operação desta sexta-feira (4) que se encontra foragido. Consta na decisão judicial que no telefone dele foi encontrado um grupo no WhatsApp denominado "ADVOGADOS UNIDOS" contendo 11 integrantes e criado por Diego do Amaral Leal após a deflagração da Operação Armistício, em 19 de julho de 2021

A defesa de Davi Dickson Meroto Lamas Pereira solicitou um habeas corpus visando a "transferência do paciente para prisão domiciliar, mediante o uso de tornozeleira eletrônica ou qualquer outra medida cautelar alternativa à prisão", mas o pedido foi indeferido pela Justiça.

Sobre a Operação TIES nesta sexta-feira (4)

O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) deflagrou, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a Operação TIES – com objetivo de cumprir 11 mandados de prisão preventiva contra advogados. Os alvos são suspeitos, segundo o MPES, de atuarem como "pombos-correios" para lideranças da facção Primeiro Comando de Vitória (PCV).

A investigação foi instaurada pelo Gaeco para apurar as ações delituosas praticadas por advogados que se utilizam indevidamente de prerrogativas da advocacia para atuar na transmissão de mensagens ilícitas entre integrantes do PCV.

De acordo com o MPES, ficou constatado que esses advogados, segundo as investigações, viabilizam a manutenção do poder e gestão de lideranças de grupos criminosos sobre os crimes perpetrados, em relação a tráfico de entorpecentes, aquisição e porte de armamentos e munições, execução e planejamento de crimes de homicídio.

A denúncia foi recebida pela Justiça, que decretou a prisão preventiva dos réus e determinou a suspensão do exercício da advocacia. Dentre os crimes imputados estão os de integrar organização criminosa e tráfico de drogas. Os autos tramitam perante a 1ª Vara Criminal de Viana.

A reportagem de A Gazeta procurou a Ordem dos Advogados do Brasil no Espírito Santo, em busca de um posicionamento, e tenta localizar a defesa dos presos. O texto será atualizado. 

Errata Atualização
4 de novembro de 2022 às 20:43

Após a publicação desta matéria, a defesa de Davi Dickson Meroto Lamas Pereira solicitou um habeas corpus visando a "transferência do paciente para prisão domiciliar, mediante o uso de tornozeleira eletrônica ou qualquer outra medida cautelar alternativa à prisão", mas o pedido foi indeferido pela Justiça. O texto foi atualizado.

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