Quatro dias depois do assassinato do empresário José Geraldo Rizzo, de 61 anos, ocorrido na manhã de segunda-feira (14), na Serra, no momento em que ele levava um malote de dinheiro para depósito no banco, o irmão dele e sócio na rede de supermercados, Luiz Carlos Rizzo, de 63 anos, decidiu falar. Ele afirmou que andar com dinheiro não fazia parte da rotina de "Zeca" na empresa.
Luiz acredita que, apesar de terem sido raras as vezes que o irmão ficou responsável pela ida ao banco, alguém que sabia da saída com o malote pode ter passado informações aos criminosos. "José Geraldo nunca tinha sofrido uma tentativa de assalto parecida. Não era uma rotina de trabalho dele, no sentido de ir ao banco, isso era bem raro. Com certeza alguém passou alguma coisa. Ele não tinha motivo especial para ir, foi um acaso, pegou todo mundo de surpresa", explicou.
Luiz Carlos também foi vítima de um episódio semelhante. Em 2017 ele foi baleado no abdômen quando chegava a uma agência do Banco do Brasil, na Serra, e precisou ficar internado por 92 dias para se recuperar do ferimento. Ele não comentou como se sentia com relação ao crime pelo qual foi vítima, mas lamentou a morte do irmão. "É muito triste saber que infelizmente uma pessoa morre de graça e ainda perde valores, a luta dele pela sobrevivência, pela sobrevivência de uma empresa. Tiram uma vida e daqui a pouco estão soltos de novo, fazem outras vítimas e a vida continua igual. Para mim não importa se é menor, se não é. O mal venceu o bem", desabafou.
O último contato entre os irmãos foi horas antes do crime, na própria segunda-feira (14) pela manhã, por volta das 8h. Os dois conversaram sobre assuntos profissionais e pessoais. "Ele estava bem, era muito ativo, muito trabalhador, muito sociável, sempre manteve o lado da humildade. Ele tinha duas filhas e um filho, além da esposa. Eu e ele tínhamos uma relação de amizade, de irmãos, de trabalho, tudo junto. Éramos em cinco homens e três mulheres e nossos outros irmãos estão vivos, bem como nossa mãe. Meu pai é falecido há cinco anos", contou.
Para Luiz, Zeca merece ser lembrado como alguém dedicado ao trabalho, além de muito ligado à família e aos amigos. "Deve ser lembrado como um grande amigo e patrão. E eu queria que fosse feita justiça né, para que a pessoa seja presa, tem que diminuir a impunidade. E apesar de a gente ter fé, infelizmente a gente pensa que não vai acontecer nada", disse.
Após duas situações semelhantes e uma grande perda, Luiz Carlos Rizzo afirma que não pretende mudar de ramo e que deverá continuar à frente do negócio da família, que teve início ainda em 1978. "Infelizmente não tem como mudar de área, não é uma coisa fácil de sair e ir para outra coisa. E o que me entristece é que o governo não produz, só colhe dos outros e não toma atitude. Pensar em desistir a gente pensa, mas não sabemos para onde e para quê. Acho que só se fosse mudar de país, se não, nem adianta. E para sair do Brasil precisa ter uma estrutura diferente para dar suporte a isso e nós não temos", concluiu.
Dono de supermercado, José Geraldo Rizzo foi morto durante um assalto no bairro Jardim Limoeiro, na Serra, na manhã de segunda-feira (14). O crime aconteceu na Avenida Lourival Nunes, por volta das 10h30. A vítima, que carregava um malote de dinheiro para ser depositado em um banco, foi rendida e baleada por um criminoso. O comerciante chegou a ser socorrido e levado para o hospital por populares, mas não resistiu aos ferimentos, de acordo com informações da Polícia Militar.
Ainda segundo a PM, após o crime, o suspeito levou uma arma que era de José Geraldo, uma pistola calibre 380, e também o malote de dinheiro, com R$ 52 mil. Segundo a TV Gazeta, testemunhas contaram para a polícia que além de comerciante, a vítima era policial da reserva. Buscas foram realizadas e um dos suspeitos foi abordado em um carro, que estava com restrição de furto e roubo. O condutor foi detido e confessou participação no crime. Já o carona conseguiu fugir.
O comandante do 6º Batalhão da Polícia Militar, o tenente-coronel Leonardo Celante revelou que o motorista do carro é um adolescente de apenas 15 anos, que já tinha quatro passagens pela polícia. Conforme informado pelo próprio jovem aos agentes, ele teria sido procurado pelo atirador para participar do crime, em troca de uma quantia em dinheiro. "O condutor do veículo foi detido e tem uma passagem criminal já extensa. Desde dezembro de 2019 até a data de hoje (14), essa foi a quinta vez que ele foi apreendido por crimes diversos, dentre eles roubo e tráfico de drogas", disse.
Os tiros ouvidos pelo adolescente teriam sido os efetuados pelo comparsa dele, que realizou o assalto ao empresário. O assaltante disparou três vezes contra a vítima, perto da agência bancária. Segundo informações passadas pelo delegado José Luiz Pazeto, da 3ª Delegacia Regional da Serra, esse segundo criminoso já foi identificado. Ele é conhecido como Costela, de 27 anos. Acredito que a prisão dele seja questão de horas", afirmou no início da noite de segunda (14). Apesar disso, até a noite desta quinta-feira (17) ele seguia foragido.
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